SBOC REVIEW
ASCO GU 2021 / Modalidade e frequência de imagem no seguimento do Seminoma Testicular estadio I: resultados de um ensaio clínico randomizado fatorial de fase III (TRISST)
Resumo do artigo:
A sobrevida do seminoma estadio I é próxima a 100% após orquiectomia. O seguimento com tomografias (TC) é a conduta padrão nesses casos e a recorrência pode ser tratada com quimioterapia ou radioterapia com excelente prognóstico. O TRISST foi um estudo fase III de não inferioridade que avaliou a possibilidade de substituição da TC pela ressonância (RM) e a redução de 7 para 3 exames durante o seguimento. Foram randomizados 669 pacientes de 35 centros do Reino Unido para os seguintes braços: (1) 7 TCs (6, 12, 12, 24, 36, 48 e 60 meses), (2) 7 RMs (6, 12, 12, 24, 36, 48 e 60 meses), (3) 3 TCs (6, 18 e 36 meses), (4) e 3 RMs (6, 18 e 36 meses). O objetivo primário (OP) foi a incidência de recidiva >5 cm (estadio 2C) em 6 anos e 3cm como objetivo secundário. Para tal, foi estimada uma recidiva de 5,7% com um alvo de excluir um aumento de mais 11,4% de recorrência para RM ou menos exames. Em um seguimento de 72 meses, 82 pacientes apresentaram recidiva da doença, sendo que apenas 5 pacientes após o terceiro ano (<1%). A incidência em estadio 2C foi de 1,5% (9 no braço com 3 exames e 1 no de 7 exames), abaixo do planejado na análise estatística. Das 9 recidivas no braço de 3 exames, 4 teriam sido detectadas precocemente se os exames fossem realizados com intervalos menores. A realização de 3 exames alcançou o critério de não inferioridade no estudo. Em relação à RM, menos eventos foram detectados em estádios >2C, também alcançando o critério de não inferioridade.
Johnathan K. Joffe et al. - Imaging Modality and Frequency in Surveillance of Stage I Seminoma Testicular Cancer: Results from A Randomized, Phase III, Factorial Trial (TRISST).
Modalidade e frequência de imagem no seguimento do Seminoma Testicular estadio I: resultados de um ensaio clínico randomizado fatorial de fase III (TRISST).
Comentário da avaliadora científica:
O seminoma estadio I possui um excelente prognóstico e o seguimento, sem tratamento complementar, após cirurgia é a conduta padrão. Os pacientes habitualmente são jovens e terão longas sobrevidas, então reduzir a exposição a irradiação nesse grupo deve ser uma preocupação. O estudo alcançou seu objetivo primário de não inferioridade para a realização de 3 exames ao invés de 7, e do uso da RM em relação a TC. Não houve mortes relacionadas a recidiva e menos de 1% de recidiva após 3 anos. Esta conduta terá grande impacto também para a saúde pública, com a redução de dispêndio de recursos em imagens e a possibilidade de interrompê-las após os 3 anos.
Filiação:
Dra. Jamile Almeida
Residência em Oncologia Clínica pelo ICESP/FMUSP
Oncologista clínico da Oncoclinica – Oncologistas Associados
