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SBOC REVIEW

Análise do DNA do Epstein-Barr vírus como rastreamento do carcinoma de nasofaringe

A oncologia clínica vive um momento ímpar na pesquisa de novas ferramentas de diagnóstico precoce, com destaque para a busca por ferramentas que avaliem o DNA tumoral no sangue. Pesquisadores de Hong Kong conduziram um grande estudo prospectivo, a partir de amostras de sangue de 20 mil pessoas assintomáticas, em busca de DNA viral do Epstein-Barr (EBV) como biomarcador para carcinoma de nasofaringe. O carcinoma de nasofaringe é muito prevalente no sudeste asiático e sua patogênese relacionada a infecção pelo EBV já é bem estabelecida. O estudo focou uma população epidemiologicamente de maior risco (homens, entre 40 e 62 anos de idade). Amostras de 20 ml de sangue de 20.174 pacientes foram então avaliadas em busca do DNA viral, o teste de screening foi considerado positivo quando uma segunda amostra, após quatro semanas, também fosse positiva. Um mil cento e doze (n-1112) pacientes tiveram uma primeira amostra positiva e 309 tiveram o teste confirmado como positivo em uma segunda amostra. Esses pacientes considerados positivos foram posteriormente avaliados com nasofibroendoscopia e ressonância nuclear magnética e biópsia de tecido suspeito. Dos 309 pacientes com screening positivo, nove declinaram avaliação adicional com RNM e endoscopia e desses nove, um teve diagnóstico de carcinoma de nasofaringe 32 meses depois. Dos 300 que seguiram com os exames adicionais, 34 tiveram uma biópsia positiva confirmatória para carcinoma de nasofaringe (11%). Achado adicional do estudo foi a maior proporção de diagnóstico em estádio precoce e sobrevida livre de progressão quando comparado com dados históricos.

Chan e cols. NEJM. 2017 Aug 10;377(6):513-522. PMID: 28792880

Comentários: Este estudo asiático foi muito bem conduzido e também pode ser considerado um belo estudo de prova de conceito, a partir do qual pode-se detectar câncer em estádio precoce a partir de um método não invasivo. Vale a discussão futura se tal metodologia, quando disponível na pratica clínica, também resultará em diminuição de mortalidade em estudos randomizados.

Carlos Henrique A. Teixeira, MD.
Oncologista clínico do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e CPO do grupo Oncoclínicas.