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Os perigos da exposição ao sol
Este artigo foi assinado pelo Dr. Evanius Wiermann, oncologista e presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC). O texto foi publicado originalmente no dia 19 de janeiro no caderno “Opinião” do jornal Estado de Minas.
As altas temperaturas deste verão acendem o alerta não somente para desconfortos e insolações, mas também para a mais temível das doenças promovidas pela exposição ao sol: o câncer de pele. Nesta época se propagam campanhas de cuidados redobrados com os raios solares. Mas apesar de todas as mobilizações, os números do avanço da doença não dão trégua. Cada vez mais brasileiros são vítimas da neoplasia, que corresponde a 25% dos tumores malignos registrados no país, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Para 2015 são esperados 182 mil casos de câncer de pele no Brasil.
Pequenas manchas avermelhadas ou acastanhadas de crescimento lento. Pintas que mudam de cor ou de formato. Feridas que não cicatrizam. Esses sintomas, que à primeira vista parecem ter pouca gravidade, são, na verdade, os principais sinais do surgimento da doença na pele, considerado o maior órgão do corpo humano. Muitas pessoas minimizam a importância desses sintomas, o que atrasa o diagnóstico e deixa o paciente mais distante da cura. É importante pontuar que a doença é grave e pode levar à morte por metástase – quando o problema evolui e compromete outros órgãos.
Em 90% dos casos, a doença é provocada, basicamente, pela exposição excessiva ao sol. Pessoas com história familiar da doença, de pele e olhos claros, cabelos loiros ou ruivos, albinas, as que se expõem a agentes químicos excessivamente e têm muitas pintas constituem a população de maior risco para desenvolver a doença. No entanto, existem outras causas menos divulgadas como viroses, alterações genéticas, infecções e contato prolongado com um defensivo agrícola chamado arsênico.
Os tumores de pele podem se manifestar em partes variadas do corpo, porém são mais frequentes no rosto, braços, nuca e costas, que são as áreas comumente mais expostas à radiação solar. Os raios UV que nos atingem podem ser dos tipos A e B, já que os raios UV-C não chegam a terra. Esses raios agem de forma diferente, apesar de ambos serem prejudiciais à saúde da pele. Enquanto o tipo A atua de forma cumulativa e constante, as frequências são praticamente as mesmas durante todo o ano e a qualquer hora do dia. Em longo prazo causa manchas e rugas.
A melhor proteção contra estes raios é a barreira física. Chapéus, bonés e roupas ajudam a driblar a ação deles na pele. Os olhos também sofrem com os raios solares e precisam de proteção, por isso é importante investir em um modelo que possua fator de proteção solar. O uso de protetores solares apropriados ao tipo de pele do individuo é fundamental. O protetor deve ser usado em todas as partes do corpo expostas ao sol, sendo reaplicado a cada 3 horas.
Não confie apenas no protetor solar. Também deve ser evitada a exposição solar entre 10 e 16h (horário de verão). É importante ressaltar que as barracas usadas na praia sejam feitas de algodão ou lona, que absorvem 50% da radiação ultravioleta. As barracas de nylon formam uma barreira pouco confiável: 95% dos raios UV ultrapassam o material. Fique atento à saúde da sua pele, e lembre-se que a prevenção é o maior passo para se evitar o câncer.