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SBOC REVIEW

Abiraterona e olaparibe para câncer de próstata metastático resistente à castração

Resumo do artigo:

Atualmente, as opções de tratamento em primeira linha para o câncer de próstata metastático resistente à castração (CPRCm) incluem agentes hormonais de nova geração como abiraterona e enzalutamida e a quimioterapia com docetaxel.

O estudo de fase III PROfound avaliou o inibidor de PARP olaparibe versus enzalutamida ou abiraterona após progressão de doença a um agente hormonal prévio, demonstrando benefício do olaparibe em monoterapia em sobrevida livre de progressão radiológica (SLPr) e sobrevida global (SG) em pacientes portadores de mutação BRCA1, BRCA2 ou ATM.

Diante dessa possibilidade terapêutica, foi desenhado o estudo de fase III PROpel randomizado e duplo-cego, com abiraterona e olaparibe versus abiraterona e placebo em primeira linha para pacientes com CPRCm. O desfecho primário foi SLPr e os desfechos secundários foram SG, tempo até o primeiro tratamento subsequente, segunda sobrevida livre de progressão (SLPr2), complicações ósseas, taxa de resposta, segurança e qualidade de vida. Foram reportados dados da primeira análise interina planejada.

Foram incluídos pacientes com CPRC com pelo menos uma lesão metastática documentada por exames de imagem convencionais, independentemente do status de recombinação homóloga (HRR). Tratamento sistêmico prévio não era permitido, exceto por terapia de deprivação androgênica e antiandrogênicos de primeira geração, desde que interrompido o uso há pelo menos 4 semanas do início do estudo. Docetaxel neo/adjuvante para doença localizada ou em cenário metastático castração sensível era permitido. No total, 796 pacientes foram randomizados: 399 para abiraterona (1000 mg uma vez ao dia) com olaparibe (300 mg duas vezes ao dia) e 397 para abiraterona (1000 mg uma vez ao dia) com placebo. Todos os pacientes receberam prednisona ou prednisolona (5 mg duas vezes ao dia).

A análise primária demonstrou que a mediana de SLPr foi significativamente maior no braço intervenção, com redução no risco de progressão radiológica de 34% (24,8 vs 16,6 meses; HR 0,66; IC 95% 0,54-0,81; p < 0,001). A análise de SLPr por revisão central independente foi consistente com a análise primária (27,6 vs 16,4 meses; HR 0,61, IC 95% 0,49-0,74).

Foram incluídos 226 pacientes com deficiência nos genes de reparo de DNA e 186 pacientes proficientes. As análises exploratórias de subgrupos predefinidos foram consistentes no benefício da combinação com olaparibe em SLPr independentemente do status de HRR (deficientes: HR 0,50; IC 95% 0,34-0.73; proficientes: HR 0,76; IC 95% 0,60-0.97).

Os dados de SG são imaturos. Houve benefício em tempo até o primeiro tratamento subsequente (HR 0,74; IC 95% 0,61-0,90) e SLPr2 (HR 0,69; IC 95% 0,51-0,94). O evento adverso (EA) grau ≥3 mais comum foi anemia (15,1% com olaparibe vs 3,3% com placebo); 13,8% vs. 7,8% pacientes, respectivamente, descontinuaram olaparibe/placebo devido a um EA. A taxa de EAs que levaram à descontinuação de abiraterona foi semelhante em ambos os braços (8,5 vs. 8,8%). Os dados demonstram qualidade de vida semelhante entre os dois braços.

Concluindo, a análise primária do estudo mostrou benefício significativo em SLPr a favor de abiraterona e olaparibe em comparação a abiraterona e placebo no tratamento de primeira linha para pacientes com CPRCm independentemente do status de HRR.

 

Comentários:

O inibidor de PARP olaparibe em monoterapia já havia mostrado benefício em SLPr e SG em pacientes com CPCRm portadores de mutação BRCA1, BRCA2 ou ATM que haviam falhado a um agente hormonal de nova geração no estudo PROfound. O estudo PROpel teve como objetivo primário avaliar a combinação de olaparibe e abiraterona versus placebo e abiraterona em primeira linha no CPCRm.

A análise primária foi positiva para o desfecho primário de SLPr, a favor do braço intervenção na população por intenção de tratar e análises exploratórias de subgrupos sugerem benefício independentemente do status HRR (porém, mais robusto na população deficiente de HRR), com boa tolerância. Até o momento, os dados de SG ainda são imaturos.

Sendo assim, o estudo PROpel mostrou que a combinação de olaparibe com abiraterona poderá ser uma opção de tratamento de primeira linha em CPRCm, favorecendo a população deficiente para HRR. Devemos aguardar, portanto, dados maduros de sobrevida global para que seja definida como uma estratégia de tratamento neste cenário.

 

Citação: Noel W. Clarke et al. Abiraterone and Olaparib for Metastatic Castration-Resistant Prostate Cancer. N Engl J Med. Published online June 3, 2022. DOI: 10.1056/EVIDoa2200043.

Avaliador científico:

Dra Vivian Naomi Horita

Médica Oncologista pela UNICAMP.

Oncologista Clínica assistente no ICESP-FMUSP e Hospital Sírio Libanês.