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O desafio de criar um programa de residência em oncologia clínica

O desafio de criar um programa de residência em oncologia clínica

Os maiores programas de residência em oncologia clínica no Brasil estão no AC Camargo Cancer Center (16 vagas), no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (14) e no Instituto Nacional de Câncer (10). Outros centros, como o Hospital de Câncer de Barretos e o Hospital das Clínicas de Porto Alegre, também têm número amplo de vagas: 9 e 5, respectivamente. Boa parte dos demais serviços formam apenas um ou dois oncologistas anualmente. O Sudeste e o Sul concentram 85% das vagas, conforme estudo publicado na Brazilian Journal of Oncology. Não existe uma política nacional de descentralização. Pelo contrário, o Ministério da Educação afirma que a decisão de abrir uma nova vaga é exclusiva da instituição responsável.

Ao somar 6 mil pacientes oncológicos vindos de Rondônia, o Hospital de Câncer de Barretos decidiu abrir uma unidade em Porto Velho em 2012, onde dois médicos tornam-se oncologistas clínicos a cada ano. A estrutura do complexo no interior de São Paulo propiciou a iniciativa. A experiência tem sido positiva, tanto que o Hospital de Câncer da Amazônia, construído pela instituição para ampliar o atendimento na região, começou a funcionar este ano na capital rondoniense. “Ficamos muito felizes com essa expansão e por saber que muitas pessoas passarão a ter tratamento e mais perto de suas casas”, diz o Dr. Eduardo Zucca, coordenador do Departamento de Oncologia Clínica.

Lições aprendidas

“A abertura de uma residência médica tem que ser consequência de um serviço maduro, com um time experiente em outras instituições que tenham o programa”, avalia o Dr. Rui Fernando Weschenfelder, que assumiu o desafio de criar a residência em oncologia clínica no Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre. O primeiro especialista formou-se no ano passado. “É preciso construir toda a fundamentação em linha com padrões internacionais de educação, seguir a proporcionalidade de acordo com o currículo global, atender as recomendações da SBOC [Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica] e da ASCO [American Society of Clinical Oncology], ter um programa teórico rigoroso e enfatizar o aspecto multidisciplinar”, descreve. “Ninguém trata um paciente com câncer sozinho e nossos residentes estão vivendo essa realidade.” Ele conta que os futuros especialistas participam de 11 reuniões multidisciplinares semanais para discussão de casos.

Perguntado se pretendem ter mais vagas, o Dr. Rui, que é membro da SBOC, responde que, apesar do grande número de candidatos, a prioridade é manter a qualidade. “Aumentar uma vaga, por exemplo, significa ter três residentes a mais, um em cada ano do programa”, lembra.

O Dr. João Soares Nunes, também membro da SBOC que já passou por Barretos e hoje é diretor técnico do Hospital Erasto Gaertner, em Curitiba, aponta que outro desafio é a heterogeneidade. “De Norte a Sul do Brasil, variam os recursos e há diferenças próprias de cada região, características epidemiológicas inclusive. Por exemplo, o câncer de colo do útero é bem mais comum no Norte do que no Sul do país”, enfatiza.

“Também há diferenças entre um centro de alta demanda referência nacional versus um hospital geral no interior com menos recursos e menor volume de pacientes, mas a qualidade da formação do especialista precisa atender parâmetros mínimos”, defende. Em 2016, o Dr. Nunes foi um dos responsáveis pela revisão do currículo global elaborado pela ASCO e pela European Society for Medical Oncology (ESMO) e depois endossado pela SBOC.