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Após solicitação de sociedades, Ministério atualizará Diretrizes do Câncer de Cabeça e Pescoço

Após solicitação de sociedades, Ministério atualizará Diretrizes do Câncer de Cabeça e Pescoço

Em audiência pública em Brasília, no dia 11, a Dra. Aline Lauda, diretora da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) defendeu a necessidade de atualização das Diretrizes Diagnósticas e Terapêuticas do Câncer de Cabeça e Pescoço, contidas na Portaria 516 de 17 de junho de 2015. A oncologista clínica explicou que, mesmo tendo apenas três anos, o documento está desatualizado em relação aos avanços científicos e que sua construção não havia tido participação das sociedades médicas. “É essencial que o teor das Diretrizes resulte do conhecimento e da discussão de especialistas da SBOC, da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço [SBCCP] e da Sociedade Brasileira de Radioterapia [SBRT], além dos técnicos do próprio Ministério e dos grupos de apoio aos pacientes, como a ACBG Brasil [Associação de Câncer de Boca e Garganta]”, argumentou a médica. “Esse diálogo e trabalho conjunto são essenciais para oferecermos o melhor diagnóstico e o melhor tratamento aos pacientes.”

A representante do Ministério da Saúde na audiência, Maria Cecília Camargo, afirmou que a proposta de revisão da portaria é muito válida e que deve haver uma reunião específica em breve para debater essa atualização. Tecnologista plena da Coordenação-Geral de Atenção Especializada do Ministério da Saúde, Maria Cecília Camargo acredita que é preciso trabalhar em prevenção, detecção precoce, acesso a confirmação diagnóstica e tratamento adequado em tempo oportuno. Ela frisou também que muitas decisões devem ocorrer em âmbito municipal ou estadual, pois somente os gestores locais sabem as necessidades e podem trabalhar com mais efetividade.

A audiência pública foi realizada na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados, no contexto da campanha Julho Verde, da SBCCP e apoiada pela SBOC, com objetivo de promover prevenção e conscientização do câncer de cabeça e pescoço. Segundo a apresentação da Dra. Aline Lauda, são 600 mil novos casos todos os anos de câncer de cabeça e pescoço no mundo, número que vem aumentando. Os principais fatores de risco são tabagismo, consumo excessivo de bebidas alcoólicas, dieta com carne salgada como o charque, o mate, higiene oral precária e contaminação pelo vírus HPV. O perfil do paciente, em geral, é tabagista, etilista, já teve problemas como enfisema ou infarto, não raramente desempregado e sem assistência. Em 50% dos casos, o paciente está desnutrido e quase 80% dos pacientes tinham somente educação básica. Para a oncologista clínica, entender a vulnerabilidade do paciente de câncer de cabeça e pescoço é essencial para gerar políticas públicas apropriadas.

Quanto ao tratamento, a Dra. Aline Lauda explicou que, em geral, envolve cirurgia, radioterapia, quimioterapia e drogas alvo-moleculares. Em pesquisa com 100 pacientes com câncer de cabeça e pescoço, a média de tempo entre o primeiro sintoma até o diagnóstico foi de 216 dias, sendo que 72 dos pacientes já descobriam o tumor em estágio avançado. Nove deles faleceram antes do início de qualquer tratamento oncológico. A médica reforçou os desafios para a reabilitação como auxílio odontológico, nutricional, fonoaudiológico e com uso de próteses. Quanto à prevenção, apresentou alguns avanços como campanhas contra o tabagismo e a disponibilização de vacinas contra o HPV na rede pública. No entanto, ainda é preciso melhorar o atendimento e acesso dos pacientes.