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Palestrante internacional trará novidades sobre imunoterapia no tratamento de melanoma

Palestrante internacional trará novidades sobre imunoterapia no tratamento de melanoma

O professor Jason Luke, da University of Chicago Medicine (EUA), será um dos palestrantes internacionais do XX Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica. Ele cuida de pacientes com melanoma e tumores sólidos avançados. Trabalha com uma abordagem específica para cada paciente por meio de um plano de cuidados verdadeiramente individualizado. A pesquisa do Dr. Luke concentra-se em avanços terapêuticos translacionais para melanoma e desenvolvimento de fármacos, particularmente imunoterapia. Ele atua no único ensaio clínico nacional em andamento para pacientes com melanoma uveal avançado (ocular) e é o principal investigador de vários ensaios clínicos de imunoterapia e terapias moleculares específicas para melanoma e câncer avançado. Nesta entrevista, comenta as perspectivas de avanço na área e o que está preparando para trazer ao evento da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC). Confira:

Terapias direcionadas e imunoterapia revolucionaram o tratamento do melanoma metastático nos últimos anos. Quais são os principais desafios e perspectivas para essa doença?

Apesar de a terapia direcionada ao BRAF e os inibidores de checkpoint (imunoterapia) terem revolucionado o tratamento de melanoma, eles não ajudam todos os pacientes e ainda há uma grande necessidade de agentes mais efetivos e menos tóxicos. Muito trabalho está sendo feito para combinar direcionamento e imunoterapia. Além disso, um dos meus principais focos é o desenvolvimento de novos medicamentos, particularmente na imunoterapia. Acreditamos que muitos dos pacientes com tumores refratários ou que desenvolvem resistência podem se tornar sensíveis a outras abordagens pela imunoterapia e estamos muito entusiasmados com as drogas em desenvolvimento que podem facilitar isso. Finalmente, levar todos esses tratamentos para os espaços adjuvantes e neo-adjuvantes tem um potencial animador para curar mais pacientes.

Para o melanoma precoce de alto risco, qual o papel da imunoterapia no ambiente adjuvante?

Nos EUA, a imunoterapia adjuvante com ipilimumabe para melanoma do estágio III é um padrão. Além disso, um comunicado de imprensa recente sugeriu que o estudo de fase III do CA209-238 nivolumabe versus ipilimumabe mostrou uma vantagem de sobrevivência para anti-PD1. Como tal, acreditamos que o nivolumabe e o pembrolizumabe serão opções para tratar melanoma estágio III de alto risco após a cirurgia relativamente em breve. Uma questão aberta é se os agentes anti-PD1 podem ser empregados mesmo em doenças de estágio anterior, como o estágio II. Conceitos a esse respeito estão em desenvolvimento e provavelmente serão trazidos para ensaios clínicos no futuro próximo.

Qual o papel da biópsia líquida no melanoma?

Embora a biópsia líquida seja muito interessante e já tenha sido aprovada para uso em câncer de pulmão, atualmente não é considerada um padrão no melanoma. Muitos grupos, incluindo os nossos, estão avaliando o DNA circulante no sangue ou em outras fontes, como o DNA na urina. Enquanto no câncer de pulmão é bastante comum encontrar mecanismos de resistência que são segmentáveis (mutação ativadora de EGFR seguida de mutação EG7 T790M), em melanoma isso não está tão bem descrito. Observamos níveis de BRAF mutado diminuírem com o tratamento e aumentarem quando há resistência, mas essa informação não se traduziu na capacidade de adaptarmos o tratamento para neutralizar a resistência à terapia-alvo. Contudo, esta certamente é uma área de interesse.

O que de mais interessante pretende trazer para o XX Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica?

Na University of Chicago Medicine, meu colega Tom Gajewski trabalhou no uso da expressão gênica em torno do microambiente tumoral inflamado de células T como paradigma na imunoterapia e estou ansioso para compartilhar esse modelo com os participantes do Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica. Esse modelo foi a base para o desenvolvimento de anticorpos anti-PD1/L1, bem como a indolamina-dioxigenase alvo-direcionada e outros fatores de microambiente tumoral. Nós usamos isso com grande efeito na pesquisa translacional e para impulsionar o desenvolvimento da imunoterapia no rápido avanço clínico. Outro tópico interessante a discutir será o microbioma fecal, sobre o qual já fizemos observações muito instigantes e estamos prestes a lançar um ensaio clínico integrando a manipulação de microbiomas ao tratamento.

Como você imagina a oncologia em cinco anos?

Os pacientes serão diagnosticados e, após a cirurgia, receberão imunoterapias altamente eficazes e de baixa toxicidade. Aqueles que progredirem terão seus tumores submetidos a análises de biomarcadores multidimensionais para otimizar o tratamento. Isso incluirá sequenciamento molecular padrão para genes como o BRAF. Porém, talvez mais importante, haverá estudos profundos de monitoramento imunológico, avaliando a carga mutacional do tumor, a expressão do gene do RNA que perfila em torno de genes de células T associadas ao interferon-gama e mecanismos de resistência, como a perda de microglobulina beta-2 e moléculas de MHC. Usando essa informação, seremos capazes de trazer um tratamento personalizado para cada paciente.

Que mensagem deixaria para os jovens oncologistas brasileiros?

Que se mantenham animados! O tratamento e a imunoterapia contra o câncer estão mudando rapidamente nossos horizontes como oncologistas. E o melhor ainda está por vir para os pacientes!

Participe do XX Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica!

O evento será realizado de 25 a 28 de outubro, no Hotel Windsor Oceânico, no Rio de Janeiro (RJ). A programação e a área de inscrições estão disponíveis no site www.semanaonco.com.br/oncologiaclinica. #CongressoSBOC