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Censo da Oncologia Clínica é lançado no 1º dia do Congresso SBOC
Dados do Censo SBOC da Oncologia Clínica no Brasil, divulgados nesta quinta-feira, 16 de novembro, revelam que 65% dos médicos oncologistas estão satisfeitos com a carreira. No entanto, dos 761 participantes da pesquisa realizada com profissionais de todos os estados do país, 55% relataram vivenciar estresse no dia a dia. A dificuldade de acessar novos medicamentos (54%), o alto custo dos tratamentos (46%) e o subfinanciamento e/ou gestão ineficiente dos sistemas de saúde (36%) foram apontados como maiores desafios desses especialistas.
Os diagnósticos tardios do câncer, por sua vez, foram lembrados por 42% como um obstáculo entre aqueles que atuam, integralmente ou na maior parte do tempo, no serviço público. Na parcela de entrevistados que atuam, majoritariamente ou somente no serviço privado, esse índice cai para 26%. Outra reclamação comum é o excesso de demanda por WhatsApp, sendo mais frequente (35%) entre os que atuam principalmente no serviço privado do que no serviço público (18%).
No sistema público, 36% dos oncologistas têm acesso parcial a novas tecnologias e 44% obtêm acesso apenas por meio de judicialização. No serviço privado, a judicialização cai para 2%, e 58% disseram ter acesso parcial a novas tecnologias.
O maior estudo já feito no Brasil sobre a prática da oncologia clínica no Brasil foi lançado durante o primeiro dia de XXIV Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica, que acontece até 18 de novembro na cidade do Rio de Janeiro. “A partir dos dados do Censo, será possível atuar de maneira mais direcionada para atender às demandas e às necessidades dos profissionais, no sentido de fortalecer a oncologia clínica brasileira”, avaliou o presidente da SBOC, Dr. Carlos Gil Ferreira.
Segundo Dra. Aline Lauda, integrante do grupo da Diretoria da SBOC responsável pela realização da iniciativa, o estudo teve por objetivo entender exatamente quem são os associados da SBOC. “A entidade está cada vez mais profissionalizada, mas precisamos conhecer quem são as pessoas que representamos e que queremos ajudar. A ideia do Censo foi essa”, explicou.
O Censo mostrou uma igualdade numérica de gênero na atuação da oncologia clínica, sendo 50% dos participantes mulheres e 50% homens; a maioria atua no Sudeste do país (54%), seguido por Nordeste (18%), Sul (17%), Centro-Oeste (9%) e Norte (3%); e nas capitais e regiões metropolitanas (70%).
Segundo Dra. Maria Ignez Braghiroli, diretora da SBOC, a distribuição de gênero da entidade é relevante não apenas no quadro associativo, mas também pela representação na Diretoria e nas coordenações de comissões e comitês. “Me sinto valorizada por essa divisão, em que metade das oncologistas são mulheres, se refletir dentro da Sociedade”, afirmou.
A média de idade do oncologista clínico associado à SBOC é de 43 anos, sendo que 45% têm até 39 anos e apenas 22% têm 50 anos ou mais. “Esses números nos revelam que grande parte dos oncologistas clínicos que atuam no país são jovens”, comentou Dra. Aline, responsável por esmiuçar os achados durante a sessão de apresentação no SBOC 2023.
Entre os entrevistados, 81% se autodeclararam brancos, 16% pardos, 2% amarelos e 1% preto. Sessenta e sete por cento têm filhos, 94% disseram ser heterossexuais e 6% homossexuais ou bissexuais.
A atuação dos associados se dá, de forma majoritária, no serviço privado: 38% somente atuam no serviço privado, 32% na maior parte do tempo no privado, 26% na maior parte em serviço público e 4% apenas em serviço público. Quarenta e dois por cento dos participantes atendem, em média, até 10 novos pacientes (primeiras consultas) por mês; e 11% mais de 30 novas consultas.