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SBOC REVIEW

Avaliação de fase II de pembrolizumabe em pacientes com câncer endometrial recorrente com instabilidade de microssatélites (MSI-H) com características Lynch-like ou metilação do MLH1 (NCT02899793)

Resumo do artigo:

A instabilidade de microssatélites (MSI-H) é um biomarcador de resposta à imunoterapia com inibidores de checkpoint (ICIs). No câncer de endométrio, aproximadamente um terço dos casos exibem um fenótipo MSI-H. No entanto, essas neoplasias se originam de diferentes vias, incluindo mutações germinativas em genes de reparo da via do mismatch repair (MMR) (síndrome de Lynch), mutações MMR somáticas (Lynch-like), ou metilação do promotor MLH1 (esporádica). Atualmente, não está claro se esses diferentes mecanismos que promovem a MSI-H alteram a resposta aos ICIs.

Na tentativa de esclarecer essa questão, foi realizado um estudo de fase II avaliando o uso de pembrolizumabe em pacientes com câncer de endométrio recidivado com MSI-H identificado através de exame de imunohistoquímica ou técnica de biologia molecular, com reação em cadeia de polimerase (PCR), seguidos de avaliação da TMB (carga mutacional tumoral) e assinatura gênica pelo exame FoundationOne.

Nesse estudo, que envolvia 25 pacientes, foram recrutadas 6 pacientes (25%) com tumor Lynch-like e 18 (75%) com a forma esporádica. Não houve pacientes com mutações germinativas e, portanto, ninguém apresentava o diagnóstico da síndrome de Lynch.

Observou-se taxa de resposta (TR), o objetivo primário do estudo, de 100% no grupo Lynch-like e de 44% no grupo esporádico (p = 0,024).

Como objetivos secundários, obteve-se sobrevida livre de progressão (SLP) em 3 anos de 100% versus 30% (p=0,017) e sobrevida global (SG) de 100% versus 43% (p=0,043) nos grupos Lynch-like e esporádico, respectivamente. Além disso, observou-se que o TMB foi significativamente maior no grupo Lynch-like [média de 2939 (867-5108) versus 604 (411-798), p=0,0076].

Interessantemente, dois casos com resistência primária e adquirida à ICIs, apresentaram longo benefício com a manutenção de pembrolizumabe após tratamento local do sítio de progressão, tendo alcançado sobrevida livre de progressão superior a 40 meses em ambos os casos.

 

A phase II evaluation of pembrolizumab in recurrent microsatellite instability-high (MSI-H) endometrial cancer patients with Lynch-like versus MLH-1 methylated characteristics (NCT02899793). Ann Oncol. 2021 Aug;32(8):1045-1046. doi: 10.1016/j.annonc.2021.04.013. Epub 2021 Apr 28.
Avaliação de fase II de pembrolizumabe em pacientes com câncer endometrial recorrente com instabilidade de microssatélites (MSI-H) com características Lynch-like ou metilação do MLH1 (NCT02899793).

 

Comentário da avaliadora científica:

Esse estudo demonstra a importância prognóstica envolvendo os diferentes mecanismos de MSI-H em TR, SLP e SG no câncer de endométrio, além de levantar a hipótese de que casos envolvendo progressão oligometastática em pacientes com MSI-H possam ser resgatados com tratamento local e continuidade do tratamento com pembrolizumabe.

A condução de novos estudos clínicos avaliando os subtipos de câncer de endométrio e o desenvolvimento de biomarcadores preditivos serão oportunos para o planejamento terapêutico desta doença.

 

Avaliadora científica:

Dra. Michelle Samora
Oncologista clínica pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)
Título de Especialista em Oncologia Clínica pela SBOC/AMB
Oncologista da Unifesp e do Centro Paulista de Oncologia/Grupo Oncoclinicas
Supervisora da Residência de Oncologia Clínica da Unifesp
Membro da diretoria atual do Grupo Brasileiro de Tumores Ginecológicos (Grupo EVA)
Doutorado em Ginecologia Oncológica pela Unifesp