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“O médico precisa saber quanto custa o medicamento que prescreve”, diz Drauzio Varella
O oncologista Drauzio Varella foi convidado a conversar com os jovens médicos sobre saúde pública durante o Getting Ready – III Programa Roche para Residentes em Oncologia Clínica e Hematologia. O evento reuniu 300 residentes entre os dias 11 e 13 de maio, em São Paulo (SP), e teve o apoio da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC). Na visão do consultor de saúde do “Fantástico”, da Rede Globo, as faculdades não preparam os médicos para enfrentar os problemas do Sistema Único de Saúde (SUS). “O curso médico ainda é muito centrado no diagnóstico e no tratamento das doenças, no uso da tecnologia. O profissional pode ser até muito competente, mas não está preparado para a medicina que deve ser feita em determinadas situações”, acredita.
Varella lembra que, em sua época de recém-formado, a maior parte dos colegas decidiu ser cirurgião porque era a área mais promissora da medicina. Décadas depois, este espaço tornou-se menor e vários deles ficaram sem trabalho, segundo o oncologista. “Não adianta você se preparar para um mercado que não existe. E não há como escapar do SUS”, aponta. “O SUS vai fazer parte da realidade de todos os médicos. É preciso conhecê-lo, ter a mínima ideia de economia, saber quanto custa o remédio que a gente prescreve, o exame pedido”, observa.
Para o Dr. Drauzio Varella, o SUS terá que se organizar de forma a estabelecer limites. “Não dá para oferecer tudo para todo mundo, porque você dá muito para alguns e nada para outros. É necessária frieza para sentar e dizer o que o SUS pode oferecer à população brasileira”, pontua.
Custo dos medicamentos
O médico é um crítico dos altos custos dos novos medicamentos. Segundo ele, é preciso buscar um consenso, com participação da indústria farmacêutica, sobre o que pode ser oferecido. “Os preços são imorais nos dias de hoje; não guardam nenhuma relação com os custos reais”, destaca. “Os valores são ditados pelo quanto os seguros-saúde dos Estados Unidos conseguem absorver. É um absurdo, limita o acesso a determinados grupos e acabou”, critica.
Para o Dr. Lênio Alvarenga, diretor médico da Roche, a discussão é atual e deve envolver toda a sociedade. “É preciso dialogar e encontrar maneiras de viabilizar o acesso a quem precisa. Não é algo simples, mas também não é impossível”, avalia. “O silêncio ou a falta de discussão significam que pacientes não estão se beneficiando de viverem em uma época em que já há inovação disponível”, finaliza.