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SBOC REVIEW

Análise de cinco anos do tratamento adjuvante com dabrafenibe e trametinibe em melanoma estádio III

Resumo do artigo:

O tratamento adjuvante com os bloqueadores da via MAPK, Dabrafenibe (anti-BRAF) e Trametinibe (anti-MEK) já havia demonstrado benefício, ao ser comparado com duplo placebo, conforme publicações anteriores. Esta atualização, após acompanhamento de 5 anos, foi realizada para confirmar a estabilização dos dados de sobrevida livre de recorrência.

O estudo COMBI-AD incluiu pacientes com melanoma cutâneo completamente ressecado, incluindo linfadenectomia em um período máximo de 12 semanas anteriores à randomização, com estádio III (IIIa, IIIb e IIIc), conforme classificação pela sétima edição da AJCC, que apresentassem mutação V600 E ou K do gene BRAF. Os pacientes foram randomizados para receber 12 meses de tratamento adjuvante com Dabrafenibe + Trametinibe, em suas doses usuais ou duplo placebo pelo mesmo período. O tratamento foi mantido até o final dos 12 meses ou suspenso em caso de progressão de doença, toxicidade inaceitável, retirada do consentimento ou morte.

O desfecho primário do estudo foi a sobrevida livre de recorrência, definida como o tempo decorrido entre a randomização e a progressão de doença ou morte por qualquer causa. Os desfechos secundários eram a sobrevida global, sobrevida livre de recorrência à distância, ausência de recorrência e segurança.

Resultados publicados previamente demostraram um benefício em sobrevida livre de recorrência aos três anos (58% vs. 39%; HR 0,47; IC 95% 0,39 a 0,58; p< 0,001). Os dados de sobrevida global aos três anos não haviam atingido ainda o nível de significância pré-planejada (p=0,000019).

Foram randomizados 870 pacientes, com características bem balanceadas entre os dois grupos de intervenção e, para esta publicação, todos os pacientes já haviam concluído o período de 12 meses de tratamento, com acompanhamento médio de 59 meses. Pacientes com estádio IIIa eram 19% no grupo Dabrafenibe + Trametinibe e 16% no grupo placebo. Nesta publicação de 5 anos de acompanhamento, recorrência de doença ou morte antes de recorrência documentada aconteceu em 43% dos pacientes no grupo de intervenção e em 61% dos pacientes no grupo placebo. O tempo médio para recorrência ainda não foi atingido no grupo de intervenção e foi de 16,6 meses no grupo placebo (HR para recorrência ou morte, 0,51; IC 95% 0,42 a 0,61), tendo assim o estudo atingido o seu desfecho primário. A sobrevida livre de recorrência de acordo com o estádio clínico pela AJCC sétima edição demonstrou benefício nos subgrupos IIIa, IIIb e IIIc. Em uma análise post-hoc, o benefício se manteve ao ajustar-se o estadiamento para a oitava edição da AJCC, estádios IIIa, IIIb, IIIc e IIId. Nesta publicação, não foram avaliados novos dados de segurança, visto que a totalidade dos pacientes já havia completado o período de tratamento.

 

Five-Year Analysis of Adjuvant Dabrafenib plus Trametinib in Stage III Melanoma. R. Dummer et al. NEJM. 2020 Sep. 17th; 383: 1139-1148
Análise de Cinco Anos do Tratamento Adjuvante com Dabrafenibe e Trametinibe em Melanoma Estádio III.

 

Comentários do avaliador científico:

Em pacientes com melanoma cutâneo completamente ressecado,  estádio III, que apresentam a mutação V600E ou K do BRAF, o tratamento com Dabrafenibe + Trametinibe pelo período de 12 meses manteve o seu benefício de aumento do tempo de sobrevida livre de recorrência para a população como um todo e para os subgrupos analisados, com uma tendência a estabilização das curvas no longo prazo. A análise dos dados de sobrevida global ainda necessita mais tempo de acompanhamento.

Posteriormente as análises do estudo, a necessidade da linfadenectomia total após a positividade da pesquisa do linfonodo sentinela foi revisada, baseada na publicação dos dados dos estudos MSLT-II e DeCOG. Se haverá ou não diferença nos resultados tratamento adjuvante sem a realização da linfadenectomia total, ainda deverá ser determinado por investigações posteriores.

A partir da atualização do estadiamento para a oitava edição da AJCC e, portanto, um grupo de prognóstico mais favorável no estádio IIIa, o benefício real do tratamento adjuvante para este subgrupo de pacientes, apesar de atualmente aprovado, deveria ser motivo de investigação adicional.

 

Avaliador científico:
Dr. Rodrigo Perez Pereira, MD
Oncologista Clínico com formação pelo Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Líder de Práticas Assistenciais em Tumores Cutâneos do Grupo Oncoclínicas.