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SBOC REVIEW

Avaliação de desfecho de tratamento de pacientes com osteosarcomas localizados, com quimioterapia com ou sem metotrexato em um hospital público no Brasil

Resumo do artigo:

O tratamento padrão do osteossarcoma localizado em pacientes pediátricos inclui metotrexato em altas doses (MTXAD) e taxas de cura superiores a 60% são observadas. No entanto, o perfil de toxicidade limita o uso de MTXAD e este medicamento geralmente é excluído dos protocolos de quimioterapia em pacientes adultos. O tratamento do osteossarcoma de alto grau localizado no adulto é desafiador, em virtude de sua raridade e sua escassez de evidência científica com estudos robustos de fase III.

O objetivo desse estudo retrospectivo foi avaliar os resultados de pacientes adultos com osteossarcoma localizado tratados com quimioterapia sem metotrexato. Foram avaliados adultos com osteossarcoma de alto grau que receberam tratamento quimioterápico sem metotrexato em um centro de referência de câncer no período de 2007 a 2018.

Os resultados analisados foram sobrevida livre de recorrência (SLR), sobrevida global (SG) e fatores prognósticos associados à sobrevida global. Foram incluídos na análise 48 pacientes com doença localizada e que receberam tratamento com quimioterapia sem metotrexato. A maioria deles recebeu quimioterapia com uma combinação de cisplatina e doxorrubicina (n=42, 87,5%). A idade média foi de 27 anos (intervalo de 16,8-66,7). Com um acompanhamento médio de 29,2 meses, o RFS médio foi de 29,9 meses. A SG mediana não foi alcançada. As taxas de SLR e SG em 5 anos foram de 35,1% (IC 95%: 20,3-50,2%) e 71,6% (IC 95%: 52,3-84,2%), respectivamente. Pacientes que receberam doses cumulativas de doxorrubicina superior ou igual a 375 mg/m2 tiveram melhor SG do que aqueles que receberam doses mais baixas (razão de risco de 0,26, IC 95%: 0,07-0,94, p=0,041). Da mesma forma, os pacientes que receberam ≥6 ciclos de cisplatina neoadjuvante/adjuvante tenderam a ter melhor SG do que aqueles que receberam < 6 ciclos (RR de 0,30, IC 95%: 0,08-1,09, p=0,069).

Dezenove pacientes receberam menos de 6 ciclos de cisplatina e doxorrubicina, principalmente por toxicidades de graus 3 ou 4, progressão de doença, recusa do paciente e escolha do médico.

Nesse estudo, pacientes com osteossarcoma de alto grau localizado tratados com quimioterapia sem metotrexato tiveram resultados desfavoráveis.

 

Marilia Polo Minguete e Silva. et al. Treatment outcomes for adult patients with localized osteosarcoma treated with chemotherapy without methotrexate at a public hospital in Brazil. Brazilian Journal of Oncology | VOL 17 | January-December 2021 |March 5, 2021; DOI:10.5935/2526-8732.20210012.
Avaliação de desfecho de tratamento de pacientes com osteosarcomas localizados, com quimioterapia com ou sem metotrexato em um hospital público no Brasil.

 

Comentário da avaliadora científica:

Nessa análise retrospectiva de um centro especializado, foi evidenciado um desfecho desfavorável, com apenas 35% dos pacientes livres de doença e 71% vivos em 5 anos.

Dose cumulativa de quimioterapia único fator associado com ganho de SG, como a doxorrubicina acima de 375 mg/m2 e o número de ciclos de cisplatina e doxorrubicina superior a 6. Entre as limitações, trata-se de estudo unicêntrico, retrospectivo e com amostra pequena de pacientes.

O uso de MTXAD (12 g/m2) permanece controverso no osteossarcoma em adultos e acredito que deva ser utilizado dentro de protocolos em ensaios clínicos. O uso do metrotexato pode adiar as terapias subsequentes com os principais medicamentos (cisplatina e doxorrubicina), interferindo diretamente nos desfechos clínicos.

Contudo, apesar da quimioterapia padrão não incluir metrotexato em nosso estudo, 35% dos pacientes tiveram uma redução da dose por toxicidades graus 3 ou 4. Pela dificuldade no manejo das toxicidades imediatas e falta de evidência robusta da superioridade da associação do MTX ao esquema de cisplatina e doxorrubicina em adultos, o centro em questão opta pela não associação da droga. Porém, fica evidente a necessidade de estudos multicêntricos para elaboração de diretrizes adequadas.

 

Avaliadora científica:

Dra. Marília Polo Mingueti e Silva
Oncologista clínica pelo Instituto Câncer Estado de São Paulo
Oncologista clínica no Instituto Câncer Estado de São Paulo e Rede D’Or