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SBOC REVIEW

ASCO 2018 – Sarcoma/melanoma

Abstract 1 – Mrinal M Gounder Alliance A091105. Phase III, randomized, double blind, placebo-controlled trial of sorafenib in desmoid tumors. Nº = 11500

Até o momento, não existe um tratamento-padrão para pacientes com tumores desmoides localmente avançados ou irressecáveis. O estudo Alliance é o primeiro estudo fase III internacional avaliando o sorafenibe comparado com placebo randomizados 2:1 com cross-over permitido após progressão por RECST1.1. Após seguimento de 26 meses, a taxa de resposta foi de 33% para o sorafenibe e de 21% para o placebo, mostrando que a observação é um tratamento válido em desmoides. A sobrevida livre de progressão foi de 9,4 meses no placebo e não atingida no grupo do sorafenibe (HR = 0.14 (95% CI 0.06-0.33), p<0.0001). Todos os pacientes com resposta completa e parcial continuam tendo benefício clínico com melhora dos sintomas, redução do volume da lesão e redução do sinal em T2 na ressonância magnética.

Comentário: O estudo Alliance mostra que, mesmo em uma doença rara, é possível fazer um estudo fase III internacional. O sorafenibe pode ser considerado como primeira ou segunda linha após quimioterapia em pacientes com tumores irressecáveis ou localmente avançados e sintomáticos.

Abstract 2 – Florence Duffaud. Results of randomized, Placebo (PL) – controlled Phase II study evaluating efficacy and safety of Regorafenib (REG) in patients (pst) with metastatic osteosarcoma (MetOS), on behalf of the French sarcoma group ( FSG) and Unicancer. Nº = 11504

O estudo Regobone foi um estudo basket com quatro grupos não comparáveis: osteossarcoma, sarcomas de Ewing, cordomas e condrossarcoma. No grupo de osteossarcomas, foram incluídos 36 pacientes randomizados entre regorafenibe e placebo 2:1, permitindo cross-over na progressão. O objetivo principal foi avaliar a taxa de não progressão em 8 semanas. No grupo do regorafenibe, a taxa de não progressão foi de 65% contra 0% do placebo. A sobrevida livre de progressão foi de 16,4 semanas contra 4 semanas do grupo placebo. A sobrevida global mediana foi de 11,3 meses contra 5,9 meses do placebo com 50% dos pacientes vivos em 1 ano de tratamento. A toxicidade foi semelhante aos outros estudos com regorafenibe, necessitando de redução de dose em 38,5% do casos.

Comentário: Trata-se de um estudo pequeno, porém mostrando atividade de terapia-alvo em osteossarcoma refratário no adulto em um cenário em que não existe um tratamento padrão.

Abstract 3 – Reinhard Dummer, Overall survival in Columbus: a phase III trial of Encorafenib (ENCO) plus Binimetinib (BINI) vs Vemurafenib (VEM) or ENCO in BRAF mutant melanoma Nº = 9504

Estudo fase III avaliando a combinação ENCO mais BINI comparados com monoterapia com VEM ou ENCO, tendo como objetivo primário sobrevida global. Foram incluídos na primeira fase 577 pacientes randomizados igualmente em três grupos. Progressão após primeira linha de imunoterapia era permitida, correspondendo a 3% dos casos. A sobrevida global a favor do COMBO450 foi de 33,6 meses versus 16,9 meses do VEM isolado (HR.61; 95% IC (0.47-0.79) p < 0.0001) e a sobrevida livre de progressão foi de 14,9 meses versus 7,3 meses a favor do COMBO450 (HR 0.51;95%IC(0,39-0,67) p<.0001). A toxicidade da combinação de ENCO e BINI foi menor em relação a VEM e ENCO isolados com taxa de eventos adversos grau 3/4 de 64%.

Comentário: Trata-se de nova combinação de terapia-alvo (ENCO e BINI) com bom perfil de toxicidade e eficácia semelhante aos outros combos. A decisão de tratamento entre os diferentes combos vai se basear no perfil de toxicidade.

Abstract 4 – Max Fullah Madu, External validation of the 8th Edition Melanoma Staging System of the American Joint Committee on Cancer (AJCC): Effect of adding EORTC sentinel node (SN) tumor burden criteria on prognostic accuracy in stage III Nº = 9500

Estudo prospectivo de análise de dados de 640 pacientes com melanoma tratados na Holanda de 2000 a 2016. O objetivo era validar a nova classificação da AJCC em relação aos pacientes com estádio clínico III em relação a sobrevida melanoma específica (MSS). Como objetivos secundários, analisar se outros fatores prognósticos e o volume tumoral no linfonodo sentinela ajudam a estratificar melhor o risco dos pacientes com melanoma estádio clínico III. Os autores concluíram que ambas as classificações são semelhantes em termos de avaliar sobrevida melanoma específica, não sendo possível discriminar melhor os pacientes com estádio clínico IIIA e IIIB. Em relação ao volume tumoral do linfonodo sentinela, os pacientes com focos menores que 1 mm apresentam excelentes índices de sobrevida em ambas as classificações.

Comentário: Os autores fizeram uma validação da nova classificação da AJCC e não conseguiram observar uma melhor discriminação dos pacientes com estádio clínico III no sentido de definir os pacientes com maior risco e possíveis candidatos a tratamento adjuvante. Diante disso, propõem a incorporação dos critérios de Rotterdam/EORTC de volume tumoral do linfonodo sentinela na nova classificação do AJCC para melhor estratificação dos pacientes com estádio IIIA.

Abstract 5 – Jeffrey Weber. Adjuvant therapy with Nivolumab versus Ipilimumab after complete resection of stage III/IV melanoma: Updated results from a phase III trial (CheckMate 238) Nº = 9502

Atualização do estudo CheckMate238 com seguimento clínico de 24 meses mostrando benefício mantido em sobrevida livre de progressão (SLP) a favor do nivolumabe em todos os subgrupos independentemente do estádio clínico, expressão de PD-L1 e status da mutação BRAF. A SLP do grupo com nivolumabe foi de 30,8 meses contra 24,1 meses do ipilimumabe (HR 95% IC 0.66 (0,54-0,81) p<0.0001). A sobrevida livre de metástase de melanoma em 24 meses foi de 70,5% no grupo de nivolumabe contra 63,7% no grupo do ipilimumabe (HR.76, p=0,034).

Comentário: Nivolumabe por 12 meses pode ser considerado como terapia de escolha no tratamento adjuvante de pacientes com melanoma EC IIIB, IIIC e IV ressecados, incluindo os pacientes com mutação de BRAF.

Dra. Veridiana Pires de Camargo
Médica graduada pela Faculdade de Medicina do ABC. Residência em Clínica Médica na FMABC e estágio em Oncologia Clínica na FMABC. Ex research-Fellow da Oncologia Clínica no Memorial Sloan Kettering Cancer Center, Nova York, EUA, em 2008. Atual assistente da Oncologia Clínica do grupo de Sarcomas/Melanomas/Gliomas do ICESP e oncologista clínica titular da clínica Oncostar em São Paulo