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Especialistas esclarecem mitos sobre tratamento do câncer de próstata

Especialistas esclarecem mitos sobre tratamento do câncer de próstata

A cirurgia do câncer de próstata causa incontinência urinária e impotência sexual? Essas são algumas das dúvidas da população em geral sobre o tipo de tumor que, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), é o mais predominante em homens de todas as regiões do Brasil, excetuando o câncer de pele não melanoma. No entanto, especialistas explicam que o tratamento da doença evoluiu nos últimos anos em decorrência do avanço da medicina, tornando estas controvérsias em mitos.

Membro da diretoria e do Comitê de Tumores Geniturinários da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), Dr. Diogo Assed Bastos esclarece que, nos últimos anos, houve um grande avanço das técnicas cirúrgicas, principalmente, com a evolução da robótica.

“Hoje grande parte dos pacientes faz a cirurgia do câncer de próstata e permanece com bom controle urinário e muitos não desenvolvem disfunção erétil ou quando desenvolvem é leve e transitória depois da cirurgia. Além disso, a técnica é minimamente invasiva”, diz Bastos, que também é médico oncologista do Serviço de Oncologia Geniturinária do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP).

As novidades do tratamento da doença são destaque no XXV Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica, que começou na última quinta-feira (7) e vai até sábado (9), na cidade do Rio de Janeiro. Maior evento de Oncologia Clínica do Brasil, o Congresso é uma realização da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) e reúne mais de 3 mil médicos e outros profissionais da saúde de todas as regiões do Brasil e de mais de outros 10 países.

Bastos, um dos coordenadores da mesa sobre Tumores Geniturinários do Congresso, explica que, na atualidade, o principal tratamento para o câncer de próstata é realizado com medicamentos que bloqueiam testosterona, porque em uma linguagem mais comum o tumor se alimenta desse hormônio produzido principalmente nos testículos: “Vemos um entusiasmo grande também com as terapias-alvo e com os radiofármacos”, detalha o especialista.

Apesar dos avanços, a incorporação de diferentes tecnologias é um grande desafio, especialmente no Sistema Único de Saúde (SUS). É o que concluíram, Bastos e outros especialistas da SBOC em parceria com outras sociedades médicas em 2019, quando publicaram o segundo Consenso brasileiro sobre o tratamento do câncer de próstata avançado, que tem como objetivo de alinhar diferentes opiniões e interpretações da literatura médica numa abordagem prática e orientada para o paciente.

O Dr. Daniel Vargas Pivato de Almeida, membro da SBOC, acrescenta que o uso de tecnologias como a Inteligência Artificial (IA) também trazem novas perspectivas no tratamento do câncer de próstata: “Não há volta. Seja na avaliação do desenvolvimento de medicamentos ou na avaliação quantitativa fidedigna do volume de doença, dentre outros aspectos, acho que são grandes perspectivas que trazem muito entusiasmo para a gente. Assim como os medicamentos, teremos novos desafios para a incorporação dessas tecnologias”.

 

Novembro Azul

O Congresso ocorre em meio às ações do Mês de Combate ao Câncer de Próstata. Dados do INCA estimam 72 mil novos casos entre os homens a cada ano do triênio 2023-2025. Segundo dados internacionais, quando diagnosticado em estágio inicial, o câncer de próstata apresenta uma taxa de cura de cerca de 90%. Mesmo assim, apenas no Brasil, o INCA informa que 1 a cada 33 homens morrem da doença. Dados mais recentes estimam uma mortalidade anual de 16.301 pessoas, ficando atrás somente das mortes por câncer de pulmão entre os homens.

“O câncer de próstata é uma doença silenciosa. Então, em suas fases iniciais não tem sinais”, afirma Bastos. Por isso, especialistas recomendam que seja feito o rastreamento da doença a partir dos 50 anos para população em geral e desde os 45 anos para homens com histórico familiar de câncer.

O risco aumenta em duas vezes para quem tem um familiar com a doença e em três a cinco vezes, para quem tem mais de um familiar. Tumores como o de mama e de ovário nas mulheres também estão relacionados ao mesmo conjunto de genes e devem ser motivo de alerta.

Bastos explica que o rastreamento pode ser realizado por meio de exames como o PSA (Antígeno Prostático Específico, da tradução da sigla em inglês), que identifica uma proteína produzida por células da próstata, a ressonância magnética e o toque retal: “Esses exames são preventivos, mesmo para o homem que não tem sintomas”. Além disso, a biópsia é realizada para confirmar o diagnóstico e definir a agressividade do tumor, possibilitando uma escolha mais acertada do melhor tratamento.

“Essa campanha é muito importante. Ao longo dos anos essa informação tem se consolidado e a população está cada vez mais ciente de fazer os exames preventivos. E nós queremos atingir o maior número de pessoas para que de fato se previnam e se cuidem”, conclui o membro da diretoria e do Comitê de Tumores Geniturinários da SBOC.