SBOC REVIEW
Análise de sobrevida global em pacientes com câncer de mama metastático que receberam fulvestranto associado a anastrozol
Resumo do artigo:
Análise do desfecho secundário, sobrevida global do estudo S0226 após um seguimento máximo de 12 anos.
Estudo clínico aberto no qual 694 pacientes do sexo feminino, com câncer de mama hormônio-positivo, virgens de tratamento no cenário metastático (adjuvância era fator de estratificação e permitido se completada há > 12 meses) e ECOG 0-2 foram randomizadas para receber fulvestranto na dose inicial de 500mg, seguida da administração de 250mg no D1 e D28 e então manutenção com 250mg a cada 28 dias em associação a anastrozol ou anastrozol monoterapia. Media de idade foi 65 anos, 40% haviam recebido adjuvância com tamoxifeno e aproximadamente 10% apresentavam HER2-positivo.
Nesta atualização, em relação à sobrevida livre de progressão, foi mantida a superioridade a favor do grupo da combinação de fulvestranto com anastrozol quando comparado ao grupo que recebeu anastrozol monoterapia (15 versus 13,5 meses respectivamente; HR 0,81; p=0,007). A media de sobrevida global foi de 42 meses para grupo padrão e de 49,8 meses no grupo da combinação (HR 0,82, 95%IC 0,69-0,98; p= 0,03). Em análise de subgrupo, ganho de sobrevida global foi superior no grupo de pacientes que não haviam recebido tamoxifeno previamente (HR 0,73). Eventos adversos grau 3 ocorreram em 15% das pacientes no grupo da combinação e em 13% das pacientes do grupo anastrozol, incluindo dor musculoesquelética, fadiga, fogachos, alterações de humor e sintomas gastrointestinais.
Overall Survival with Fulvetsrant plus Anastrozol in metastatic Breast Cancer. March 28, 2019. N Engl J Med 2019; 380:1226-1234. DOI: 10.1056/NEJMoa1811714
Análise de sobrevida global em pacientes com câncer de mama metastático que receberam fulvestranto associado a anastrozol.
Comentários do editor:
- Houve ganho de sobrevida global na população geral do estudo, porém o ganho foi mais expressivo para o grupo de pacientes que não haviam recebido adjuvância hormonal previamente (60% das pacientes).
- Dose inicialmente proposta de fulvestranto foi de 250mg, entretanto, após dados do estudo CONFIRM (2010), dose de 500mg na manutenção poderia ser empregada. Uma vez que os centros não eram obrigados a reportar se houve modificação na dose do fulvestranto, os números são subestimados. Acredita-se que a maior parte das pacientes no crossover tenha recebido a nova dose padrão de 500mg.
- Apesar de 45% das pacientes terem recebido fulvestranto após progressão (exceto crise visceral), estudo mantém ganho de sobrevida global na população geral estudada, indicando que exista benefício da combinação em primeira linha, especialmente para as pacientes virgens de hormonioterapia.
- Na minha opinião, estes dados precisam ser contextualizados, especialmente neste cenário de primeira linha do tratamento da doença metastática hormônio sensível, uma vez que novos agentes, como os inibidores de CDK4/CDK6, foram recentemente introduzidos na prática clínica. Estudos para melhor compreensão de mecanismos de resistência são aguardados.