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SBOC REVIEW

ASCO 2018 – Tumores Colorretais

Abstract 1 – Yong Sang Hong, Long-term results of the ADORE trial: Adjuvant oxaliplatin, leucovorin, and 5-fluorouracil (FOLFOX) versus 5-fluorouracil and leucovorin (FL) after preoperative chemoradiotherapy and surgery for locally advanced rectal cancer. Nº = 3501

O benefício de quimioterapia adjuvante para adenocarcinoma de reto submetido à neoadjuvância com QT-RT permanece incerto. O estudo de fase II ADORE foi atualizado na ASCO e comparou FOLFOX versus FL adjuvantes por 4 meses em 321 pacientes operados após QT-RT neoadjuvante e estádio patológico ypT3-4 ou ypN+. Como um todo, o regime FOLFOX mostrou ganho de taxa de SLD (desfecho primário) em 6 anos (68,2% versus 56,8%; HR 0,63, p=0,018). Não houve aumento significativo da SG para o FOLFOX, exceto para os subgrupos ypN2 e com pequena regressão tumoral.

Comentário: Os resultados desse estudo, apesar de necessitarem confirmação em estudos maiores, apontam para um benefício da adição de oxaliplatina ao 5-FU na adjuvância de pacientes com câncer de reto tratados com QT-RT neoadjuvante, especialmente nos pacientes com linfonodos positivos e mínima regressão tumoral após a neoadjuvância.

Abstract 2 – Yanhong Deng, Modified FOLFOX6 with or without radiation in neoadjuvant treatment of locally advanced rectal cancer: Final results of the Chinese FOWARC multicenter randomized trial. Nº = 3502

O estudo de fase III FOWARC comparou 5-FU+RT com FOLFOX+RT ou FOLFOX sem RT na neoadjuvância de 495 pacientes com adenocarcinoma de reto estádio clínico II ou III. Não houve diferença na SLD em 3 anos (desfecho primário) entre os 3 braços (76,4% para 5-FU-RT, 77,8% para FOLFOX-RT e 75,7% para FOLFOX sem RT, p=0,961). Tampouco houve diferença de SG em 3 anos entre os grupos.

Comentário: O estudo FOWARC, apesar de seguimento ainda curto, reforça a recomendação de não se adicionar oxaliplatina na neoadjuvância com RT e 5-FU. No entanto, utilizar FOLFOX sem RT pode ser uma alternativa em pacientes nos quais a RT é indesejada.

Abstract 3 – Hans-Joachim Schmoll, Preoperative chemoradiotherapy and postoperative chemotherapy with capecitabine +/- oxaliplatin in locally advanced rectal cancer: Final results of PETACC-6. Nº = 3500

O estudo de fase III PETACC6 avaliou a adição de oxaliplatina em combinação à capecitabina + RT neoadjuvante e à capecitabina adjuvante (6 ciclos) em 1.090 pacientes com adenocarcinoma de reto T3/T4 e/ou N+. Não houve diferença de SLD (HR 1,02, p=0,835) ou de SG (HR 1,17, p=0,252) entre os dois grupos.

Comentário: Esse foi mais um estudo a mostrar ausência de ganho da adição de oxaliplatina à QT-RT neoadjuvante com fluoropirimidina. No entanto, o papel da adição da oxaliplatina na adjuvância permanece sob debate. Aguardamos a publicação final dos estudos que avaliam essa questão para maiores esclarecimentos.

Abstract 4 – François Quenet, A UNICANCER phase III trial of hyperthermic intra-peritoneal chemotherapy (HIPEC) for colorectal peritoneal carcinomatosis (PC): PRODIGE 7. Nº = 3503

O estudo PRODIGE 7 foi o primeiro estudo randomizado de fase III a avaliar a adição de HIPEC com oxaliplatina em 264 pacientes com adenocarcinoma de cólon e carcinomatose peritoneal exclusiva (PCI < 25), submetidos à cirurgia citorredutora. Apesar de não aumentar a morbimortalidade, realizar HIPEC com oxaliplatina não conferiu aumento de SG entre os grupos (41,2 meses do braço sem HIPEC e 41,7 meses no braço com HIPEC, HR 1,0, p=0,995). Ademais, não houve diferença na SLR entre os grupos (11,1 versus 13,1 meses, p=0,486).

Comentário: Esse estudo francês coloca em dúvida o valor de HIPEC após cirurgia citorredutora em pacientes com câncer de cólon e carcinomatose peritoneal exclusiva. No entanto, os dois braços atingiram SG medianas em torno de 41 meses, algo além do esperado para uma população com carcinomatose peritoneal, que historicamente costuma apresentar SG inferior. Além disso, a inclusão de pacientes com PCI até 25 é bastante ousada, uma vez que classicamente não se indica cirurgia citorredutora para pacientes com PCI elevado.

Abstract 5 – Grace Wong, Effects of proton pump inhibitors (PPIs) on FOLFOX and XELOX regimens in colorectal cancer (CRC). Nº = 3614

Esse estudo canadense retrospectivo contou com 389 pacientes com câncer colorretal estádios II e III e avaliou o impacto do uso de inibidores de bomba de prótons (PPI) na eficácia de FOLFOX ou CAPOX adjuvantes. A taxa de SLR em 3 anos foi significativamente inferior nos usuários de PPI tratados com CAPOX (69,5 versus 82,6%, p=0,029), ao passo que não houve diferenças no grupo tratado com FOLFOX.

Comentário: Esses dados, embora oriundos de um estudo retrospectivo, reforçam a recomendação de não utilizar PPI em combinação com capecitabina, devido à possível redução da sua absorção gástrica.

Dra. Renata D’Alpino Peixoto
Médica graduada pela Faculdade de Ciências Medicas da Santa Casa de São Paulo. Residência de Clínica Médica no HC-FMUSP e residência de Oncologia Clínica no Hospital Sírio-Libanês. Fellowship da Oncologia Gastrointestinal no BC Cancer Agency, Vancouver, Canadá. Atualmente é coordenadora dos Tumores Gastrointestinais e Neuroendócrinos do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e Diretora Científica do Grupo Brasileiro de Tumores Gastrointestinais (GTG)