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SBOC REVIEW

Apixaban para tratamento de tromboembolismo associado ao câncer

Resumo do artigo:

Tromboembolismo é uma causa comum de complicações e até mesmo morte em pacientes com câncer. O tratamento do tromboembolismo com anticoagulantes pode ser complicado por recorrência do tromboembolismo, sangramento ou interações medicamentosas com a terapia contra o câncer. A maioria dos guidelines recomenda o uso de heparina de baixo peso molecular. Outros agentes como rivaroxabana também são recomendados, porém estão associados a maior chance de sangramento especialmente em mucosa gastrointestinal.

O estudo em questão tem o desenho de não inferioridade entre apixabana e delteparina por seis meses. A dose de apixabana era de 10mg, duas vezes ao dia, por sete dias, seguida de 5mg duas vezes ao dia. A dose de delteparina era de 200UI por quilo aplicadas uma vez por dia de maneira subcutânea no primeiro mês seguida de 150UI por dia. O objetivo primário era recorrência comprovada de tromboembolismo nos seis meses de tratamento. O principal parâmetro de segurança avaliado era ocorrência de sangramento importante, que era definido por qualquer um desses fatores: queda de 2 pontos da hemoglobina, transfusão de 2 ou mais concentrados de hemácias, sangramentos em sítios críticos (intracraniano, intraespinhal, intraocular, retroperitoneal e intramuscular com síndrome compartimental), sangramento com necessidade de intervenção cirúrgica ou sangramento fatal.

Um total de 1170 pacientes foram randomizados e 1155 foram incluídos na análise por intenção de tratamento. A recorrência de tromboembolismo venosos foi de 5.6% no grupo da apixabana e 7.9% no grupo da delteparina (hazard ratio (HR) de 0.63; P<0.001 para não inferioridade e P=0.09 para superioridade). Sangramento importante ocorreu em 3.8% dos pacientes do grupo da apixabana e 4.0% dos pacientes do grupo da delteparina (HR=0.82; P=0.60). Não houve casos de sangramento fatal no grupo da apixabana, enquanto 2 sangramentos fatais ocorreram no grupo da delteparina.

 Apixaban for the Treatment of Venous Thromboembolism Associated with Cancer. N Engl J Med. 2020 Apr 23;382(17):1599-1607.

Apixaban para o tratamento de tromboembolismo associado ao câncer

 

Comentário do avaliador científico e editor:
O tratamento de eventos tromboembólicos em pacientes com câncer é corriqueiro na vida do oncologista. Entre os desafios do tratamento, estão evitar a recorrência ou agravamento do evento, manejar possíveis interações com drogas anti-neoplasicas e evitar a ocorrência de sangramentos importantes. Nesse sentido, durante muito tempo, as heparinas de baixo peso molecular foram as drogas de escolha. No entanto, tais drogas têm a inconveniência de serem injetáveis e precisarem ser administradas diariamente por via subcutânea. O estudo em questão tem uma importância grande na medida que demonstra a não inferioridade, em termos de eficácia, de um anticoagulante oral sem um aumento na ocorrência de sangramento, o que havia sido observado em estudos com outras drogas orais como a rivaroxabana. Além disso, a medicação demonstrou ser segura em uma população de pacientes com doença ativa e em tratamento concomitante com medicações contra o câncer. Certamente será uma droga bem-vinda no manejo dos pacientes oncológicos.

 

Avaliador científico e editor:
Dr. Daniel da Motta Girardi
Filiações: Oncologista clínico do Hospital Sírio-Libanês de Brasília e do Hospital de Base do Distrito Federal. Advanced fellow no programa de tumores geniturinários do National Cancer Institute, Bethesda, Estados Unidos da América.