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SBOC REVIEW

Cabozantinibe em primeira linha para tratamento do carcinoma renal metastático

Cabozantinibe em primeira linha para tratamento do carcinoma renal metastático
O carcinoma de células renais (CCR) metastático, embora permaneça incurável, apresenta prognóstico variável de acordo com critérios estabelecidos através do International Metastatic Renal Cell Carcinoma Database Consortium (IMDC). Baseado nestes critérios, os pacientes são classificados nas categorias de risco favorável, intermediário e ruim. Em 2013, um estudo de não-inferioridade estabeleceu como tratamento de primeira linha para pacientes de baixo risco tanto Sunitinib (sutent®, Pfizer) ou Pazopanib (votrient®, GlaxonSmithKline), com sobrevida livre de progressão (SLP) de 9m para ambos; para risco intermediário ou ruim, classicamente é indicado uso de Sunitinibe. Em segunda linha, Cabozantinibe (cometriq®, Exelixis) mostrou benefício de SLP em relação a everolimus. A opção de uso de Cabozantinibe no contexto de primeira linha em pacientes com é avaliada pelo estudo CABOSUN, publicado por Choueiri e colaboradores*.
Nesse estudo de fase 2 randomizado, 157 pacientes com CCR metastático, sem tratamento prévio e de risco intermediário ou ruim foram randomizados para receber cabozantinib 60mg/d (n = 79) ou sunitinib 50mg/d por 4 a cada 6 semanas (n = 78). Conforme publicação, o desfecho primário de SLP mostrou diferença estatisticamente significativa em favor do uso de cabozantinib, com 8,2m versus 5,6m no grupo sunitinib (HR 0,66, 95%, P=0,012). A taxa de resposta global foi de 46% no grupo cabozantinib e 18% no grupo sunitinib. A sobrevida global (SG) não mostrou diferença estatisticamente significativa, com 30,3m no grupo cabozantinib versus 21,8m no grupo sunitinib (HR 0,8, 95%, IC 0,5-1,26). Não houve diferença na incidência de eventos adversos nos dois grupos.

*Choueiri e cols, J Clin Oncol 34, 2016

Comentários: Este estudo gera hipótese de uma nova terapia de primeira linha em CCR, especialmente na doença de pior prognóstico. Entretanto, trata-se de estudo fase 2, com baixo recrutamento de pacientes e não mostra diferença em SG. Os dados encorajam a realização de estudo de fase 3, e seria adequada a comparação de cabozantinib também com pazopanib para melhor afirmação de seu papel na primeira linha.

Raquel B Guerra, MD.
Oncologista clínico especialista em neoplasias do trato genitourinário do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, Universidade de São Paulo e Centro Paulista de Oncologia-CPO/OncoclÍnicas.