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SBOC REVIEW

Associação entre ocorrência de evento adverso imunorrelacionado com carga mutacional tumoral

Resumo do artigo:
A carga mutacional tumoral (TMB) é um biomarcador ainda em construção caracterizando-se pelo número de mutações somáticas por megabase de genoma de tumor avaliado. O TMB é sabidamente um fator preditor de resposta à imunoterapia em diferentes tipos de tumor, porém seu papel como ferramenta prognóstica é mais incerto e talvez dependa de outras variáveis como estadio da neoplasia. O TMB não deve ser avaliado como número absoluto já que sua imunogenicidade depende não somente da quantidade, mas também da qualidade, heterogeneidade e clonalidade das mutações. Vale ressaltar que o valor de corte para se considerar alta carga mutacional é variável pela biologia de cada histologia.

O objetivo principal desse estudo foi estimar a correlação entre o TMB e a incidência de eventos adversos imunorrelacionados (EAIR). Nele, as informações de incidência de EAIR foram retirados da base de dados do sistema de reporte de eventos adversos da agência regulatória norte-americana e comparados com uma mediana histórica do TMB já publicada para cada tipo de patologia. Foi encontrada correlação moderada a forte entre as duas variáveis com coeficiente de correlação de Pearson R=0.704 p< .001.

 

Association Between Immune-Related Adverse Events During Anti–PD-1 Therapy and Tumor Mutational Burden. Bomze et al., JAMA Oncol 2019.
Associação entre ocorrência de evento adverso imunorrelacionado com carga mutacional tumoral.

 

Comentários do editor:
- Os autores sugerem que o TMB pode ser um marcador útil para verificar o risco de ocorrência de eventos adversos.

- A hipótese do autor é baseada no racional de que a maior imunogenicidade seja direita ou por reação cruzada com antígenos selvagens do tumor com alta carga tumoral. Entretanto, ainda se sabe muito pouco da real fisiopatologia dos EAIR. Existem diversas hipóteses envolvendo desde linfócitos T, linfócitos B, citocinas inflamatórias até as vias do complemento entre outras.

- Uma grande limitação do estudo foi o método utilizado para estimar a ocorrência dos eventos adversos que é muito simplista e não leva em conta as características dos mesmos. Ressalto que a comparação foi feita com a mediana histórica do TMB para cada patologia sem considerar o valor de TMB para cada paciente. 

- Diversos trabalhos já mostraram que a ocorrência de um EAIR é um bom preditor de eficácia da imunoterapia. Vale estudar melhor a ocorrência de outros fatores confundidores entre a ocorrência de EAIR, TMB e eficácia da imunoterapia. 



Editor:
Dr. Fernando Santini
Membro da SBOC; Oncologista Clínico especialista em tumores torácicos do Hospital Sírio-Libanês.

 

Revisora:
Dra. Adriana Hepner
Membro da SBOC; Oncologista Clínica pelo Hospital Sírio Libanês; Médica do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP). Atualmente, participa como fellow clínica do Programa de Oncologia Cutânea do Melanoma Institute Australia, em Sydney.