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SBOC REVIEW

Atezolizumabe versus quimioterapia em carcinoma urotelial metastático

Num cenário carente de novas drogas com benefício em sobrevida, a imunoterapia tem ampliado as opções terapêuticas para o carcinoma urotelial metastático.  No Brasil, além da aprovação do pembrolizumabe (anti-PD1) para segunda linha, tivemos recentemente a aprovação também do atezolizumabe (anti-PDL1), baseado nos dados do estudo fase II (IMvigor 210), que mostrou eficácia e segurança da droga.

Em contrapartida, o estudo fase III (IMvigor 211) comparando atezolizumabe versus quimioterapia, publicado no último mês, não atingiu seu desfecho primário de  maior sobrevida global. O estudo randomizou 931 pacientes com carcinoma urotelial metastático ou localmente avançado que progrediram à quimioterapia com platina para: atezolizumabe 1200 mg, a cada 3 semanas, ou quimioterapia (vinflunina, paclitaxel ou docetaxel). O estudo analisou os resultados de acordo com a expressão de PD-L1 ≥ 5% (IC2/3), expressão de PD-L1 ≥ 1% (IC1/2/3) e população intention-to-treat (ITT), e os resultados não mostraram diferença em sobrevida comparado à quimioterapia em nenhuma análise. Na população IC2/3,  a sobrevida mediana foi 11,1 meses (atezolizumabe) x 10,6 meses (quimioterapia), p=0.41.

Surpreendentemente, os pacientes do braço quimioterapia tiveram uma sobrevida mediana acima da observada em estudos prévios. Entretanto, o atezolizumabe mostrou uma maior duração de resposta: 21,7 meses x 7,4 meses (ITT) e menor toxicidade, com menor taxa de descontinuação da terapia (7% x 18%). O estudo também explorou a carga mutacional do tumor e demonstrou que nos pacientes com expressão maior de PD-L1 (IC2/3) e alta carga mutacional, a sobrevida mediana foi 17,8 meses para atezolizumabe comparado com 10,6 meses para quimioterapia.

Powles T el al. Lancet.2017 Dec;18. PMID: 29268948

Comentários: Embora este estudo tenha sido negativo, seus resultados mostram um padrão de toxicidade mais aceitável e uma duração de resposta maior com atezolizumabe comparado à quimioterapia. Novos estudos devem esclarecer o valor da carga mutacional tumoral associada à expressão de PD-L1 em predizer resposta à Imunoterapia.

Maria Nirvana Formiga, MD.
Oncologista clínica, médica titular do Departamento de Oncologia Clínica do A.C. Camargo Cancer Center, membro da SBOC