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Simpósio reúne mais de 600 especialistas em oncologia em SP

Evento promovido pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo abordou o diagnóstico precoce e o desenvolvimento técnico-científico dos profissionais do SUS no estado de São Paulo.

O ICESP, ligado a Secretaria de Estado da Saúde e a Faculdade de Medicina da USP, realizou o segundo Simpósio Paulista de Oncologia, nos dias 5 e 6 de novembro no Centro de Convenções Rebouças. A iniciativa, em parceria com o Comitê Estadual de Referência em Oncologia do Estado de São Paulo, busca incentivar a integração e o desenvolvimento técnico-científico de todos os profissionais envolvidos no tratamento do câncer nos hospitais da rede pública do Estado.

Estiveram presentes no evento mais 600 especialistas em oncologia que abordaram módulos de temas como hematologia, pediatria, infectologia, câncer de mama, pulmão, urológico e gastrintestinal. Para abordar com profundidade os diferentes temas da oncologia atual, o evento manteve a sua estrutura com sessões multidisciplinares (simultâneas) com temas específicos para cada especialidade.

“Nosso principal objetivo é discutir a terapia integrada em oncologia, que ainda hoje reflete um dos maiores desafios do tratamento do câncer. A intenção é que, em um futuro próximo, possamos trabalhar de forma eficiente todos os recursos disponíveis nos diferentes hospitais da rede estadual”, destacou o diretor geral do Icesp, Paulo Hoff.

Junto ao Icesp, participam da organização do Simpósio mais 18 grandes centros de tratamento oncológico de São Paulo: Hospital de Câncer de Barretos, Hospital Amaral Carvalho de Jaú, Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (HC/FMRP), Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Marília (HC/FMM), Hospital de Base de São José do Rio Preto, Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, Hospital Santa Marcelina, Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Instituto de Tratamento de Câncer Infantil (Itaci), Instituto de Oncologia Pediátrica (IOP), do Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (GRAACC), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Centro Infantil Boldrini, Fundação Oncocentro de São Paulo (FOSP), Associação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Combate ao Câncer (ABIFICC), AC Camargo Cancer Center, Instituto Arnaldo Vieira de Carvalho (IAVC), Hospital Pérola Byington e Hospital Heliópolis.

Para explicar melhor os impactos deste evento, segue entrevista com o Dr. Claudio Ferrari, Diretor da SBOC, e Coordenador do Evento.

1 – O 2o Simpósio Paulista de Oncologia (SP ONCO II) tem por objetivo promover a integração e o alinhamento técnico-científico dos profissionais envolvidos no tratamento do câncer dentro do Sistema Único de Saúde em São Paulo. Qual o diagnóstico sobre a educação oncológica dos profissionais de saúde que atuam no SUS em SP?
Entendo que os pacientes, em geral, são cuidados por profissionais motivados e bem qualificados, que enfrentam limitações estruturais e de recursos materiais diversos. Além disso, a má distribuição de casos dentro do sistema de saúde acaba acarretando atrasos importantes na assistência, com impacto nos resultados. Acredito também que o atraso na implantação sistemática do registro eletrônico da informação (prontuário eletrônico) acabe prejudicando ainda mais esse trabalho. Por isso tudo, vejo os profissionais na linha de frente como a melhor parte nesse sistema tão complexo.
É claro que devemos investir continuamente em sua capacitação, principalmente no sentido de desenvolver a abordagem multidisciplinar, especialmente valiosa no tratamento oncológico. Os melhores resultados só podem ser alcançados quando profissionais de diferentes formações atuam de forma integrada.

Há muita disparidade no preparo técnico-científico entre os profissionais de saúde da capital e do interior, entre médicos e demais profissionais de saúde?
O Estado de São Paulo conta com uma rede bastante ampla para o tratamento do câncer dentro do SUS. São mais de 70 hospitais, com diferentes modelos de gestão e contratação pela Secretaria de Saúde. Não acho que exista uma diferença de qualidade importante entre o trabalho realizado pelos hospitais da capital vs. interior. Ao contrário: acho que podemos dizer, sem muito medo de errar, que a excelência se encontra nos serviços que concentram os maiores números de casos. A boa gestão também contribui muito para a qualidade da assistência. Se olharmos para o mapa, vamos encontrar bons serviços espalhados por todo Estado. Quanto à disparidade entre profissionais, acho que tende a se reduzir com a implantação das Residências Multiprofissionais em Oncologia.

O SISREG funciona ou há outro sistema de regulação de leito/tratamento em SP?
O grande desafio que estamos enfrentando na área da saúde – tratar mais pacientes, alcançando melhores resultados com menos recursos – só pode ser enfrentado com a implantação de sistema de informação modernos. Precisamos integrar os vários (+ de 70) “nós da rede” para conseguir identificar instantaneamente as necessidades e disponibilidade de recursos. É preciso desenvolver a interoperabilidade dos sistemas de informação para fazermos uma gestão efetiva dos recursos. Enquanto isso não acontece, o Estado mantém uma regulação de leitos pela CROSS (Central de Regulação de Oferta de Serviços), que consegue resolver muitas questões críticas, trabalhando com dados atualizados de todas as instituições.

2 – Quais as iniciativas para aperfeiçoar a qualidade da educação médica em oncologia que foram proporcionadas neste simpósio? Como iniciativas como esta podem beneficiar os pacientes?
O SP Onco busca promover uma visão multidisciplinar da assistência oncológica – estimulando a atuação sinérgica das diferentes especialidades médicas e o trabalho cooperado entre os diferentes profissionais (enfermagem, farmácia, nutrição, psicologia). Isso tem sido possível pela montagem de programas que privilegiam as discussões de caso. Além disso, nossa preocupação tem sido mostrar o que pode e deve ser feito hoje dentro da realidade SUS. Nesse sentido, acho que estamos inovando bastante. Outro ponto que costumamos explorar no SP Onco é o da pesquisa clínica, que contribui muito para a formação desses profissionais. Acho que tudo o que trabalhamos nas duas edições do Simpósio foram potencialmente benéficas para os pacientes atendidos pelos hospitais da Rede Oncológica do Estado.
3 – Esta iniciativa pode influenciar outros estados, como?
Esperamos que sim. Os valores que estamos promovendo – integração de serviços, abordagem multidisciplinar, etc. – são essenciais para a boa prática oncológica.

4 – Quais as propostas para o futuro?
O ICESP foi escolhido pelos membros do Comitê para responder pelas duas edições do SP Onco. Independentemente de qual serviço irá conduzir o próximo Simpósio, entendo que deveremos fortalecer ainda mais a abordagem multidisciplinar e a pesquisa clínica nesse contexto. Imagino também incluirmos mais temas não diretamente relacionados à assistência na grade do evento, o que pode nos obrigar a ampliar a duração do evento (passaríamos para 3 dias). Gostaria muito de discutir Tecnologia de Informação e Logística na Rede. Também vejo espaço para discutirmos Diretrizes para todas estas instituições. Vamos aguardar.

5 – Algum outro comentário?
A experiência de trabalhar uma programação científica a tantas mão é transformadora.
Os mais de cem profissionais das diferentes instituições envolvidos na organização do Simpósio tiveram que “olhar por cima do muro” para identificar a excelência em outros serviços e trazer estas experiências para serem partilhadas.
Não foi fácil. Mas valeu a pena!

Texto: Fernanda Geppert Assessoria de Imprensa ICESP

Entrevista: Andrea Penna: jornalista SBOC