Conhecer o mundo em cima de duas rodas
Dr. Augusto Mota conta detalhes sobre uma das suas maiores paixões: o motociclismo
Nascido em Salvador (BA) em 1970, Augusto Cesar de Andrade Mota mudou-se com a família para Santo Antônio de Jesus, interior do estado, ainda na infância. Seu pai era policial militar e foi transferido para trabalhar naquele município interiorano – considerado a capital do Recôncavo Baiano. “É de Santo Antônio que eu ainda guardo viva as minhas maiores lembranças como criança e adolescente”, comenta. “Eu me sinto muito mais um santo-antoniense do que um soteropolitano”, complementa.
Diferentemente de muitos colegas, Augusto não tinha familiares próximos que eram médicos, nem de qualquer outra área da saúde. “Mas minha mãe conta que, desde pequeno, eu dizia que seria médico e meu pai confirmava isso”, lembra.
Ele persistiu em seu objetivo e foi aprovado, no final dos anos 1980, na Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública. Assim como a medicina, a escolha pela oncologia também ocorreu sem influência familiar. Durante a Graduação, Augusto constatou que “não queria seguir em uma especialidade focada em um único órgão do corpo” e, por isso, acabou se interessando pelo tratamento do câncer.
Ao terminar a Graduação, ele fez Residência em Clínica Médica e depois em Hematologia e Hemoterapia no Hospital das Clínicas da Faculdade Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). “Primeiramente, eu me apaixonei por hematologia, ainda na faculdade, quando comecei a utilizar o microscópio nas aulas de histologia”, diz. “É que poder ver as coisas ao nível celular me fascinou muito”, justifica.
Foi apenas em 1998, após terminar a Residência em Hematologia, que Dr. Augusto Mota mudou-se para a cidade norte-americana de New Haven, em Connecticut, no Estados Unidos, para se especializar em oncologia clínica durante um Fellowship de dois anos na Universidade de Yale.
Em 2000, ele voltou a morar no Brasil e, em 2006, finalizou o Doutorado em Medicina e Saúde Humana pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Associado da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) desde 2005, trabalha atualmente
como médico oncologista da Clínica AMO em Salvador, dedicando-se, principalmente, à assistência de pacientes com tumores geniturinários e de cabeça e pescoço.

Autodidata
Durante sua infância e adolescência, Augusto conta que não tinha condições fi nanceiras para pagar um curso de inglês, embora soubesse que tal conhecimento era fundamental para a boa prática da medicina. Foi então que em um fatídico dia, quando ainda estava na Graduação, furtaram o carro do seu pai, um fusca velho, e levaram junto seu livro de patologia. Dias depois, ao ir comprar um novo livro, ele se deparou com uma edição mais moderna, mas em inglês. “Fiquei com aquela dúvida cruel: comprava a versão mais antiga em português, que seria mais fácil de ler, ou já comprava a nova e enfrentava aquele desafi o que seria ler tudo em inglês?”, conta.
Com ajuda do dicionário tradutor, Augusto passou a dominar a língua inglesa meses depois. “Quando cheguei nos Estados Unidos para o Fellowship de oncologia clínica, eu já me virava bem com o inglês e logo se tornou uma língua natural para mim”, lembra.
Apaixonado por viagens de moto
Antes mesmo de se encantar pela hematologia e pela oncologia, Augusto Mota se apaixonou pelas motocicletas. O interesse surgiu durante sua adolescência, onde os veículos de duas rodas eram (e ainda são) um importante meio de locomoção pelas ruas de terra de Santo Antônio de Jesus (BA). “Eu só tinha bicicleta naquela época, mas quando via as motos, meus olhos brilhavam. Mesmo que bem velhas e caindo aos pedaços, só a oportunidade ter contato com aquelas ́bicicletas motorizadas ́ já me fascinava”, lembra.
Ele aprendeu a pilotar motos com 15 anos de idade e agora soma mais de 40 anos de motociclismo. “Viajar de moto se tornou uma das minhas grandes paixões”, diz. “E o motociclismo, para quem não sabe, é uma irmandade. Em qualquer lugar do Brasil ou do mundo, se uma moto parar na estrada, em pouco tempo vários outros motociclistas se aproximam para ver se está tudo bem”, explica.
Há quase 20 anos fazendo viagens nacionais e internacionais, com exceção ao período necessário de restrição por conta da covid-19, ele soma 28 países visitados (até a publicação desta revista). “Conheci pessoas e paisagens incríveis, variando desde países da América Latina, como Peru e Chile, até Tailândia, Laos e Cambodia”, detalha.
Quase sempre, Augusto viaja com um grupo de amigos e aluga uma motocicleta no país que iniciará a viagem. Assim como sua atuação na medicina, suas viagens buscam um aprofundamento interpessoal. Ele prefere visitar regiões pouco conhecidas pelos turistas e conhecer bem as populações locais.
“Acho que as pessoas nesses lugares são mais elas mesmo. Não têm a necessidade de usar as ́máscaras sociais ́ comuns nas grandes cidades”, avalia. “O que mais me atrai é sentar e conversar com essas pessoas, dormir nas casas delas e comer a mesma comida que elas”, complementa.

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