SBOC REVIEW

Resumo do artigo:

Em dezembro de 2019, uma nova doença causada pelo coronavírus SARS-CoV-2 (COVID-19) surgiu em Wuhan, na China, tendo rapidamente se espalhado para diversos países do mundo, inclusive para o Brasil. Uma vez que pacientes oncológicos são mais suscetíveis a infecções, é esperado que eles estejam sob maior risco de adquirir COVID-19, assim como apresentarem mais chances de evoluírem com complicações.

Nesta publicação, os autores revisaram a literatura vigente até 17 de março de 2020 a respeito dos dados de COVID-19 em pacientes oncológicos. Na maior série de casos chineses com COVID-19 (n=72.314), 14% apresentaram quadros severos e a taxa de fatalidade geral foi de 2,3%, sendo 5,6% dessas mortes entre pacientes com câncer. Num outro estudo chinês com 1.099 casos de COVID-19, 10 pacientes eram oncológicos e um terço deles apresentou quadros severos.

Na publicação com maiores detalhes a cerca de 18 pacientes oncológicos infectados (75% deles apenas em seguimento) numa coorte de 1.590 indivíduos internados, 39% dos pacientes com histórico de câncer apresentaram eventos sérios comparado a 8% dos não-oncológicos, sendo a ainda maior entre o grupo em tratamento ativo ou com cirurgia nos últimos 30 dias. No entanto, pacientes oncológicos eram também mais idosos e com maior histórico de tabagismo, podendo ter influenciado os resultados. Diante do ainda escasso número de pacientes oncológicos com COVID-19 reportados até o presente momento, colaborações internacionais são necessárias para um melhor entendimento da evolução desta infecção em pacientes com câncer.

 

COVID-19 among cancer patients. What we know so far?. Peixoto RD, Lopes MSM. Braz J Oncol. 2020;16(0):1-3
COVID-19 entre pacientes com câncer. O que sabemos até agora?

 

Comentário da autora:
- Trata-se de uma revisão da literatura a respeito da evolução de pacientes oncológicos com COVID-19. 
- A revisão aponta que pacientes com câncer, especialmente aqueles em tratamento ativo ou com cirurgia nos últimos 30 dias, possuem um risco mais elevado de evoluir com complicações, tais como necessidade de internação em unidade de terapia intensiva, ventilação mecânica ou óbito.
- Apesar dos dados indicarem uma maior letalidade de COVID-19 em pacientes oncológicos, vale ressaltar que o número de pacientes com câncer incluso nos estudos ainda é pequeno, impossibilitando maiores conclusões. Ademais, é sabido que pacientes com câncer tendem a ser mais idosos e apresentarem outras comorbidades, que também elevam o risco de gravidade associada a COVID-19.

 

Autora:
Dra. Renata D’Alpino Peixoto
Oncologista clínica especialista em Tumores Gastrointestinais e Neuroendócrinos do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Coordenadora Médica do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Diretora científica do Grupo Brasileiro de Tumores Gastrointestinais (GTG)

 

Editor: 
Dr. Daniel da Motta Girardi
Oncologista clínico do Hospital Sírio-Libanês de Brasília e do Hospital de Base do Distrito Federal. Advanced fellow no programa de tumores geniturinários do National Cancer Institute, Bethesda, Estados Unidos.