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SBOC REVIEW

Consenso brasileiro em carcinoma urotelial músculo invasivo e metastático

Resumo do artigo:

O primeiro consenso brasileiro para o tratamento dos tumores uroteliais invasivos e metastáticos é uma publicação que traz informações importantes para guiar o tratamento destes pacientes. O artigo inicia com importantes recomendações de quando o médico deve suspeitar e encaminhar o paciente para o aconselhamento genético. Tumores do trato alto, que se apresentam antes dos 50 anos, mulheres, ausência de história de tabagismo e história familiar de tumores relacionados com síndrome de Lynch são informações relevantes para a recomendação de aconselhamento genético. A seleção dos pacientes para o tratamento também foi abordada, os critérios de elegibilidade a cisplatina (função renal, performance status do pacientes, neuropatia, perda auditiva e função cardíaca) foram discutidos e um dos pontos importantes foi a discussão dos valores do clearance de creatinina para receber cisplatina, sendo aceito valores até 50 mL/minuto.
A quimioterapia baseada em cisplatina e preferencialmente de maneira neoadjuvante foi consenso para o tratamento peri-operatório, sendo que não se recomenda quimioterapia com carboplatina neste cenário por ausência de dados de eficácia, com exceção dos tumores de trato alto em que esta recomendação pode ser discutida. Para os pacientes que não desejam ou não podem realizar cistectomia radical discutiu-se terapia multimodal aonde não se recomenda nestes casos quimioterapia neo-adjuvante. Pela ausência e dificuldade da mitomicina o esquema recomendado em pacientes que podem receber o tratamento intenso o mesmo deve ser feito com cisplatina, nos pacientes que não podem receber o uso de gemcitabina é a recomendação.
Na doença metastática as recomendações sobre análise da expressão de PD-L1 é feita sempre que o paciente seja inelegível para receber cisplatina. Em relação ao FGFR deve ser feito em todos os pacientes, importante que seja feito na biópsia de sítio metastático ou no componente invasivo da doença inicial. Não é necessário nova biópsia para análise dos biomarcadores. Para a primeira linha a avaliação de elegibilidade de cisplatina define se o paciente deverá receber quimioterapia baseada em cisplatina ou carboplatina ou imunoterapia. Na segunda linha o paciente pode receber imunoterapia, quimioterapia ou erdafitinib, no consenso existe a recomendação de qual o melhor momento para cada terapia.
Por fim recomendações de terapia ósseas são feitas, utilizando-se principalmente dados em outros tumores, mas focando qual melhor droga, quanto tempo usar e os cuidados com os efeitos colaterais.

Brazilian consensus in muscle-invasive and metastatic urothelial carcinoma. Soares A et al. Braz J Oncol. 2020;16(0):1-12
Consenso brasileiro em carcinoma urotelial músculo invasivo e metastático.

 

Comentário do avaliador científico:
- A dinâmica do consenso reforça a qualidade da informação contida nele. O formato do consenso capitaneado pelo grupo do LACOG-GU e realizado em conjunto com as Sociedades Brasiliera de Oncologia Clínica, Urologia e Radioterapia foi montar um comitê com nomes indicados por todos os grupos para realizar as questões a serem votadas. Após 2 rodadas de revisão destas questões entre os membros do comitê houve uma reunião presencial entre eles para os últimos ajustes e finalizar as que seriam levadas em votação. Por um dia inteiro um painel de especialistas indicados pelo LACOG-GU e as sociedades votaram as questões. As que não atingiram consenso foram debatidas e nova rodada de votação realizada, se mesmo após esta votação não houvesse consenso a resposta com maior porcentagem seria considerada recomendação de maioria.
- Este consenso é uma ferramenta importante para todos os oncologistas e deve ser leitura obrigatória pois além de trazer de forma clara e objetiva as melhores recomendações, traz uma revisão do tema.

Avaliador científico:
Dr. Andrey Soares, MD
Oncologista do Centro de Oncologia do Hospital Albert Einstein e do Centro Paulista de Oncologia – Oncoclínicas. Ex-presidente e atual diretor científico do LACOG-GU.