SBOC intensifica ações de ESG
Novas iniciativas de responsabilidade ambiental e social se juntam ao moderno modelo de governança da instituição
O XXIV Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica foi um marco no processo de construção do conceito ESG na SBOC. Sigla em inglês relacionada a ações nas áreas de meio ambiente, responsabilidade social e governança, esse tipo de conduta está alinhada aos objetivos que deram origem a esta Sociedade, mas passou a ganhar mais força nos últimos anos.
“É muito representativo que a primeira arena do Congresso SBOC 2023 tenha sido sobre ESG”, disse o Presidente em Exercício da SBOC naquele ano, Dr. Carlos Gil Ferreira. Durante o evento cujo lema foi acesso e equidade, ele lembrou que o desenvolvimento da área de ESG na SBOC teve como uma das primeiras grandes ações a modernização do estatuto da entidade. “Desde 2022, a gestão da SBOC passou a contar com um modelo mais participativo e que permite a continuidade dos programas e projetos ano a ano”, disse.
A função de Presidente da SBOC, que antes era exercida pelo período de dois anos passou a ser de três anos, mas com atribuições distintas: Presidente Eleito, que inicia na Diretoria um ano antes de ocupar a Presidência e assim se familiariza com todas as iniciativas da instituição; Presidente em Exercício, que lidera a instituição ao longo de um ano; e Presidente de Honra, que é o Presidente da última gestão, mas que se mantém na diretoria por mais um ano.
“De certa forma, a SBOC acaba contando com a colaboração e a experiência de três Presidentes”, avalia Dr. Carlos Gil, que foi o primeiro Presidente a ocupar o cargo nesse novo modelo de gestão. “O mesmo vale para os membros da Diretoria, que ficam na função por três anos e interagem com gestões e Presidentes distintos”, acrescenta.
Responsabilidades socioambientais
Em um contexto no qual desigualdades sociais no acesso aos cuidados oncológicos são constantes, a SBOC tem buscado contribuir para que mais pacientes desfrutem dos meios de prevenção, diagnóstico e tratamento contra o câncer. Apenas em 2023, por exemplo, os associados da entidade dedicaram, de forma voluntária, mais de 230 horas em audiências públicas, reuniões científicas, encontros e produções de conteúdos informativos voltados à tomada de decisões mais equânimes no sistema de saúde brasileiro.
A SBOC, que já tinha criado em 2020 o Comitê de Lideranças Femininas, criou em 2023 os Comitê de Políticas Públicas, SUS e Práticas Independentes, Jovens Oncologistas e Diversidade. “Esses novos comitês exemplificam a nossa preocupação com a equidade no acesso e também com a representatividade associativa”, comenta a diretora-executiva da SBOC, Dra. Marisa Madi. “O Comitê de Diversidade, em especial, tem chamado a atenção para reflexões importantes sobre a disparidade racial no acesso e no atendimento oncológico, assim como para questões voltadas à orientação sexual e à identidade de gênero nas ações de prevenção e tratamento do câncer”, acrescentou.
Diretora-executiva da SBOC, Dra. Marisa Madi registra seu apoio às
ONGs “apadrinhadas” durante o Congresso.
No Congresso SBOC 2023, duas organizações não governamentais da cidade do Rio de Janeiro, a Casa de Apoio à Criança com Câncer de Santa Teresa e a Favela Compassiva, que presta cuidados paliativos a moradores das comunidades da Rocinha e Vidigal, foram apadrinhadas. Elas puderam divulgar seus trabalhos e angariar doações dos congressistas.
Ainda durante o evento, a SBOC estabeleceu que, pelo menos, 25% das vagas temporárias e destinadas à execução dos três dias de Congresso fossem inclusivas, ou seja, preenchidas por pessoas afrodescendentes, idosas, LGBTQIA+ (lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e queer) e com necessidades especiais.
Como pilar ambiental, o XXIV Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica foi o primeiro da instituição a ter seus gases de efeito estufa neutralizados. Para isso, a SBOC fechou uma parceria com a Carbon Free Brasil que, a partir de uma metodologia usada internacionalmente, estimou a emissão de 100 toneladas de carbono em decorrência do consumo médio de energia elétrica, geração de efluentes e resíduos sólidos, assim como o deslocamento de staffs, palestrantes, e demais participantes do evento.
Com base nesse cálculo, a SBOC comprou um crédito de carbono que será destinado às pequenas fábricas de cerâmicas Argibem, São Sebastião e Vulcão, localizadas na Barra do Piraí – região Sul do estado do Rio de Janeiro. Elas utilizavam óleo pesado como combustível para queima das peças, mas desde 2006, com apoio de créditos de carbono, passaram a usar biomassa renovável, que é uma fonte limpa de energia.
Em parceria com a consultoria Gestão Origami, a SBOC está também desenvolvendo uma matriz de materialidade em ESG, ou seja, uma análise para identificar e priorizar as ações mais importantes e que estejam dentro da área de atuação da instituição no que se refere a questões ambientais, sociais e de governança corporativa. A instituição, seguindo tendências nacionais e internacionais, também se prepara para elaborar seu primeiro Relatório ESG, cuja previsão de publicação é o primeiro semestre deste ano. O objetivo é reportar, de forma clara e transparente, os principais impactos socioambientais de curto, médio e longo prazo relacionados à atuação desta Sociedade.
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Censo inédito a caminho
Além de discutir as principais novidades científicas da área, o XXIV Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica, que acontecerá de 16 a 18 de novembro na cidade do Rio de Janeiro, apresentará ao público os resultados do primeiro Censo SBOC da Oncologia Clínica. Realizado pelo Instituto DataFolha, o estudo já terminou a fase de coleta de dados e contou com a participação de 761 oncologistas clínicos associados com atuação em mais de 200 municípios de todas as regiões do país.
A partir das informações respondidas por eles, serão conhecidos a faixa etária média do oncologista clínico brasileiro, perfil acadêmico, se possuem titulação, faixa salarial, onde e como atuam, perfil de pacientes atendidos, participação em pesquisas clínicas, epidemiológicas ou translacionais.
Outros aspectos abordados pelo Censo são nível de satisfação, estresse e os principais desafios da prática oncológica no Brasil; percepção que eles têm acerca da adesão da população a programas de prevenção e tratamento, o cenário dos diagnósticos tardios, o acesso a novos medicamentos, subfinanciamento e/ou gestão ineficiente nos sistemas de saúde.
Com essa grande pesquisa, iremos conhecer com mais profundidade quem são os oncologistas clínicos que atuam diariamente nos sistemas público e privado do país e quais são suas maiores dificuldades”, conta presidente da SBOC, Dr. Carlos Gil Ferreira. “As informações obtidas serão fundamentais para o planejamento das ações da SBOC e até mesmo para a definição de diferentes políticas públicas na área oncológica”, acrescenta.
Membro da Diretoria da SBOC, Dra. Clarissa Baldotto explica que, a partir do Censo, também será possível entender a necessidade e adequação de vagas nos Programas de Residência Médica em Oncologia Clínica.
“Esperamos que essa pesquisa nos ajude a entender melhor o perfil de nossos associados para criarmos mais programas de apoio, educação e participação que tornem a SBOC cada vez mais uma referência importante para os oncologistas. Essa é a melhor forma de estimular o interesse dos residentes”, enfatiza.
O Censo SBOC da Oncologia Clínica também irá coletar informações de oncologistas clínicos não associados a entidade. Segundo o estudo Demografia Médica no Brasil 2023, existem 4.182 pessoas registradas como oncologistas clínicos no Brasil, embora nem todos atuem na área. Aproximadamente 13% dos oncologistas clínicos têm registros também em outras especialidades médicas.
Veja na animação ao lado mais dados sobre a Demografia Médica no Brasil 2023.
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