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SBOC REVIEW

ASCO 2018 – Câncer de pulmão não-pequenas células avançado

Gilberto Lopes, Pembrolizumab versus platinum-based chemotherapy as first-line therapy for advanced/metastatic NSCLC with a PD-L1 tumor proportion score (TPS) ≥ 1%: Open-label, phase 3 KEYNOTE-042 study. Nº LBA4

Esse estudo de fase 3 aleatorizou 1274 pacientes com CPNPC e TPS ≥ 1% para receber pembrolizumabe ou quimioterapia com doublet de platina a escolha do investigador, em primeira linha. Os desfechos primários foram sobrevida global (SG) em pacientes com TPS ≥50%, ≥20% e ≥1%. Importante ressaltar que 47% e 64,2% dos pacientes apresentavam TPS ≥50% e ≥20%, respectivamente. Após follow-up mediano de 12,8 meses, foi observado ganho em SG, favorecendo o braço da imunoterapia, em pacientes com TPS ≥50% (mediana 20 vs. 12,2 meses, HR 0,69, p = 0,0003), ≥20% (mediana 17,7 versus 13 meses, HR 0,77, p = 0,002) e ≥1% (mediana 16,7 versus 12,1 meses, HR 0,81, p=0,0018). Eventos adversos de graus 3-5 foram menos frequentes com pembrolizumabe (17,8% versus 41%).

Comentário: KEYNOTE 042 demonstrou superioridade do pembrolizumabe à quimioterapia baseada em platina, em SG, na primeira linha de CPNPC e PD-L1 ≥1%, surgindo como alternativa de tratamento nessa população, além de reforçar a monoterapia como tratamento na população TPS ≥50%.

Mark A. Socinski, Atezolizumab for First-Line Treatment of Metastatic Nonsquamous NSCLC. Nº 9002

O IMpower 150 foi um estudo de fase 3 que aleatorizou 1202 pacientes para receber atezolizumabe, carboplatina e paclitaxel (ACP), atezolizumabe, bevacizumabe, carboplatina e paclitaxel (ABCP) ou bevacizumabe, carboplatina e paclitaxel (BCP). Foram apresentados os resultados da comparação entre ABCP versus BCP. Os desfechos primários foram sobrevida livre de progressão (SLP) na população wild-type (WT, 86,5% do ITT – excluídos pacientes com mutação EGFR/ALK) e WT com alta expressão de células T efetoras (WT/Teff-high, 42,8% dos WT), além de SG na população WT. A SLP (em WT) foi superior no braço ABCP versus BCP (8,3 versus 6,8 meses, HR 0,62, p<0,001) e, em 1 ano, foi de 36,5% versus 18%, respectivamente. Resultado positivo também encontrado na população WT/Teff-high, com SLP mediana de 11,3 (ABCP) versus 6,8 (BCP) meses (HR 0,51 - p<0,001) e, em 1 ano, 46% versus 18%, respectivamente. Após follow-up mediano de 20 meses, foi observado benefício em SG na população WT favorecendo o ABCP comparado a BCP (19,2 versus 14,7 meses, HR 0,78, p 0,02), com SG 2a de 43,4% versus 33,7%, respectivamente. A taxa de eventos adversos de graus 3-4 foi 56% no braço ABCP versus 48% no BCP.

Comentário: Esse estudo confirmou superioridade da combinação ABCP em relação à combinação sem imunoterapia em SLP e SG na primeira linha de CPNPC não-escamosos.

Hossein Borghaei, Nivolumab + platinum-doublet chemotherapy vs chemo as first-line treatment for advanced non-small cell lung cancer with <1% tumor PD-L1 expression: Results from CheckMate 227. Nº 9001

O Checkmate 227 é um estudo fase 3 de pacientes com CPNPC em primeira linha com diferentes braços, com uso de imunoterapia (nivolumabe e ipilimumabe) e quimioterapia, usados em combinação ou isoladamente. Foram apresentados os resultados da combinação nivolumabe + quimioterapia versus quimioterapia em pacientes com expressão de PDL-1 < 1%. O estudo apresentou um ganho de sobrevida livre de progressão (SLP) no braço nivolumabe + quimioterapia, com HR=0,74 (0,58 - 0,94), com a SLP em 1 ano de 26% no braço com imunoterapia versus 14% com quimioterapia isolada. Foi observada também uma maior duração de resposta mediana no braço com imunoterapia (7,2 versus 4,7 meses). Importante destacar uma análise em relação a carga mutacional tumoral (tumor mutational burden, TMB): entre os pacientes com PDL <1% e TMB > 10 mut/Mb houve ganho de SLP com HR 0,56, a favor do braço com nivolumabe. No entanto, entre os pacientes com TMB <10, não houve diferença entre os braços. As taxas de descontinuação por efeitos adversos foram semelhantes.

Comentário: O Checkmate 227 trouxe mais um importante dado da combinação de quimioterapia com imunoterapia, mostrando que nessa população com PDL<1% pode existir um papel importante de outros biomarcadores, como TMB.

Luis G. Paz-Ares, Phase 3 study of carboplatin-paclitaxel/nab-paclitaxel with or without pembrolizumab for patients with metastatic squamous non-small cell lung cancer. Nº 105

O KEYNOTE-407 é um estudo multicêntrico com 560 pacientes com CPNPC não tratados de histologia escamosa, randomizados 1:1 para receber carboplatina e taxano associado ou não a pembrolizumabe. Cerca de 8% dos pacientes apresentavam metástases cerebrais, 63% eram PDL-1 positivos e 26% tinham expressão superior a 50%. O estudo foi positivo para SG, HR 0,64, com mediana de 15,9 meses na população com imunoterapia e 11,3 meses no braço controle, e SLP, HR=0,56, com mediana de 6,4 meses versus 4,8 meses a favor da imunoterapia. Em relação à estratificação pela expressão de PDL-1, observou-se benefício em SG e SLP em todos os subgrupos (TPS <1%, 1-49% e >50%). A combinação de imunoterapia e quimioterapia também apresentou maior taxa de resposta (58% versus 35%) e duração de resposta (7,7 versus 4,8 meses). Além de maiores efeitos adversos imuno-mediados, notou-se um maior número de trombocitopenia e neutropenia nos pacientes tratados com imunoterapia.

Comentário: Esse estudo vai ao encontro dos dados publicados no KEYNOTE-189, mostrando benefício da combinação de pembrolizumabe e quimioterapia, também na histologia escamosa.

Atsushi Nakamura, Phase III study comparing gefitinib monotherapy to combination therapy with gefitinib, carboplatin, and pemetrexed for untreated patients with advanced non-small cell lung cancer with EGFR mutations (NEJ009). Nº 9005

Esse foi um estudo de primeira linha em pacientes com CPNPC e mutação de EGFR, que randomizou 344 pacientes para receber gefitinibe ou a combinação de gefitinibe com carboplatina e pemetrexede. Os desfechos primários foram sobrevida livre de progressão (SLP), SLP2 e SG. Embora a combinação de gefitinibe e quimioterapia tenha apresentado maior SLP, não houve diferença em SLP2, HR=0,81, com mediana de 20,9 meses no braço combinação versus 20,7 meses no braço monoterapia, p=0,774. No entanto, em relação a SG, houve um importante ganho a favor do gefitinibe + quimioterapia, com HR 0,695, SG mediana de 38,8 meses em monoterapia e 52,2 meses para combinação. Houve uma maior incidência de toxicidades hematológicas no braço combinação.

Comentário:Apesar de não ter demonstrado ganho em SLP2, a combinação de gefitinibe, carboplatina e pemetrexede apresentou ganho de SG em primeira linha para pacientes com mutação de EGFR.

Dr. Guilherme Harada e Dra. Karolina Cayres
Médicos residentes de Oncologia Clínica do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP)

Dr. Gilberto de Castro Junior
Médico assistente do Serviço de Oncologia Clínica do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo. Professor Colaborador da Disciplina de Oncologia – Faculdade de Medicina da USP. Médico Titular do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês – São Paulo – SP