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SBOC REVIEW

Capecitabina adjuvante no tratamento do câncer de mama após quimioterapia neoadjuvante

O alcance de resposta patológica completa em tumores de mama após terapia neoadjuvante correlaciona-se com aumento de sobrevida global. As taxas de resposta patológica completa em tumores Her2 negativo variam entre 13 e 22%. Dentre as pacientes que apresentam doença residual após terapia neoadjuvante, o risco de recidiva é de 20 a 30 %, e a realização de quimioterapia adjuvante não é o tratamento padrão.

O CREATE-X Trial é um estudo asiático que avaliou capecitabina adjuvante em pacientes HER2-negativo que foram submetidas a quimioterapia neoadjuvante com antraciclinas e taxanos e apresentaram doença residual pós operatória. Neste estudo fase III, pacientes com doença estádio I a IIIB foram randomizadas (1:1) para receber após a cirurgia o tratamento padrão associado a capecitabina versus o tratamento padrão (sem quimioterapia adicional). O desfecho primário foi sobrevida livre de doença (SLD), e os desfechos secundários sobrevida global (SG) e segurança. Foram incluídas 443 pacientes no braço intervenção e 444 pacientes no braço controle. A análise interina demostrou maior sobrevida livre de doença no braço intervenção em 3 anos (82.8% vs. 73.9%) e em 5 anos (74.1% vs. 67.6%) com HR 0.70  [IC 95% 0.53-0.92; p = 0.01]. Sobrevida global também foi superior no braço da capecitabina (94.0% vs. 88.9% em 3 anos, e 89.2% vs. 83.6% em 5 anos), com diminuição do risco de morte em 41% [HR 0.59  IC95% 0.39-0.90; p = 0.01]. A sobrevida global mediana não foi atingida em ambos os grupos. Observou-se uma maior magnitude do benefício em pacientes com tumores triplo-negativo.

Masuda N e cols. N Eng J Med. 2017 Jun 1;376(22):2147-2159. PMID: 28564564

Comentários: Capecitabina adjuvante em pacientes com doença residual demonstrou aumento de SG e SLD. Dois aspectos a se considerar: a população ser asiática com diferente metabolização, e resultados negativos em estudos de adjuvância prévios. No entanto, ganho em SG, principalmente em doenças mais agressivas, credenciam o seu uso como tratamento padrão. 

Pedro Exman, MD.
Fellow de Oncologia Clinica no Dana-Farber Cancer Institute/Harvard Medical School.
Residência de Clínica Médica no HC-FMUSP e residência de Oncologia Clínica no ICESP/FMUSP.
Médico graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.