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A prevenção e a mulher
Este artigo foi assinado pelo Dr. Evanius Wiermann, oncologista e presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC). O texto foi publicado originalmente no caderno Opinião, do jornal Estado de Minas, no dia 22/02.
Mãe, esposa, profissional, cidadã, mulher. Inúmeros são os papéis assumidos pelo público feminino desde a sua emancipação. Mas, um dos grandes desafios das mulheres é aprender como manter a boa saúde e, principalmente, a qualidade de vida apesar do estresse que contribue para o surgimento de transtornos emocionais e físicos. A falta de tempo para conciliar as tarefas de casa e do trabalho é o vilão da prevenção. No próximo oito de março, data em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, também é uma oportunidade para destacar a importância de precaver males comuns que afetam o universo feminino.
Vivemos num país essencialmente feminino. Há mais mulheres do que homens em 24 dos 27 estados brasileiros, de acordo com o IBGE. Em geral, as mulheres vivem mais do que o sexo masculino, devido a vantagens biológicas e comportamentais. Mas, a mulher moderna precisa, precocemente, incorporar condutas protetoras para diminuir a mortalidade causada principalmente pelas doenças cardiovasculares e câncer. A prevenção é necessária para que ela chegue à menopausa com menos fator de risco e possa diminuir a incidência do seu principal vilão, o câncer de mama.
Segundo os dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), no Brasil as doenças do aparelho circulatório são aquelas que representaram maior proporção dos óbitos de mulheres. As neoplasias tiveram a segunda maior participação e em terceiro lugar as doenças do aparelho respiratório. Além da diminuição de fatores protetores, houve um aumento de fatores de risco como a obesidade, sedentarismo, maior consumo de bebidas alcoólicas e de cigarros.
Para o ano de 2015 foram estimados 576 mil novos casos de câncer sendo que 49% ocorrerão em mulheres. Entre o sexo feminino, excetuando o câncer de pele não melanoma (84 mil), o de mama (51 mil) aparece em primeiro lugar, seguido do câncer de cólon e reto (17 mil), colo do útero (15 mil), pulmão (10 mil) e tireoide (8 mil). Sabe-se que pelo menos um terço dos casos novos poderiam ser prevenidos. Cerca de 20% das mulheres acham que o diagnóstico do câncer é uma sentença de morte. Contra essa crença, a medicina confirma que na verdade 70% dos casos são curados, e essa porcentagem salta para 95% quando o câncer é detectado precocemente.
A manutenção da saúde da mulher exige uma série de cuidados e atitudes preventivas. Cada mulher tem uma história e uma bagagem hereditária que devem ser analisadas cuidadosamente com a supervisão de um médico, para garantir uma vida saudável e sem surpresas. Prevenção, no caso do câncer, significa mudança nos hábitos de vida. Adotar hábitos saudáveis como alimentar-se bem, não fumar, evitar o consumo excessivo de bebidas alcóolicas e praticar atividades físicas podem diminuir as chances de desenvolver a doença. Conhecer seu corpo também é essencial. O autoexame de mama é um grande aliado para detectar sinais do aparecimento da neoplasia.