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Vício silencioso e mortal
Este artigo foi assinado pelo Dr. Evanius Wiermann, oncologista e presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), para o Dia Mundial Sem Tabaco. O texto foi publicado originalmente no caderno Opinião, do jornal Hoje em Dia, no dia 29/05.
Droga lícita, mas extremante viciante e perigosa, o cigarro provoca inúmeras doenças durante longos anos e mata muitas vezes silenciosamente. Diversas campanhas de conscientização vêm sendo realizadas ao longo dos anos no Brasil e no mundo. Neste 31 de maio, Dia Mundial Sem Tabaco é preciso fazer uma reflexão sobre o tabagismo, as conquistas dos últimos anos e o que ainda preciso ser realizado para banir o vício.
Considerado a principal causa de morte evitável no mundo, o tabagismo provoca 10 mil mortes por dia ano no planeta. Caso as atuais tendências de consumo sejam mantidas, esses números chegarão em 2030 para 10 milhões de mortes anuais, sendo metade delas em indivíduos em idade produtiva (entre 35 a 69 anos). O consumo de tabaco é responsável por cerca de 50 doenças. Além disso, está associado a 30% das mortes por câncer, sendo que mais de 90% delas são por câncer de pulmão, 25% dos casos de infarto agudo do miocárdio e quase metade dos derrames cerebrais.
O usuário de produtos de tabaco é exposto continuamente a mais de quatro mil substâncias tóxicas, muitas delas cancerígenas. Esta exposição faz do tabagismo o mais importante fator de risco isolado de doenças graves e fatais.
Pesquisa inédita feita pelo Ministério da Saúde e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revela que o índice de pessoas que consomem cigarros e outros produtos derivados do tabaco é 20,5% menor que o registrado cinco anos atrás. Do total de adultos entrevistados, 14,7% disseram que fumam atualmente. Esse índice era 18,5% em 2008, conforme a Pesquisa Especial de Tabagismo do IBGE (PETab).
A vontade de parar de fumar atinge ainda mais pessoas. Do total de entrevistados que fumam ou já fumou, 51,1% disseram ter tentado largar o hábito nos últimos 12 meses. Nesse caso, foram as mulheres que mais tentaram deixar o cigarro, atingindo 55,9%, contra 47,9% dos homens.
No entanto, os dados ainda são alarmantes. No mundo, mais pessoas fumam hoje do que em 1980, à medida que o crescimento populacional dispara e cigarros ganham popularidade em países emergentes, como China, Índia e Rússia, embora as taxas de tabagismo tenham diminuído nas últimas décadas, alertaram cientistas.
O controle do tabagismo no Brasil e no mundo é uma situação de constantes desafios. É preciso que a sociedade, governos e entidades se voltem para o problema e realizem ainda mais serviços de assistência a este público. Ações educativas também devem partir do círculo familiar e escolar para que esse hábito nada saudável seja erradicado, promovendo saúde e bem-estar social.