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Sessões conjuntas com ASCO e AMB são destaques da primeira tarde
Além das discussões sobre sistemas e políticas de saúde, o primeiro dia de Congresso SBOC 2024 teve importante sessões conjuntas com outras entidades da saúde e da oncologia brasileira e global.
O encontro com a American Society of Clinical Oncology (ASCO), cuja coordenadora foi a Presidente Eleita da SBOC (Gestão 2025), Dra. Angélica Nogueira, foi uma das principais atrações da programação.
O ex-presidente da ASCO, Dr. Eric Winer representou a entidade estadunidense. “A Sociedade está comprometida com a educação e com a promoção do cuidado com os pacientes oncológicos ao redor do mundo. Estamos, nos últimos anos, aumentando o envolvimento com sociedades estrangeiras e temos muito interesse na América Latina e, principalmente, no Brasil”, comentou.
Já Dra. Clarissa Mathias, ex-presidente da SBOC (Gestão 2019-21) fez um apanhado histórico da relação entre SBOC e ASCO. Ela lembrou que desde 1999, o Brasil tem sido representado com membros nas diversas instâncias da sociedade dos EUA. Atualmente, são 21 os voluntários brasileiros nos grupos e comitês. No Conselho Administrativo, ela é o 2º membro do país a fazer parte. Antes dela, o também ex-presidente da SBOC (Gestão 2021-22), Dr. Paulo Hoff foi o primeiro brasileiro.
“A ASCO também tem conselhos regionais, cujo propósito é aumentar o engajamento global por meio de abordagens regionais, aumentando o envolvimento dos membros da entidade e o entendimento das necessidades prioritárias de cada região”, explicou Dra. Clarissa.
Dr. Winer reforçou que cada país tem suas particularidades para organizar o cuidado do câncer e por isso esse intercâmbio deve continuar. “Trabalhar em conjunto é uma maneira de avançar. Antes, a língua era uma grande barreira. Agora, com as ferramentas de comunicação e tradução que temos, as barreiras estão diminuindo. E a pandemia nos ensinou como nos reunirmos com pessoas de todo o mundo para compartilhar experiências e aprender”, completou.
Além da parceria, a joint session tratou de toxicidade e sobrevivência ao câncer. Dra. Karin Jordan, coordenadora clínica do Hospital Ernst von Bergmann, em Potsdam (Alemanha). Uma das preocupações dos oncologistas para os próximos anos deverá ser, na sua avaliação, com os efeitos do tratamento nos sobreviventes do câncer.
“São diversos os efeitos. Alguns que surgem meses a anos depois do tratamento. Tais como ansiedade, depressão, medo do retorno, cardiotoxicidade. Com o aumento dos sobreviventes de câncer – por exemplo, na maioria dos países europeus pacientes com 10 anos de sobrevivência após o câncer de mama são mais de 70% – deverá crescer o foco neste aspecto”, pontuou.
Complementando essa visão, Dra. Luciano Landeiro, membro do Comitê de Tumores Ginecológicos da SBOC e presidente do Grupo Brasileiro de Estudos em Câncer de Mama (GBECAM), trouxe o dado que até 2040 teremos 26,1 milhões de sobreviventes de câncer no mundo. E adicionou: “Precisamos colocar isso em ênfase nos países de média e baixa renda, criando programas de cuidado dos pacientes, pois grande parte dos pacientes é tratada no sistema público”.
Outra entidade nacional que se uniu à SBOC para uma joint session foi a Associação Médica Brasileira (AMB). A Sociedade é um dos membros do Conselho Deliberativo da AMB e é respaldado pela instituição que representa os médicos brasileiros para executar e prover o Título de Especialista em Oncologia Clínica, conforme explicou na abertura da mesa a presidente da SBOC, Dra. Anelisa Coutinho.
Na sessão, Dr. Paulo Hoff fez uma apresentação do Censo SBOC da Oncologia, realizado pela Sociedade e pelo Instituto Datafolha em 2023, trazendo um perfil de quem é o oncologista clínico associado à SBOC hoje. Os dados apresentados evidenciam que a especialidade é concentrada no Sudeste, com distribuição de 50% entre gêneros, e com média de idade de 43 anos.
“Observo que a especialidade é jovem e tem um sensível avanço na participação feminina, o que reflete na SBOC tendo três mulheres presidentes em sequência. Há, porém, pouca diversidade étnica, religiosa e de gênero. Infelizmente, o Censo mostrou que a síndrome de burnout é comum entre os colegas, com as dificuldades de acesso e cobertura sendo os principais pontos de estresse”, analisou.
Os representantes da AMB focaram na discussão sobre educação médica e a formação de especialistas. José Eduardo Lutaif Dolci, diretor Científico da Associação, relembrou os três meios de um médico comprovar a sua especialidade atualmente: realizando uma residência médica reconhecida pelo Ministério da Educação; se formando em um curso de especialização, que batizou como residência símile; ou comprovando o dobro do tempo da residência no exercício da especialidade.
Dr. César Eduardo Fernandes, presidente da entidade nacional, defendeu que os especialistas sejam reavaliados independentemente da formação. “Em 2025, faço 50 anos como médico. Obtive o título de especialista em ginecologia e obstetrícia ainda como R3 e até hoje nunca me exigiram mais nada. Sou um especialista reconhecido em 1978, isso não está correto”, comentou.
Abertura oficial e Happy Poster
A programação do 1º dia de Congresso SBOC 2024 foi encerrada com a cerimônia oficial de abertura, que contou com a presença da presidente da SBOC, Dra. Anelisa Coutinho, a presidente da Comissão Científica do evento, Dra. Aknar Calabrich, e Dra. Marisa Madi, diretora-executiva da SBOC.
Na sequência, na saída da Plenária, os congressistas foram à sessão Happy Poster, que une apresentação dos trabalhos escolhidos para pôster com um coquetel de confraternização. Ao todo, foram selecionados 195 resumos para serem apresentados nesta modalidade. O Congresso SBOC 2024 segue até sábado, 9 de novembro.