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SBOC REVIEW

Ácido zoledrônico em intervalo mais longo comparado ao intervalo padrão

O ácido zoledrônico (AZ) é utilizado na prevenção de eventos relacionados ao esqueleto em pacientes com mieloma múltiplo ou tumores sólidos com metástases ósseas. Entretanto, eventos adversos associados ao medicamento são observados, como osteonecrose de mandíbula, hipocalcemia e nefrotoxicidade. De modo empírico, os estudos que estabeleceram o beneficio do AZ nesse contexto foram desenhados com seu uso a cada 4 semanas, sem dados farmacodinâmicos convincentes.

Com o objetivo de avaliar se um regime menos intenso de AZ é não-inferior ao regime padrão na prevenção de eventos relacionados ao esqueleto em pacientes com metástases ósseas, 1822 pacientes com diagnósticos de câncer de mama, próstata ou mieloma múltiplo com ao menos um sítio de metástase óssea foram incluídos em um ensaio clínico aberto multicêntrico.* Os pacientes foram randomizados entre dois regimes de AZ: a cada 4 semanas versus a cada 12 semanas por 2 anos. O desfecho primário foi a proporção de eventos relacionados ao esqueleto (fratura clínica, compressão medular, indicação de radioterapia óssea, ou cirurgia ortopédica) entre os grupos. Um total estatisticamente significativo para não-inferioridade de 253 pacientes (28.6%) no grupo do ácido zoledrônico a cada 12 semanas apresentou eventos relacionados ao esqueleto versus 260 pacientes (29,5%) no grupo a cada 4 semanas (diferença de risco de -0,3% [-4 a ∞, IC 95% unicaudal]; P <0,001 para não-inferioridade). Adicionalmente, não houve diferença nas análises por diferentes sítios de tumor, escores de dor, performance status, incidência de osteonecrose de mandíbula ou disfunção renal entre os grupos.

* Himelstein et al. JAMA. 2017 Jan 3;317(1):48-58. PMID: 28030702

Comentários: O estudo foi positivo para o seu objetivo primário, comprovando a não-inferioridade do ácido zoledrônico com intervalo mais longo comparado ao intervalo padrão na prevenção de eventos relacionados ao esqueleto em pacientes com metástases ósseas. As consequências mais relevantes derivadas desse estudo são em logística e comodidade para os pacientes e em redução de custos aos sistemas de saúde mundiais.

Adriana Matutino, MD.

Médica oncologista, ex-residente do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, Universidade de São Paulo. Clinical Research Fellow  no Tom Baker Cancer Centre, University of Calgary, Canada.