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SBOC REVIEW

[▶ Comentário em vídeo] Amivantamabe com Lazertinibe em Câncer de Pulmão de Células Não-Pequenas Avançado com Mutação de EGFR sem Tratamento Prévio

Comentário em vídeo:

 

Resumo do artigo:

As mutações de EGFR estão presentes em cerca de 15-50% dos cânceres de pulmão de células não pequenas (CPCNP) avançado de histologia não escamosa. Dentre essas alterações, a deleção do éxon 19 (Ex19del) e a mutação L858R no éxon 21 representam cerca de 85-90% dos casos. Estratégias para o tratamento-alvo destas mutações foram bem-sucedidas desde o advento dos inibidores de tirosina quinase (TKI), porém mecanismos de resistência se desenvolvem em praticamente todos os pacientes, dentre os quais, destacam-se as alterações da via do próprio EGFR e a ativação da via do MET.

O estudo clínico randomizado de fase 3 MARIPOSA foi então desenhado para avaliar o tratamento com amivantamabe, um anticorpo monoclonal biespecífico direcionado ao EGFR e ao MET, em associação a lazertinibe, um TKI de 3ª geração do EGFR, no tratamento de primeira linha de pacientes com CPCNP avançado apresentando mutações em EGFR, em comparação a osimertinibe ou a lazertinibe em monoterapia. Na publicação do New England Journal of Medicine, o foco foi a avaliação de desfechos na comparação entre amivantamabe-lazertinibe (n=429) versus osimertinibe (n=429).

O estudo incluiu pacientes com idade mediana de 63 anos, cerca de 60% eram do sexo feminino, 70% não possuíam história de tabagismo, 40% possuíam história de metástases cerebrais e 60% apresentavam mutação do EGFR do tipo Ex19del. Os resultados demonstraram que a combinação de amivantamabe-lazertinibe reduziu em 30% o risco de progressão de doença ou morte em comparação com osimertinibe, com medianas de 25,8 versus 16,8 meses, respectivamente (HR=0,70; IC 95%, 0,58-0,85; p < 0,001). A taxa de resposta objetiva foi semelhante nos braços (86% versus 85%), com maior duração mediana de resposta em favor de amivantamabe-lazertinibe (25,8 versus 16,8 meses). Esses resultados foram consistentes na avaliação de subgrupos, incluindo aqueles com e sem metástases cerebrais, as diferentes alterações de EGFR e as diferentes etnias. A avaliação de sobrevida global ainda é imatura (HR=0,80; IC 95%, 0,61-1,05), porém com maiores taxas para a combinação de amivantamabe-lazertinibe aos 18 meses (82% versus 79%) e aos 24 meses (74% versus 69%).

Os eventos adversos relacionados ao tratamento foram frequentes em ambos os grupos, acometendo 98% dos pacientes no braço amivantamabe-lazertinibe. Os eventos de graus ≥ 3 relacionados ao tratamento ocorreram em 60% dos pacientes no braço amivantamabe-lazertinibe, comparado a 14% no braço osimertinibe. A combinação de amivantamabe e lazertinibe foi associada a uma maior incidência de eventos tromboembólicos (37% versus 9%) e rash cutâneo (89% versus 49%). Eventos adversos levando à descontinuação do tratamento ocorreram em 35% dos pacientes no braço amivantamabe-lazertinibe e 14% no braço osimertinibe.

Como conclusão, a combinação de amivantamabe e lazertinibe demonstrou uma eficácia superior em termos de sobrevida live de progressão e duração de resposta em comparação com osimertinibe em pacientes com CPCNP avançado com mutações de sensibilidade do EGFR, destacando-se como uma nova opção terapêutica promissora. Contudo, devido ao perfil de segurança apresentado, seu uso requer seleção adequada dos pacientes e monitoramento cuidadoso.

 

Comentário do avaliador científico:

O tratamento de primeira linha do CPCNP avançado com mutação de EGFR tem evoluído de maneira favorável nos últimos anos, destacando-se que recentemente tivemos a apresentação de dois diferentes estudos, FLAURA-2 e MARIPOSA, que sugerem benefício na intensificação terapêutica frente ao uso de osimertinibe monoterapia. Na ASCO 2024 foi apresentada uma análise que reforça o benefício em pacientes com características de maior risco (metástases cerebrais e hepáticas, comutação de TP53 e avaliações de ctDNA), porém também em pacientes sem essas características.

Entretanto, alguns pontos ainda merecem maior clareza para uma mudança definitiva de conduta. Em primeiro lugar, apesar da maior sobrevida livre de progressão frente ao osimertinibe em dois diferentes estudos, os dados de sobrevida global ainda são imaturos. No contexto atual ainda carecemos de maior clareza sobre subgrupos com maior benefício da intensificação de tratamento, particularmente nas demais comutações e nas alterações incomuns de EGFR, estas últimas não avaliadas nos dois ensaios clínicos. Por fim, protocolos devem ser estabelecidos para mitigar as toxicidades de amivantamabe-lazertinibe, otimizando a sua razão risco-benefício, o que vem sendo investigado nos estudos PALOMA-3 e COCOON.

 

Citação:

Cho BC, Lu S, Felip E, et al. Amivantamab plus Lazertinib in Previously Untreated EGFR-Mutated Advanced NSCLC. N Engl J Med. Published online June 26, 2024. doi:10.1056/NEJMoa2403614

 

Avaliador científico:

Dr. Daniel Vargas Pivato de Almeida

Oncologista Clínico no Grupo Oncoclínicas – Brasília/DF

Diretor Executivo do LACOG-GU

Oncologista Clínico pela Beneficência Portuguesa de São Paulo – São Paulo/SP

Research Fellow no Memorial Sloan Kettering Cancer Center – New York/USA

MBA Executivo: Gestão de Saúde pela FGV

Instagram: @drdaniel.vargas

Cidade de atuação: Brasília/DF

Análise realizada em colaboração com o oncologista sênior Dr. William William.