Instalar App SBOC


  • Toque em
  • Selecione Instalar aplicativo ou Adicionar a lista de início

Notícias

Notícias

Congresso SBOC 2021 discute e homenageia a representatividade feminina na oncologia

Congresso SBOC 2021 discute e homenageia a representatividade feminina na oncologia

Em meio a discussões sobre iniciativas da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) para ampliar a representatividade feminina na oncologia, especialmente em posições de liderança, um símbolo dessa luta foi homenageado no primeiro dia do XXII Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica, que acontece de hoje (17) a sábado, em Salvador (BA): a oncologista baiana Dra. Gildete Sales Lessa.

Graduada em Medicina em 1973 pela Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública (EBMSP), Dra. Gildete foi pioneira na oncologia brasileira e trilhou um caminho desbravador, abrindo portas para a participação feminina na oncologia da Bahia e do Brasil. Com especialização pelo MD Anderson Cancer Center, da Universidade do Texas, nos Estados Unidos, um ano após sua graduação, ela hoje é médica e diretora técnica do Núcleo de Oncologia da Bahia, além de membro titular da SBOC.

“Estou com 77 anos, 50 deles trabalhando intensamente como médica, na arte de cuidar do próximo. É extremamente gratificante ter esse trabalho reconhecido por colegas tão valorosas. Não sei se mereço, mas sou grata pelo reconhecimento dos meus esforços, que são fruto do meu amor pela oncologia e pela vida”, agradece Dra. Gildete.

Desafios e perspectivas

Apesar da crescente presença feminina no mercado de trabalho médico, a ascensão da mulher às funções de liderança na medicina encontra barreiras significativas. É o que avaliam as participantes do debate e um levantamento conduzido pelo Comitê de Lideranças Femininas da SBOC entre associados à entidade, apresentado na ocasião.

“Entre os objetivos desse grande levantamento estava aquilo que realizamos aqui, no Congresso SBOC: a partir dos dados coletados e de outros esforços para a ampliação do conhecimento sobre os lugares ocupados pelas oncologistas, discutir ações para tornar cada vez menos desigual a oncologia clínica e a medicina como um todo”, explica Dra. Angélica Nogueira, diretora da SBOC, presidente da Comissão Científica do evento e uma das fundadoras do Comitê de Lideranças Femininas.

Dos 203 questionários respondidos, 72% foram por mulheres, sendo 55% médicos oncologistas, 83% declarados brancos e, na sua maioria, oriundos da região Sudeste (54%). Entre os resultados destacados na discussão está o fato de que 96% dos entrevistados responderam que devem existir direitos iguais entre os sexos.

Porém, quando se trata da percepção das desigualdades no mercado de trabalho, 87,5% dos homens responderam que não o problema já não existe, contra 65,5% de mulheres. Também 85% das mulheres responderam que seria necessário existir esforços institucionais para superar essa desigualdade, enquanto apenas 61% dos homens consideraram necessário. “Essa disparidade da percepção entre homens e mulheres reforça a importância da representatividade em todos os campos da sociedade e, em especial, da oncologia”, pontua Dra. Maria de Fátima Gaui, diretora da SBOC e membro do Comitê de Lideranças Femininas

Em relação ao assédio moral, sexual e inequidade de gênero, as diferenças de percepção foram ainda mais significativas: 50% das mulheres relatam ter sofrido assédio moral no trabalho, contra 21% dos homens; 24% delas, assédio sexual, contra 7% deles. “É uma realidade cruel e que se impõe como limitante das oportunidades para que mais mulheres sejam encorajadas a ocupar posições de liderança na oncologia. É preciso que esses números sejam conhecidos e, finalmente, superados”, defende Dra. Maria Ignez Braghiroli, diretora da SBOC e membro do Comitê de Lideranças Femininas da entidade.

Também compõem o comitê as diretoras da SBOC Dra. Ana Gelatti e Dra. Daniela Dornelles Rosa, além das oncologistas associadas à entidade que compõe os grupos UMMAS – Mulheres Contra o Câncer e Mulheres na Oncologia, com o mesmo foco do comitê: Dra. Daniele Assad, Dra. Eldsamira Mascarenhas, Dra. Fernanda Cesar Moura, Dra. Karime Kalil e Dra. Renata Cangussu.

“Há um movimento mundial para entender os obstáculos que as mulheres enfrentam na carreira, no intuito de encontrar um equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. E a SBOC participa desse movimento ao incluir a oncologista brasileira no debate, fornecendo dados para fomentar reflexões ricas como as do congresso deste ano”, destaca a presidente da SBOC, Dra. Clarissa Mathias, a segunda mulher a ocupar o cargo nos 40 anos de existência da entidade.