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SBOC REVIEW

Citorredução secundária seguida de quimioterapia versus quimioterapia isolada em câncer de ovário recidivado sensível a platina (SOC1): um estudo multicêntrico, aberto, randomizado, de fase 3

Resumo do artigo:

Este estudo foi apresentado na ASCO 2020 e publicado em 08 de março de 2021 na The Lancet Oncology. As pacientes elegíveis eram mulheres, maiores de 18 anos, com câncer epitelial de ovário sensível a platina. O intervalo livre de platina deveria ser maior que 6 meses após o final da quimioterapia de primeira linha. Estas pacientes eram randomizadas para cirurgia citorredutora seguido de quimioterapia (docetaxel 75 mg/m2 ou paclitaxel 175 mg/m2, combinado com carboplatina AUC 5) versus quimioterapia isolada. Os endpoints primários foram sobrevida livre de progressão (SLP) e sobrevida global (SG), analisadas em todos os participantes designados aleatoriamente para o tratamento, independente do tratamento recebido. Foi realizada a análise final de sobrevida livre de progressão e a análise provisória pré-especificada de sobrevida global.

Este ensaio randomizado de fase III foi realizado em quatro centros na China. Os pacientes elegíveis foram previstos ter doença potencialmente ressecável R0 pelo score iMODEL e pela imagem do PET. A pontuação do iMODEL foi calculada usando seis variáveis: estágio, doença residual após a cirurgia primária, intervalo sem platina, performance status, nível de CA125 e ascite na recorrência. Uma pontuação de 4,7 ou inferior previu uma ressecção potencialmente completa.

Entre 19 de julho de 2012 e 03 de junho de 2019, 357 pacientes foram randomizadas: 182 no grupo da cirurgia e 175 pacientes no grupo de quimioterapia isolada. A idade média das pacientes era de 54 anos e mais de 80% tinha doença em estádio III ou IV. A taxa de ressecção completa foi de 76,7%. Entre os pacientes dos braços cirúrgicos e não cirúrgico, 1,1% e 10,1% foram submetidas à manutenção com bevacizumabe e inibidores da PARP no tratamento de segunda linha. Das 175 pacientes do braço não cirúrgico, 6,3% foram operadas e a taxa de cross-over foi de 37% em pacientes a partir da segunda recidiva do braço não cirúrgico. O acompanhamento mediano foi de 36 meses. A sobrevida livre de progressão mediana foi de 17,4 meses (IC 95% 15,0–19,8) no grupo de cirurgia e 11,9 meses (10,0–13,8) no grupo sem cirurgia (HR 0,58, IC 95% 0,45-0,74, p<0,0001). A sobrevida global mediana foi de 58,1 meses no grupo de cirurgia e 53,9 meses no grupo sem cirurgia (HR 0,82, IC 95% 0,57-1,19). Os dados de sobrevida ainda são imaturos.

A taxa de complicações no pós-operatório em 30 dias com graus 3-4 foi de 5,2%, e nenhum paciente em nenhum dos grupos morreu 60 dias após receber o tratamento. Os eventos adversos de graus 3-4 mais comuns durante a quimioterapia foram neutropenia e anemia.

 

Tingyan Shi et al. Lancet Oncol. Secondary cytoreduction followed by chemotherapy versus chemotherapy alone in platinum-sensitive relapsed ovarian cancer (SOC-1): a multicentre, open-label, randomize, phase 3 trial. 2021; 22: 439-49. doi.org/10.1016/ S1470-2045(21)00006.
Citorredução secundária seguida de quimioterapia versus quimioterapia isolada em câncer de ovário recidivado sensível a platina (SOC1): um estudo multicêntrico, aberto, randomizado, de fase 3.

 

Comentário da avaliadora científica:

O papel da citorredução cirúrgica secundária tem sido bastante debatido. Anteriormente tivemos o estudo DESKTOP III, que também utilizou critérios de elegibilidade para determinar a probabilidade de ressecabilidade cirúrgica, e os resultados mostraram melhora significativa da sobrevida global a favor da cirurgia, exclusivamente nas pacientes que tiveram ressecção completa. O estudo GOG-0213 não mostrou benefício da sobrevida global, mas não utilizou critérios objetivos e a probabilidade de ressecção ficou a critério do investigador.

O estudo SOC-1 mostrou que a cirurgia citorredutora secundária completa em mulheres com câncer de ovário recorrente sensível a platina resultou em benefício de 5,5 meses na sobrevida livre de progressão. É fundamental que a seleção de pacientes e a cirurgia devam ser realizadas em centros de excelência. Os resultados de sobrevida em longo prazo ainda são imaturos.

 

Avaliadora científica:

Dra. Ana Caroline Patu
Residência em Oncologia Clínica pelo Hospital Sírio Libanês
Coordenadora da Oncologia do Real Instituto de Oncologia do Hospital Português de Pernambuco
Oncologista Clínica do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco