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SBOC REVIEW

AURA2: osimertinibe no câncer de pulmão não pequenas células avançado com a mutação T790M de EGFR

O tratamento do câncer de pulmão passou por uma verdadeira revolução na última década, marcada pelo advento da terapia alvo e da imunoterapia. A pesquisa de mutações guiadoras do gene EGFR passou a fazer parte da rotina do manejo de pacientes com adenocarcinoma metastático. Aqueles que apresentam mutações sensibilizantes de EGFR são tratados na primeira linha com um inibidor oral específico, onde as opções atualmente aprovadas no Brasil são erlotinibe, gefitinibe e afatinibe. No entanto, virtualmente todos os paciente vão apresentar progressão da doença, associada ao surgimento de mecanismos de resistência como a mutação T790M no EGFR. Osimertinibe é um inibidor de terceira geração com atividade sobre EGFR T790M-mutado.
No AURA2, investigadores da Ásia e América do Norte avaliaram a atividade e segurança de osimertinibe, na dose de 80 mg/dia, em pacientes que tiveram progressão de doença após uma terapia prévia com inibidor de EGFR e que apresentam a mutação T790M em biópsia após a progressão. Trata-se de um estudo de fase 2, de braço único, com 210 pacientes. As características de base foram típicas de uma coorte com EGFR mutado, incluindo altas proporções de mulheres (69%), asiáticos (63%), não tabagistas (76%) e adenocarcinomas (95%). A taxa de resposta objetiva foi de 70% (IC 95% 64-77), de controle de doença de 92% (IC 95% 87-95) e a sobrevida livre de progressão (SLP) mediana de 9,9 meses (IC 95% 8,5-12,3). A toxicidade foi manejável, sendo rash, diarréia, pele seca, paroníquia, prurido e estomatite os eventos adversos mais frequentes.

*Goss et al, Lancet Oncol 2016 PMID: 27751847

Comentários: Os dados do AURA2 confirmam a alta taxa de resposta e também uma excepcional SLP. Os pacientes no Brasil podem se beneficiar da participação em um estudo de fase IV (ASTRIS) de acesso ao osimertinibe. A pesquisa da T790M é feita preferencialmente por biópsia líquida, porém está recomendada uma nova biópsia caso a pesquisa no sangue seja negativa.

Luiz Henrique de Lima Araujo, MD, MSc, PhD
Médico Oncologista Clínico e Pesquisador especialista em Oncologia Torácica e de Cabeça e Pescoço
Instituto Nacional do Câncer (INCA) e Instituto COI de Educação e Pesquisa (ICOI), Rio de Janeiro-RJ.