SBOC REVIEW
ASCO 2018 – Tumores do sistema nervoso central
Abstract-2006: Phase II study of pembrolizumab or pembrolizumab plus bevacizumab for recurrent glioblastoma (rGBM) patients
Trata-se de um estudo fase II randomizado que avaliou combinação de pembrolizumabe e bevacizumabe versus pembrolizumabe monodroga na primeira ou segunda recorrência em pacientes portadores de glioblastoma que não receberam bevacizumabe previamente. Foram incluídos 50 pacientes no grupo combinação e 30 pacientes no grupo pembrolizumabe monodroga. SLP em 6 meses foi de 26% versus 6,7% e sobrevida global mediana foi 8,8 meses versus 10,3 meses. Não houve toxicidade grau 4 e 5 relacionadas ao tratamento.
Comentário: A atividade antitumoral da combinação é comparável com a coorte histórica de bevacizumabe monodroga. Assim, corroborando com resultados do nivolumabe monodroga ou associado bevacizumabe em GBM recorrente, não há benefício do uso de anti-PD1 em glioma de alto grau recorrente.
Abstract-2007: Phase II study of pembrolizumab in leptomeningeal carcinomatosis
Carcinomatose meníngea (CM) é relacionada a um prognóstico ruim independente da histologia, com sobrevida mediana de aproxidamente 4 a 6 semanas. Este estudo fase II de braço único avalia o uso de pembrolizumabe em CM de qualquer tumor sólido. Dezoito pacientes foram recrutados (15 pacientes com câncer de mama, 2 com câncer de pulmão e 1 paciente com câncer gástrico). O estudo atingiu seu endpoint primário com 44% pacientes vivos após 90 dias de follow-up. Houve uma análise da evolução de características moleculares e imunes no líquor pré e pós-tratamento identificando biomarcadores de resposta e, assim, comprovando a evolução clonal e no microambiente imune na CM.
Comentário: O pembrolizumabe se mostrou seguro e com atividade promissora em carcinomatose meníngea. Análise molecular e imunológica do líquor pré e pós-tratamento pode se tornar uma ferramenta útil para controle de resposta.
Abstract-2000: GAPVAC-101: First-in-human trial of a highly personalized peptide vaccination approach for patients with newly diagnosed glioblastoma
APVAC é uma vacina de peptídeos selecionados e personalizados baseados no sequenciamento do exoma como também na análise HLA. Trata-se de um estudo fase 1 com inclusão de 16 pacientes com glioblastoma recém-diagnosticado. Dois tipos de vacinas eram aplicadas: vacina 1, APVAC1, com até 7 peptídeos específicos do tumor com aplicação no primeiro ciclo adjuvante de temodal; e a vacina 2, APVAC2, baseada em 2 antígenos selecionados de acordo mutações somáticas e HLA putativa, aplicado a partir do quarto ciclo de temodal adjuvante. Evento adverso comum foi reação no sítio de injeção. APVAC 1 induziu resposta sustentada de CD8 com memória fenitípica. APVA2 induziu resposta CD4 do tipo TH1. SLP e SGm foram de 14,2 meses e 29 meses.
Comentário: Vacina personalizada foi capaz de induzir resposta imune ativa no tumor e no microambiente tumoral, demostrando uma possibilidade de tornar os gliomas de alto grau ”quentes” do ponto de vista imunológico.
Abstract-2001: A mutation-specific peptide vaccine targeting IDH1R132H in patients with newly diagnosed malignant astrocytomas: A first-in-man multicenter phase I clinical trial of the German Neurooncology Working Group (NOA-16)
Mutação no gene IDH (IDH1R132H) é frequentemente encontrada em gliomas e outros tumores. NOA-16 é estudo fase 1 que incluiu 33 pacientes com gliomas grau III/IV recém-diagnosticado com mutação do IDH. Pacientes eram submetidos a oito doses de vacina com peptídeo IDH1R132H após quimiorradioterapia. Um percentual de 93,3% desenvolveu resposta imune ou humoral. Quatro de 32 pacientes apresentaram progressão de doença, 28 apresentaram doença estável, 12 apresentaram pseudoprogressão. Evento adverso foi restrito a reações no local de aplicação.
Comentário: A vacina foi capaz de induzir reposta imunológica em gliomas IDH mutados. A ocorrência elevada de pseudoprogressão demonstra reação imune antitumoral.
Dr. Daniel Fernandes Marques
Oncologista clínico do Hospital Sírio-Libanês, Brasília-DF