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ONCOVID-19.1: CONEP aprova projeto da SBOC em tempo recorde

ONCOVID-19.1: CONEP aprova projeto da SBOC em tempo recorde

Em decisão histórica, Comissão Nacional de Ética em Pesquisa aprovou iniciativa inédita da SBOC menos de três dias após submissão da proposta

 

Os esforços da comunidade oncológica para lidar com a pandemia de COVID-19 vão ganhar um importante aliado: o ONCOVID 19.1 – Consórcio Nacional de COVID-19 em Pacientes com Câncer. Idealizado pela Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), o projeto foi aprovado na última sexta-feira (03/04) pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), ligada ao Ministério da Saúde, e vai avaliar a prevalência da infecção pelo novo coronavírus de acordo com cada neoplasia durante e após o tratamento.

O estudo e o monitoramento dessas informações, vindas de todas as regiões do país, servirão à elaboração de estratégias, protocolos e políticas de combate à doença e de cuidado entre pacientes oncológicos. “Seremos capazes de compreender melhor, por exemplo, quais tipos de câncer ou tratamento favorecem o surgimento de complicações em casos de infecção pelo novo coronavírus – e, com isso, estaremos mais bem preparados para proteger os pacientes”, explica Dra. Daniela Dornelles Rosa, da Comissão de Ética da SBOC e coautora da proposta submetida à CONEP.

A presidente da SBOC, Dra. Clarissa Mathias, comemorou a agilidade com que o projeto foi concebido, submetido e aprovado. “Isso é reflexo do compromisso da SBOC em dar suporte ao oncologista clínico em sua prática profissional, em especial em momentos de crise como o que estamos atravessando. A celeridade da aprovação pela CONEP também é resultado da credibilidade de que desfrutamos junto aos tomadores de decisões no poder público, conquistada pela nossa atuação sempre pautada em evidências científicas”, enfatiza.

Com a aprovação, foi iniciada a primeira etapa do projeto, o desenvolvimento da plataforma em que serão feitos os registros das informações coletadas. O estudo será de coorte retrospectivo, com pacientes (com idade a partir dos 18 anos em tratamento ou acompanhamento oncológico e que tenham recebido diagnóstico laboratorial positivo para COVID-19. Eles serão recrutados em hospitais e clínicas brasileiros que atendem pacientes com câncer, nos setores público e privado. O estudo abrange todos os oncologistas clínicos da SBOC, que poderão, em todo o país, revisar os prontuários para obtenção de dados, que serão submetidos à entidade por meio de um questionário on-line.

De acordo com o Dr. Bruno Wance, membro da SBOC e um dos responsáveis pela coleta, gerenciamento e análise dos dados, o link para acesso à pesquisa deverá ser disponibilizado no início de maio. “Os dados serão coletados e analisados pela equipe em tempo real. Um dos nossos objetivos é extrair informações preliminares que possam ajudar a guiar profissionais de saúde, sobretudo oncologistas, na sua prática clínica de combate à COVID-19.”

Experiência internacional

O projeto é baseado em uma iniciativa da American Society of Clinical Oncology (ASCO) e adaptado à realidade brasileira. “Trata-se de um projeto robusto, inspirado na iniciativa norte-americana, mas atento às particularidades do país em que será implementado, como nossa diversidade populacional, além dos desafios próprios do nosso sistema de saúde. Foi concebido considerando essas características e vai permitir um olhar mais acurado sobre as necessidades de cada paciente, na rede pública, na saúde suplementar e no atendimento privado”, acredita Dr. Gilberto Lopes, membro SBOC que atua no exterior e contribuiu com o desenvolvimento do ONCOVID 19.1.

Para o diretor executivo da SBOC, Dr. Renan Clara, a iniciativa faz frente ao avanço da pandemia entre alguns dos pacientes mais vulneráveis, os oncológicos. “Por isso não podemos esperar para conhecer mais e melhor os impactos do coronavírus entre os brasileiros com câncer. Agradecemos à CONEP pela confiança na nossa capacidade técnica e científica e já estamos trabalhando para receber e processar com segurançae em tempo real, as informações que ajudarão a comunidade de oncologistas clínicos no enfrentamento desse desafio. Vale ressaltar que, neste momento histórico, a CONEP orienta que estudos com centros participantes como o nosso não deverão passar pela análise dos respectivos CEPs vinculados. Isso trará muita agilidade. Estaremos juntos de nossos médicos, suas instituições e CEPs.”

Em fevereiro, quando os primeiros dados a respeito da pandemia foram coletados na China, os números relacionados ao risco de agravamentos em pacientes oncológicos ainda eram baixos, mas já indicavam a necessidade de cuidados especiais: entre 1.099 casos de infecção, 10 pacientes tinham câncer (0,9%) e, destes, três desenvolveram a forma mais agravada da COVID-19. Em outra análise de 1590 casos em 31 províncias chinesas, 18 pacientes tinham câncer, sendo o de pulmão o mais frequente (28%).