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SBOC REVIEW

Associação entre a ressecção cirúrgica máxima da área tumoral captante e não captante com sobrevida entre os subgrupos moleculares em pacientes com glioblastoma recém-diagnosticado

Resumo do artigo:
Um dos pilares do tratamento do glioblastoma multiforme (GBM) é a ressecção cirúrgica máxima da região com captação de gadolíneo no T1. No entanto, existe a discussão se a cirurgia deveria estender-se também a áreas tumorais não captantes. O objetivo dos autores foi avaliar o impacto da ressecção cirúrgica máxima, incluindo a área não captante, sobre a sobrevida global, levando em consideração dados clínicos e moleculares. 
O estudo é uma coorte retrospectiva que incluiu 761 pacientes, dos quais 514 possuíam teste para mutação IDH. Houve associação estatística entre o aumento da área total ressecada e a sobrevida global de pacientes com IDH mutado. Dentre aqueles com IDH selvagem, não houve essa mesma associação, levando os autores a dividir esses pacientes em subgrupos, considerando o uso de temozolamida, idade e volume residual tumoral (VRT) após ressecção. Houve impacto da ressecção ampla somente entre os pacientes com menos de 65 anos e que fizeram uso de temozolamida. Neste subgrupo, pacientes com VRT< 5,4 ml apresentaram maior sobrevida global mediana em relação àqueles com VRT > 5,4 ml (37,3 x 16,5 meses, respectivamente). Aqueles com menos de 65 anos e VRT< 5,4 ml apresentaram sobrevida global mediana semelhante ao grupo com IDH mutado nos primeiros 3 anos de doença. 
O estudo sugere que a ressecção cirúrgica máxima, incluindo a área não contrastada, tem impacto positivo nos GBMs IDH mutados e pode contrabalancear o prognóstico negativo de pacientes com IDH selvagem, com menos de 65 anos. O volume de ressecção entre os mutados e não mutados foi semelhante no estudo, o que fala contra a hipótese de que os GBMs IDH mutados têm melhor prognóstico pela possibilidade de maiores ressecções.

 

Association of Maximal Extent of Resection of Contrast-Enhanced and Non–Contrast-Enhanced Tumor With Survival Within Molecular Subgroups of Patients With Newly Diagnosed Glioblastoma. Molina AM et al. JAMA Oncol. Published online February 6, 2020.
Associação entre a ressecção cirúrgica máxima da área tumoral captante e não captante com sobrevida entre os subgrupos moleculares em pacientes com glioblastoma recém diagnosticado.

 

Comentário do avaliador científico:
- O estudo sugere que, em pacientes com menos de 65 anos, deve ser discutida a ressecção máxima segura além da área captante, visto que este grupo se beneficiou da ressecção ampla, independente do status IDH. Para os demais pacientes, os resultados não ajudam definir o planejamento cirúrgico, visto que não dispomos de ferramentas que definam o perfil molecular no pré-operatório. Também não podemos concluir que uma nova abordagem cirúrgica, com ampliação da ressecção, possa trazer benefício após a análise molecular. 
- Foram estudados fatores prognósticos clínicos e moleculares, o que pode auxiliar na avaliação e manejo clínico dos GBMs.
- Possui algumas limitações, dentre elas o fato de ser uma coorte retrospectiva que engloba somente 3 grandes centros americanos.

 

Avaliador científico:
Dr. Bruno Rodriguez Pereira
Médico oncologista formado pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP); médico oncologista no Hospital do Câncer Aldenora Bello, São Luís-MA; médico oncologista no Centro de Oncologia Médica, São Luís-MA.

Editor:
Dr. Daniel da Motta Girardi
Oncologista clínico do Hospital Sírio Libanês Brasilia. Advanced fellow no programa de tumores geniturinários do National Cancer Institute, Bethesda, EUA.