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SBOC REVIEW

Associação de olaratumab à doxorrubicina traz novas perspectivas ao tratamento de sarcomas de partes moles

O uso de antraciclinas em monoterapia persiste como tratamento de escolha para a maior parte dos pacientes com sarcomas de partes moles (SPM) avançados, com ocasionais exceções. O uso de poliquimioterapia, apesar de resultar em ganho em taxa de resposta e sobrevida livre de progressão (SLP), jamais demonstrou impacto algum em sobrevida global (SG) quando comparado a agentes únicos. Todavia, o estudo de fase 1b/2 recentemente publicado por Tap e colaboradores* traz perspectivas bastante promissoras para o manejo de pacientes acometidos por esse grupo de neoplasias.
Nesse estudo, que contou com duas etapas, buscou-se inicialmente determinar a segurança da associação de doxorrubicina ao olaratumab, um anticorpo monoclonal dirigido ao platelet-derived growth fator receptor α (PDGFRα), em 15 pacientes com SPM. Na segunda etapa, pacientes com SPM avançado sem exposição prévia antraciclinas (n=133) foram randomizados entre doxorrubicina 75mg/m2 no D1 e olaratumab 15mg/kg no D1 e D8 ou doxorrubicina 75mg/m2 em monoterapia no D1, em ciclos de 21 dias. Além de ganho em SLP com uso da combinação (6.6m vs 4,1m; HR 0.67; IC95% 0.44-1.02; p=0.0615 – considerado positivo conforme desenho estatístico do protocolo), observou-se um contundente benefício na mediana de SG de aproximadamente 12 meses (26.5m vs 14.7; HR 0.46). Conforme antecipado, o uso da combinação resultou em maior incidência de eventos adversos grau 3 ou superiores, marcadamente fadiga e neutropenia, porém sem acréscimo significativo nos episódios de neutropenia febril.
*Tap e cols. Lancet 2016; 388: 488-97
Comentários: Trata-se do primeiro estudo randomizado a demonstrar impacto em SG com a adição de uma segunda droga à doxorrubicina. O estudo de fase 3 ANNOUNCE, que utilizou os mesmos regimes de tratamento, recentemente atingiu seu alvo de recrutamento e poderá redefinir o tratamento de escolha para pacientes com SPM caso confirme a eficácia da combinação de doxorrubicina e olaratumab.

Rodrigo Munhoz, MD
Oncologista clínico especialista em sarcomas/tumores cutâneos do Hospital Sírio Libanês e Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, Universidade de São Paulo.