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Recomendação profissional é importante para aumentar cobertura da vacina contra o HPV

Recomendação profissional é importante para aumentar cobertura da vacina contra o HPV

Este é o entendimento da coordenadora substituta do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, a médica Ana Goretti Kalume Maranhão, que participou de um workshop promovido pelo Instituto Oncoguia, no início de setembro. “Tenho ficado abismada com o baixo nível de conhecimento sobre a vacina contra o HPV [Papilomavírus Humano]”, revela. A especialista destacou uma pesquisa de 2015 segundo a qual somente 41,5% dos profissionais de saúde sabiam que a vacina protege contra o câncer de colo de útero.

“Se o profissional não está ciente dos riscos da infecção por HPV, que pode levar à morte, se ele não reconhece a importância dessa vacinação, como vai orientar as famílias?”, questiona a Dra. Ana Goretti. Perguntada sobre se houve alguma capacitação aos contratados pelo Programa Mais Médicos, por exemplo, ela responde que não e que deveria ter sido uma ação da área de Atenção Básica do Ministério. Segundo o relato da especialista, a articulação entre as diversas coordenações da pasta tem sido um desafio. Recentemente, diante da queda significativa nos índices de cobertura vacinal, ela conta que novas tentativas de diálogo e parceria têm acontecido.

Para a Dra. Ana Goretti, já foi comprovado que as famílias tendem a seguir a recomendação dos profissionais de saúde. Ela afirma que o Ministério investe em material educativo e na inserção do tema em congressos médicos. “Mas o Brasil é muito grande; tem muito profissional com dificuldade para se atualizar”, lamenta. “Esta questão da comunicação precisa ser resolvida”, insiste a coordenadora substituta.

Mensagens prioritárias

O principal alerta que deve ser feito para a população-alvo e suas famílias é que a vacina contra o HPV previne contra 70% dos casos de câncer de colo de útero, 44% de vulva, 56% da vagina, 87% de câncer anal e 90% das verrugas genitais. Estudo publicado este ano mostra que a vacina também reduz a taxa de infecção oral por HPV em adultos jovens em até 88%, evitando o câncer de orofaringe.

Outro estudo recente, realizado com homens de 18 a 70 anos, aponta que brasileiros (72%) têm mais infecção por HPV que os mexicanos (62%) e norte-americanos (61%). Além disso, a incidência de câncer de pênis é três vezes maior no Brasil em comparação com os Estados Unidos.

De acordo com a Dra. Ana Goretti, há pesquisas em andamento sobre a efetividade de uma dose única para facilitar a prevenção, mas ainda não existem conclusões a respeito. Sendo assim, o Ministério da Saúde preconiza atualmente duas doses da vacina para meninas de 9 a 15 anos e meninos de 11 a 14 anos.

Também é importante que os profissionais de saúde reforcem a segurança da vacina contra o HPV. De 15 milhões de doses administradas no Brasil desde 2014, houve somente um evento considerado grave com seis meninas do Rio Grande do Sul que tiveram anafilaxia.

Mais uma barreira cultural que a vacinação enfrenta é ser apontada como incentivo ao início da vida sexual. A Dra. Ana Goretti reforça que não há qualquer associação comprovada nesse sentido. “Pelo contrário, 45,5% das adolescentes contraem o HPV antes da primeira penetração vaginal”, revela. “Devemos enfatizar, sim, a vacina como medida fundamental para prevenir o câncer”, orienta.

A vacina contra o HPV está disponível como rotina durante o ano todo para o público-alvo nos 37 mil postos do país. Até 22 de setembro, uma campanha do Ministério da Saúde na mídia lembra a necessidade de se completar o esquema de duas doses.