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SBOC REVIEW

Avaliação da readministração de inibidores de checkpoints imunológicos a pacientes com câncer que apresentaram eventos adversos imune-mediados

Resumo do artigo:
A utilização de inibidores de checkpoints imunológicos (ICIs) modificou de forma única a prática clínica em oncologia nos últimos anos. Essa nova possibilidade terapêutica possui diversas aplicações aprovadas pelas agências reguladoras atualmente, sendo utilizado em um número cada dia maior de neoplasias. Os eventos adversos imunorrelacionados (irAEs) decorrentes desse grupo de agentes são diferentes dos efeitos colaterais encontrados nas terapias-alvo ou quimioterapias citotóxicas.
Esse estudo de coorte retrospectivo, realizado pelo grupo francês ImunnoTOX, vinculado ao centro oncológico Gustave Roussy, avaliou a segurança de reexpor pacientes oncológicos, portadores de tumores primários em diversos sítios, que apresentaram irAE moderados a severos (Grau 2 – 4), a agentes anti-PD1 / anti-PDL1.
Dentre os 93 pacientes incluídos, 40 pacientes foram reexpostos aos inibidores de PD1 / PDL1, sendo observados irAEs moderados a severos em 55% dos casos. Os irAEs encontrados foram, na maior parte dos casos, semelhantes aos apresentados na primeira exposição, bem como com severidade similar. Não houve toxicidade grau 5 associada a reexposição aos ICIs.
O fator associado a maior risco de irAEs, durante a reexposição, encontrado no estudo, foi o tempo para surgimento dos eventos adversos na primeira exposição.
Os autores concluem que a reexposição a inibidores de PD1 / PDL1 é possível e aceitável, devendo-se, porém, avaliar risco-benefício e realizar um seguimento próximo do caso, para intervenção precoce em caso de surgimento de irAE.

 

Evaluation of Readministration of Immune Checkpoint Inhibitors After Immune-Related Adverse Events in Patients With Cancer. Simonaggio, A. JAMA Oncol. 1–8 (2019). doi:10.1001/jamaoncol.2019.1022
Avaliação da readministração de inibidores de checkpoints imunológicos a pacientes com câncer que apresentaram eventos adversos imune-mediados.

 

Comentários do editor:
- A reexposição a ICIs após interrupção por irAEs moderados a severos demonstra um maior risco de eventos adversos quando comparado a primeira exposição;
- Diversos pequenos estudos retrospectivos 1 mostram a possibilidade de reintrodução de ICIs após interrupção por toxicidade, devendo-se, contudo, manter seguimento próximos dos pacientes. Essa conduta é apoiada em guidelines internacionais da ASCO e ESMO2,3;
- Pacientes que apresentam surgimento precoce de irAE moderados a severos talvez sejam os com maior risco durante reexposição;
- O conhecimento sobre como manejar esses casos ainda é motivo de discussão, devendo-se estimular estudos prospectivos nesse cenário.

 

Editor:
Dr. Gabriel Clemente de Brito Pereira 

Membro da SBOC; Oncologista Clínica pelo Instituto de Câncer do Estado de São Paulo (ICESP-USP); Oncologista clínico do Hospital de Clínicas Dr Alberto Lima e da Oncoclínica Amapá, onde exerce a função de diretor técnico; Professor do curso de medicina da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP).

 

Revisora:
Dra. Adriana Hepner
Membro da SBOC; Oncologista Clínica pelo Hospital Sírio Libanês; Médica do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP). Atualmente, participa como fellow clínica do Programa de Oncologia Cutânea do Melanoma Institute Australia, em Sydney.