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SBOC REVIEW

Atezolizumabe com ou sem quimioterapia para carcinoma urotelial metastático (IMvigor130): Um estudo fase 3, multicêntrico, randomizado e placebo controlado

Resumo do artigo:

O tratamento de primeira linha para pacientes com carcinoma urotelial metastático é quimioterapia baseada em platina. O uso de cisplatina é superior ao uso de carboplatina nesse cenário, podendo induzir expostas duradouras em cerca de 10% dos pacientes. No entanto, cerca de 50% dos pacientes não é elegível a cisplatina devido a comorbidades, insuficiência renal ou baixo performance status. A imunoterapia já faz parte do tratamento padrão do carcinoma urotelial metastático na segunda linha e vários estudos estão avaliando o papel da imunoterapia na primeira associada ou não a quimioterapia.
O estudo IMvigor130 é um estudo de fase 3 com 3 braços: atezolizumabe + quimioterapia baseada em platina (grupo A), atezolizumabe sozinho (grupo B) ou placebo + quimioterapia baseada em platina (grupo C). Os desfechos primários eram sobrevida livre de progressão (SLP) e sobrevida global (SG) para grupo A versus grupo C e sobrevida global para grupo B versus grupo C. Um total de 1213 pacientes foram randomizados para este estudo com seguimento mediano de 11.8 meses. O estudo foi positivo para o desfecho primário de SLP. A SLP mediana foi de 8.2 meses para o grupo A e 6.3 meses para grupo C (HR 0·82, p=0·007). A mediana de SG foi de 16.0 meses para o grupo A versus 13.4 meses para o grupo C (HR 0·83, p=0·027). Nessa análise interina a SG não atingiu o nível de significância estatística do estudo (p=0.007). A SG mediana foi de 15.7 meses para o grupo B versus 13.1 meses para o grupo C (HR 1·02, 95% CI 0·83–1·2). No subgrupo de pacientes com PD-L1 alto (IC2/3) a mediana de SG foi de não atingida versus 17.8 meses para os grupos B versus C (HR 0·68, 95% CI 0·43–1·08) e para o subgrupo com PD-L1 baixo (IC0/1) a mediana de SG foi de 13.5 versus 12.9 meses, respectivamente (HR 1·07, 95% CI 0·86–1·33). A taxa de resposta foi de 47% no grupo A, 23% no grupo B e 44% no grupo C com mais respostas completas no grupo A (13%). A taxa de eventos adversos gra3 ou maior foi de 85% no grupo A, 42% no grupo B e 86% no grupo C.

 

Atezolizumab with or without chemotherapy in metastatic urothelial cancer (IMvigor130): a multicentre, randomised, placebo-controlled phase 3 trial. Galski C et al. Lancet 2020 May 16;395(10236):1547-1557.
Atezolizumabe cm ou sem quimioterapia para carcinoma urotelial metastático (IMvigor130): Um estudo fase 3, multicêntrico, randomizado e placebo controlado.

 

Comentário do avaliador científico:
Trata-se de um estudo bastante aguardado e importante para os pacientes com carcinoma urotelial metastático. Com os resultados positivos de imunoterapia na segunda linha, a expectativa era de resultados promissores da imunoterapia na primeira linha associada a quimioterapia.

O estudo foi positivo para SLP, porém sem diferença, nessa análise, para SG. Aguardaremos o amadurecimento dos dados para conclusões mais definitivas sobre a SG. Além disso, a taxa de resposta foi praticamente a mesma nos braços de quimioterapia com ou sem atezolizumabe (47% versus 44% para o grupo A e C respectivamente).
Os pacientes com PD-L1 alto tiveram um bom resultado com atezolizumabe monoterapia em termos de SG, porém com taxa de resposta menor (23% versus 44%).
Com os dados recentemente apresentados na ASCO 2020 mostrando ganho de SG para avelumabe como estratégia de manutenção após quimioterapia baseada em platina, os dados do estudo IMvigor não mudarão a pratica clinica nesse momento incorporando a imunoterapia junto com a quimioterapia.
Para os pacientes com PD-L1 alto e não elegíveis a cisplatina a monoterapia com atezolizumabe é uma opção já aprovada pelas agências americanas e europeia, baseada nos dados desse estudo e nos resultados preliminares do Keynote 361. A estratégia com monoterapia apresenta menores taxas de efeitos adversos, porém para aqueles pacientes que necessitam de taxa de resposta a quimioterapia baseada em carboplatina tem taxa de reposta maior.

 

Avaliador científico e editor:
Dr. Daniel Girardi
Oncologista clínico do Hospital Sírio-Libanês Brasília e do Hospital de Base do Distrito Federal. Advanced fellow no programa de tumores geniturinários do National Cancer Institute, Bethesda, Estados Unidos da América.