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SBOC REVIEW

Combinação de TKI e anti-PD-1 confirma benefícios em seguimento estendido no carcinoma de células renais avançado (estudo CLEAR)

Resumo do artigo:

O estudo clínico de fase III CLEAR comparou o tratamento com o inibidor de múltiplos receptores de tirosina-quinase lenvatinibe mais terapia anti-PD-1 com pembrolizumabe versus o inibidor de múltiplos receptores de tirosina-quinase sunitinibe em pacientes com carcinoma de células renais avançado (CCR-av). O estudo foi desenvolvido com base em dados publicados em revistas como o JCO e outras fontes relevantes. A maioria dos pacientes neste estudo pertencia ao grupo de risco intermediário, estratificado pelo grupo prognóstico do Memorial Sloan Kettering Cancer Center (MSKCC).

O estudo foi conduzido em pacientes com carcinoma de células renais avançado não tratados previamente, randomizados para receber lenvatinibe (20 mg oral diariamente em ciclos de 21 dias) mais pembrolizumabe (200 mg intravenoso a cada 3 semanas) ou sunitinibe (50 mg oral diariamente [4 semanas de tratamento/2 semanas de intervalo]). A análise final da sobrevida global (SG) foi realizada com um seguimento adicional de 23 meses após a análise primária, resultando em dados até 31 de julho de 2022.

O objetivo primário foi comparar a sobrevida global entre os grupos de tratamento, onde os dados foram calculados utilizando as estimativas de limite de produto Kaplan-Meier. Os objetivos secundários incluíram a sobrevida livre de progressão (SLP), a taxa de resposta objetiva (TRO) e a duração da resposta (DOR), determinadas por revisão de imagem independente (IIR), e SLP2 pela revisão do investigador, ambos conforme RECIST versão 1.1, além dos eventos adversos e perfil de segurança.

A análise mostrou uma razão de risco (HR) de sobrevida global de 0,79 (IC 95%, 0,63 a 0,99) para lenvatinibe mais pembrolizumabe versus sunitinibe. A sobrevida global mediana foi de 53,7 meses (IC 95%, 48,7 a não estimável [NE]) versus 54,3 meses (IC 95%, 40,9 a NE), com taxas de sobrevida global em 36 meses de 66,4% e 60,2%, respectivamente. A SLP mediana foi de 23,9 meses (IC 95%, 20,8 a 27,7) versus 9,2 meses (IC 95%, 6,0 a 11,0) – HR 0,47 (IC 95%, 0,38 a 0,57). A taxa de resposta objetiva (TRO) favoreceu lenvatinibe mais pembrolizumabe (71,3% vs. 36,7%).

Na avaliação de subgrupos, a associação de lenvatinibe mais pembrolizumabe melhorou a SG em comparação com sunitinibe apenas nos subgrupos de risco intermediário e desfavorável (HR 0,74; IC 95%, 0,57 a 0,96). A SG mostrou-se semelhante no grupo de risco favorável. No entanto, em virtude de um baixo número de eventos neste subgrupo, esta análise não tem suficiente poder estatístico.

Em ambos os grupos, a maioria dos pacientes apresentou eventos adversos emergentes do tratamento (TEAEs). TEAEs de grau ≥3 ocorreram em 84,9% dos pacientes tratados com lenvatinibe mais pembrolizumabe e em 74,7% dos pacientes tratados com sunitinibe. A diarreia e a hipertensão foram os mais comuns, com o grau ≥3 TEAE entre os grupos de tratamento. TEAEs fatais ocorreram em 16 (4,5%) pacientes tratados com lenvatinibe mais pembrolizumabe e em 12 (3,5%) pacientes tratados com sunitinibe.

O estudo CLEAR demonstra que lenvatinibe mais pembrolizumabe proporciona um benefício significativo e duradouro em sobrevida global e sobrevida livre de progressão em comparação com sunitinibe em pacientes com carcinoma de células renais avançado não tratados previamente. A combinação também mostrou uma alta taxa de resposta objetiva, assim como a porcentagem de pacientes com resposta completa de 18,3% e um perfil de segurança aceitável, destacando seu potencial como uma opção de tratamento eficaz e bem tolerada para essa população de pacientes.

Além disso, é importante ressaltar que o estudo também avaliou a qualidade de vida dos pacientes, mostrando melhorias significativas em sintomas relacionados ao câncer e efeitos colaterais do tratamento ao longo do acompanhamento prolongado.

 

Comentário do avaliador científico:

Diversos estudos, como o KEYNOTE-581 e o Estudo 307, ressaltam a análise final de sobrevida global do estudo CLEAR, que compara diferentes tratamentos em pacientes com carcinoma de células renais avançado (CCR-av), proporcionando perspectivas valiosas para a prática clínica. A análise revela dados promissores para a eficácia e segurança da combinação de lenvatinibe mais pembrolizumabe em comparação com sunitinibe em pacientes com CCR-av. A combinação desses medicamentos demonstrou eficácia consistente e duradoura, resultando em benefícios de SLP e TRO com uso de lenvatinibe mais pembrolizumabe versus sunitinibe, mantidos com acompanhamento de longo prazo, destacando a magnitude e durabilidade da resposta para esta combinação de tratamento, assim como a porcentagem de pacientes com resposta completa.

Eventos adversos foram comuns em ambos os grupos, mas com um perfil de segurança gerenciável e boa tolerância em comparação com tratamentos anteriores. Esses resultados são fundamentais para embasar decisões terapêuticas e trazer esperança para uma melhoria na qualidade de vida e sobrevida dos pacientes com CCR-av. Destaca-se a importância do acompanhamento contínuo para avaliar a eficácia e segurança a longo prazo dessa abordagem, fornecendo informações adicionais sobre seu impacto clínico e sua viabilidade como opção terapêutica. As perspectivas futuras indicam que essa combinação terapêutica pode se tornar uma opção eficaz e valiosa para o tratamento dessa condição, contribuindo para um melhor prognóstico dos pacientes afetados.

 

Citação: Motzer R, Alekseev B, Rha SY, et al: Lenvatinib plus pembrolizumab or everolimus for advanced renal cell carcinoma. N Engl J Med 384:1289-1300, 2021. PMID: 36858721 / DOI: 10.1016/S1470-2045(23)00049-9

 

Avaliador científico:

Carla Andressa Rodrigues Dias

Oncologista clínica pelo Instituto Dr. Arnaldo Vieira de Carvalho

Fellowship Tumor Neuroendócrino – A.C.Camargo Cancer Center

Atuando como oncologista assistente do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês; Instituto do Câncer Estado de São Paulo/ICESP – FMUSP.