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SBOC participa de audiência pública sobre eficácia da vacina anti-HPV

SBOC participa de audiência pública sobre eficácia da vacina anti-HPV

No início de outubro, a Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher (CMULHER) aprovou o requerimento 54/2019, que propunha a realização de audiência pública para debater a eficácia e a faixa etária da administração da vacina HPV para homens e mulheres.

A audiência pública foi realizada na última quarta-feira, 30 de outubro, na Câmara dos Deputados, em Brasília, com a participação da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC). Dra. Angélica Nogueira Rodrigues, Diretora da SBOC, esteve presente e destacou que, embora o país tenha um histórico de alta cobertura vacinal, com sólidos programas nacionais de imunização, os programas de vacinação contra o HPV não se adequam à plataforma existente, visto que necessitam atingir crianças e adolescentes que já não frequentam o posto de saúde regularmente. No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, a cobertura vacinal com uma ou mais doses diminuiu de 92% na população-alvo (meninas de 11 a 13 anos) em 2014, quando foi implementada, para 69,5% (meninas de 9 a 11 anos) em 2015 – uma redução de 23% em um ano. “Essa queda foi coincidente com a mudança do local de vacinação da escola para o posto de saúde. O Brasil experimenta ainda uma grande variação na adesão à vacina, com taxas mais altas em áreas mais desenvolvidas, onde o câncer de colo do útero é menos incidente, e taxas mais baixas onde a incidência da doença é historicamente maior. Em estados da região nordeste do país, onde o câncer de colo do útero continua a ser uma das principais causas de câncer em mulheres, a cobertura de primeira dose foi de apenas 21,5% da população-alvo no segundo ano de vacinação pública”, explicou a especialista.

Foi consenso entre os debatedores presentes na audiência que o tema é de extrema relevância. Mais de 16 mil novos casos de câncer de colo do útero são previstos para 2019 no Brasil. Dra. Angélica ressaltou que quase 100% deles estão relacionados ao HPV. “Como a doença afeta predominantemente mulheres jovens, ela representa a maior causa de anos de vida perdidos como resultado do câncer em países de baixa e média rendas” apontou a oncologista. De acordo com o Ministério da Saúde, estima-se que cerca de 54,6% de brasileiros entre 16 e 25 anos estão infectados com HPV e, em 38,4% deles, tratam-se dos subtipos de alto risco, mais associados a câncer de colo do útero, vagina, vulva, pênis, ânus, orofaringe e boca. São doenças passíveis de prevenção primária.

A vacinação anti-HPV é uma ferramenta comprovadamente eficaz na redução de doenças benignas e lesões pré-malignas, sendo esperado impacto breve em incidência e mortalidade por câncer. Segundo dados da OMS, mais de 300 milhões de doses da vacina já foram distribuídas mundialmente e a OMS mantém seu posicionamento de que a vacina é segura. “Apesar da comprovada eficácia e segurança, a adesão à vacina contra o HPV tem sido menor do que a esperada por motivos como pouco conhecimento da população sobre eficácia e segurança da vacina, barreiras culturais, baixa recomendação por profissionais de saúde e estratégias inadequadas de implementação de programas públicos de imunização”, salientou Dra. Angélica.

Atualmente, a vacina contra o HPV está disponível na rede pública de saúde para meninas de 9 a 14 anos e para meninos de 11 a 14 anos de idade. Desde a introdução da vacina em 2014, a cobertura vacinal no país está bem abaixo do recomendado pelo Ministério da Saúde: 51% meninas e 22% dos meninos. “O programa de vacinação contra o HPV no Brasil corre o risco de repetir a trajetória do preventivo de Papanicolau: uma ferramenta muito eficiente, mas, se subutilizada, não atingirá seu potencial”, concluiu Dra. Angelica.

Também párticiparam do debate a deputada Flávia Morais, autora do requerimento; a deputada Sílvia Cristina, presidente da Frente Parlamentar de Combate ao Câncer; Dra. Ana Goretti, do Ministério da Saúde; Luciana Holtz, do Instituto Oncoguia; Dr. Mauro Romero Leal Passos, da Sociedade Brasileira de DST; Dra. Rosane Ribeiro Figueiredo Alves, da UFG.