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SBOC REVIEW

Cuidados Paliativos e Terapias de Suporte – Especial ASCO

Ensaio randomizado de monitoramento remoto de sintomas de câncer durante COVID-19: impacto em sintomas, qualidade de vida e utilização não planejada de cuidados de saúde

Resumo do artigo:

Este estudo avaliou o uso de monitorização remota de sintomas e o controle de sintomas em domicílio, importantes estratégias durante a pandemia de COVID-19. Os pacientes (n=252) foram randomizados para a intervenção domiciliar ou cuidados usuais. Os pacientes tiveram avaliados sintomas (MDASI), bem-estar mental e isolamento social (PROMIS; HADS) e qualidade de vida relacionada cm saúde (Penedo Covid-19 HRQoL subscale). Não houve diferenças demográficas entre os grupos, e os resultados demonstraram que a monitorização remota se associou com carga de sintomas reduzida (p=0,018) e melhora na qualidade de vida (p=0,007). No grupo de intervenção (n=116), o monitoramento diário dos sintomas mostrou que os sintomas moderados a severos mais prevalentes foram: fadiga em 57,3%, ansiedade/nervosismo em 51,3%, dor em 44,4%, humor depressivo em 43,6%, insônia em 36,8%; e náuseas ou vômitos em 23,1%. A extensão dos cuidados para o domicílio durante a pandemia diminuiu idas ao sistema de saúde (12,5% vs 25% de demanda pelos serviços de emergência) e melhorou a experiência do paciente no controle de sintomas.

 

Randomized trial of remote cancer symptom monitoring during COVID-19: Impact on symptoms, QoL, and unplanned health care utilization. ABSTRACT 12000.
Ensaio randomizado de monitoramento remoto de sintomas de câncer durante COVID-19: impacto em sintomas, qualidade de vida e utilização não planejada de cuidados de saúde.

 


 

Efeitos colaterais relacionados ao tratamento e pontos de vista sobre avaliação da dose para manter a qualidade de vida: Resultados de uma pesquisa conduzida por defensores de pacientes com câncer de mama metastático

Resumo do artigo:

Neste estudo, os pesquisadores usaram uma pesquisa virtual confidencial via grupos de mídia social, boletins informativos de organizações e fóruns de suporte online. A pesquisa foi desenvolvida por pacientes e oncologistas para determinar a prevalência e o impacto e gerenciamento dos efeitos colaterais relacionados ao tratamento, qualidade da comunicação médico-paciente, e interesse em abordagens alternativas às doses usuais (recomendadas nos ensaios clínicos) se eventos adversos.

Em 15 dias, 1.221 pacientes completaram a pesquisa. O número médio de linhas de tratamento oncológico foi de 2,5 (intervalo 1 a ≥5). Do total, 86% das pacientes (n=1051) relataram ter experimentado pelo menos um efeito colateral significativo relacionado ao tratamento e, destas, 20% (n = 213) visitaram o pronto-socorro / hospital e 43% (n=454) faltaram a pelo menos um tratamento.

A maioria das pacientes discutiram sobre os efeitos colaterais com seus médicos (98%; n=1026) e 82% (n=838) receberam ajuda. As estratégias de mitigação mais comuns (não exclusivas) foram redução de dose (66%, n=556) e prescrição de medicamentos (59%, n=494). Dos 556 pacientes que tiveram a dose reduzida, 83% (n =459) relataram sentir-se melhor. Importante, 92% (n=1127) expressaram desejo de discutir opções de doses alternativas com seus médicos, baseadas em suas características pessoais e preferências individuais.

 

Treatment-related side effects and views about dosage assessment to sustain quality of life: Results of an advocate-led survey of patients with metastatic breast cancer (MBC). ABSTRACT 1005.
Efeitos colaterais relacionados ao tratamento e pontos de vista sobre avaliação da dose para manter a qualidade de vida: Resultados de uma pesquisa conduzida por defensores de pacientes com câncer de mama metastático.

 

Comentários Dr. Ricardo Caponero:

Num contexto de tratamento paliativo, estratégias relacionadas à avaliação de dose podem garantir a manutenção da qualidade de vida. As discussões médico-paciente, com avaliação periódica de necessidades e sintomas podem determinar a dose ao longo do tratamento, sendo a maioria dos pacientes receptiva a tais discussões.

 


 

Farmacogenômica das neurotoxicidades induzidas pela cisplatina: Perda auditiva, zumbido e neuropatia sensorial periférica

Polimorfismos rs4673 e rs28714259 como preditores de cardiotoxicidade por antraciclina em pacientes com câncer de mama

Validação prospectiva de preditores genéticos de sintomas musculoesqueléticos associados ao inibidor da aromatase (AIMSS) em uma coorte racialmente diversa: Resultados de ECOG-ACRIN E1Z11

Pharmacogenomics of cisplatin-induced neurotoxicities: Hearing loss, tinnitus and peripheral sensory neuropathy. ABSTRACT 12004.
Farmacogenômica das neurotoxicidades induzidas pela cisplatina: Perda auditiva, zumbido e neuropatia sensorial periférica.

Polymorphisms rs4673 and rs28714259 as predictors of anthracycline-mediated cardiotoxicity in patients with breast cancer. ABSTRACT 12005.
Polimorfismos rs4673 e rs28714259 como preditores de cardiotoxicidade por antraciclina em pacientes com câncer de mama.

Prospective validation of genetic predictors of aromatase inhibitor-associated musculoskeletal symptoms (AIMSS) in a racially diverse cohort: Results from ECOG-ACRIN E1Z11. ABSTRACT 12003.
Validação prospectiva de preditores genéticos de sintomas musculoesqueléticos associados ao inibidor da aromatase (AIMSS) em uma coorte racialmente diversa: Resultados de ECOG-ACRIN E1Z11.

 

Comentários Dr. Ricardo Caponero:

Três estudos interessantes abordaram o uso da tão sonhada farmacogenômica para determinar grupos de pacientes com maior risco de eventos adversos e, com isso, fazer melhores escolhas terapêuticas ou minimizar as toxicidades.

O primeiro, de Xindi Zhang e colegas, com uma coorte de 1.680 pacientes com neoplasia de células germinativas de testículo, a neurotoxicidade associada à cisplatina foi relacionada à múltiplas características, incluindo hipertensão arterial, hipercolesterolemia e autorrelato de saúde ruim. Polimorfismos dos genes WNT8A e TXNRD1 foram significativamente associados à zumbido e perda auditiva, respectivamente.

No segundo estudo, foi avaliada a frequência dos polimorfismos rs4673 e rs28714259 e a associação com o risco de alterações cardiovasculares durante o tratamento do câncer de mama com antraciclinas. Durante o seguimento, 21 pacientes (8,2%) foram diagnosticadas com toxicidades cardiovasculares. O risco aumentou 6,49 vezes na presença do alelo polimórfico rs4673 e, no caso dos genótipos G/A e A/A rs28714259, em 3,27 vezes. Neste estudo, a eficiência prognóstica dos marcadores genéticos rs4673 e rs28714259 foi demonstrada para a detecção imediata dos riscos de desenvolvimento de toxicidade cardiovascular. De forma interessante, a prevalência dos genótipos T/T rs4673 e alelo G rs28714259 numa coorte de pacientes russos diferiu da população europeia (p = 0,014 e p = 0,05, respectivamente), mostrando que as características da população devem ser levadas em consideração na estratificação de risco.

O ECOG-ACRIN E1Z11 avaliou os polimorfismos de nucleotídeo único (SNPs) de genes associados à artralgia induzida pelos inibidores da aromatase (IA). De 999 mulheres, a genotipagem teve sucesso em 974 (98%). Do total, 43% desenvolveram artralgia e o IA foi descontinuado em 12% no período de até 1 ano de uso. Houve diferenças raciais significativas: mais afroamericanas e asiáticas desenvolveram queixas articulares em comparação com caucasianos (48% vs 38%, p = 0,017; 50% vs 38%, p = 0,004), mas as taxas de interrupção do IA ​​foram semelhantes entre os grupos raciais. Nenhum dos 10 SNPs foi significativamente associado à descontinuação dos IA. Dessa forma, o estudo não foi capaz de validar prospectivamente os 10 SNPs em 4 genes previamente associados à descontinuação dos IA, em função de eventos articulares.

Nenhum dos estudos de farmacogenômica apresentou soluções clinicamente aplicáveis para a redução dos eventos adversos do tratamento.

 


 

‘Estou sendo forçado a tomar decisões que nunca tive que tomar antes’: Oncologistas e os enigmas criados pela COVID-19

Resumo do artigo:

Este estudo examina as experiências de oncologistas que tomam decisões complexas em relação ao uso de quimioterapia em pacientes graves no contexto da pandemia de COVID-19. Foram realizadas entrevistas individuais com 22 oncologistas do Michigan Oncology Quality Consortium. Entre os grupos temáticos identificados, um foi relacionado à pandemia COVID-19 e contemplava: 1) dilemas éticos enfrentados pelos oncologistas; 2) a necessidade de pacientes e oncologistas para lidar com incertezas e emoções; e 3) a importância e complexidade de integrar tecnologia e comunicação para pessoas gravemente enfermas.

 

‘I’m being forced to make decisions I have never had to make before’: Oncologists and the conundrums created by COVID-19. ABSTRACT 12001.
‘Estou sendo forçado a tomar decisões que nunca tive que tomar antes’: Oncologistas e os enigmas criados pela COVID-19.

 

Comentários Dr. Ricardo Caponero:

Os oncologistas enfrentaram vários problemas (e isso não era no Brasil!), incluindo escassez e alocação de recursos, atrasos no atendimento, o dever de promover a equidade e não abandono, altos níveis de incerteza e medo e a importância de diretrizes de cuidados avançados e planejamento de cuidados de fim de vida. O não abandono apresentou-se como mecanismo de enfrentamento do aumento do estresse, e a integração da comunicação com a telemedicina foi frequente e necessária.

A tomada de decisão para pessoas gravemente doentes com câncer durante a pandemia de COVID-19 deve incluir o reconhecimento aberto dos dilemas éticos, das emoções intensas vivenciadas pelos pacientes e oncologistas, e a necessidade urgente de integrar tecnologia com comunicação compassiva.

 


 

Os cuidados paliativos precoces reduzem os custos hospitalares em fim de vida? Um estudo de coorte com escore de propensão

Resumo do artigo:

Uma questão recorrente é a economia de recursos financeiros associadas aos cuidados paliativos. O objetivo deste estudo foi investigar o impacto dos cuidados paliativos precoces versus não precoces nos custos combinados de cuidados agressivos (hospitalização) e de suporte (atendimento domiciliar / visita domiciliar do médico) em oncologia. Usando bancos de dados administrativos, foi avaliada uma coorte retrospectiva de pacientes falecidos por câncer entre 2004-2014 em Ontário, Canadá. Foram identificados 144.306 falecidos por câncer, dos quais 37% receberam cuidados paliativos precocemente no período de exposição. Após o pareamento do escore de propensão, foram criados 36.238 pares de falecidos que receberam cuidados paliativos precoces e não precoces. Entre aqueles que receberam cuidados paliativos precoces, 56,3% utilizaram internação hospitalar no mês anterior ao óbito, enquanto 66,7% do grupo cuidados paliativos não precoces utilizaram internação. Considerando apenas os custos de internação hospitalar, aqueles que receberam cuidados paliativos precoces usaram uma mediana de $ 2.894 (dólares canadenses) no último mês de vida em comparação com o grupo de controle de $ 5.311 (p <0,001). Os custos médios gerais no último mês de vida para o grupo cuidados paliativos precoces versus o grupo de controle foi de US $ 11.129 versus US $ 10.598 (p <0,001). O uso de cuidados paliativos precoces reduziu a mediana dos custos gerais do sistema de saúde, especialmente por evitar hospitalizações no último mês de vida.

 

Does early palliative care reduce end-of-life hospital costs? A propensity-score matched, population-based, cohort study. ABSTRACT 12006.
Os cuidados paliativos precoces reduzem os custos hospitalares em fim de vida? Um estudo de coorte com escore de propensão.

 


 

Efeitos da ioga, da terapia cognitivo-comportamental e de placebo comportamental no sono: RCT multicêntrico nacional de fase III em sobreviventes de câncer

Resumo do artigo:

A insônia é um dos eventos frequentes durante e após o tratamento do câncer. O sono prejudicado pode mediar outros sintomas relacionados ao câncer e levar à incapacidade de completar as atividades diárias e diminuir a qualidade de vida. Várias opções de tratamento não farmacológico são eficazes no tratamento da insônia. O estudo de Po-Ju Lin e colegas avaliou o impacto da ioga (ioga para sobreviventes do câncer: YOCAS), da terapia cognitivo-comportamental para insônia (CBT-I) e de placebo comportamental no sono de pacientes sobreviventes de câncer.

Houve diferenças significativas entre os 3 braços no que concerne eficiência do sono, duração do sono (p<0,05), mas não na latência do sono (p>0,05). Os indivíduos YOCAS e CBT-I mantiveram a eficiência do sono (alteração média = -0,8% e -0,03%, respectivamente, p>0,05), enquanto os indivíduos placebo comportamentais reduziram significativamente a eficiência do sono (alteração média = -3,4%, p<0,01).

Ao controlar as características basais, YOCAS e CBT-I demonstraram melhor eficiência do sono em comparação com medidas placebo comportamentais (p<0,05).

YOCAS manteve a duração do sono (-3,5 minutos, p> 0,05), enquanto os indivíduos com CBT-I e placebo comportamental reduziram significativamente a duração do sono (alteração média = -20,3 minutos e -26,6 minutos, respectivamente, p<0,01).

Tanto YOCAS quanto CBT-I mantiveram a eficiência e/ou a duração do sono em sobreviventes de câncer, no entanto é difícil determinar se a magnitude do benefício tem significado na prática diária.

 

Effects of yoga, cognitive behavioral therapy, and a behavioral placebo on sleep: A nationwide multicenter phase III RCT in cancer survivors. ABSTRACT 12017.
Efeitos da ioga, da terapia cognitivo-comportamental e de placebo comportamental no sono: RCT multicêntrico nacional de fase III em sobreviventes de câncer.

 


 

Resultados de longo prazo de um ensaio randomizado, cego e controlado por placebo e lista de espera avaliando acupuntura para sintomas articulares relacionados a inibidores da aromatase no câncer de mama em estágio inicial (S1200)

Resumo do artigo:

De volta aos sintomas musculoesqueléticos dos inibidores da aromatase (IA), foi apresentada uma atualização com seguimento mediano de 52 semanas do estudo S1200, que avaliou acupuntura verdadeira (TA) versus acupuntura simulada (SA) ou controles de lista de espera (WC). Pacientes usando IA por ≥30 dias e com escore de pior dor ≥3/10 usando a escala Brief Pain Inventory-Worst Pain (BPI-WP) eram elegíveis.

Entre 226 pacientes registrados, 110 foram randomizados para TA, 59 para SA e 57 para WC. As características da linha de base foram semelhantes entre os braços. Em 52 semanas, com um ajuste de regressão linear para o escore inicial e fatores de estratificação, os escores médios do BPI-WP de 52 semanas foram 1,08 pontos mais baixos (correlacionando-se com menos dor) no braço TA em comparação com o SA (IC 95%: 0,24-1,91, p=0, 01), e foram 0,99 pontos mais baixos no TA em comparação com o braço WC (IC 95%: 0,12-1,86, p=0,03). A proporção de pacientes que experimentaram uma redução clinicamente significativa (>2) no escore BPI-WP foi de 64% para TA em comparação com 45% em SA e 53% em WC.

Em mulheres com câncer de mama tratadas com IA e 12 semanas de acupuntura para sintomas articulares, houve redução dos níveis de pior dor, com efeito que durou um ano. Vale ressaltar que mais de 10% das pacientes nos 3 braços receberam TA após intervenção concluída.

 

Long-term results from a randomized blinded sham- and waitlist-controlled trial of acupuncture for joint symptoms related to aromatase inhibitors in early stage breast cancer (S1200). ABSTRACT.
Resultados de longo prazo de um ensaio randomizado, cego e controlado por placebo e lista de espera avaliando acupuntura para sintomas articulares relacionados a inibidores da aromatase no câncer de mama em estágio inicial (S1200).

 

Comentários Dr. Ricardo Caponero:

Na ASCO 2021, praticamente não houve nenhum progresso no controle de sintomas e a fadiga é o grande desafio da oncologia moderna. A farmacogenômica segue como estratégia promissora, mas ainda sem realizações práticas. Além disso, há um questionamento crescente e saudável dos benefícios do tratamento antineoplásicos, principalmente nas múltiplas linhas de tratamento metastático (contexto paliativo).

 

 

Avaliador científico:

Dr. Ricardo Caponero
Residência médica em radioterapia no Hospital das Clínicas da USP
Título de Especialista em Oncologia Clínica pela SBOC/AMB em 1989
Membro do Comitê de Cuidados Paliativos e Suporte da SBOC (Biênio 2019-2021)
Oncologista do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz
Mestre em Oncologia Molecular pelo Centro de Estudios Biosanitarios de Madri, Espanha
Ex-coordenador do CATSMI – Centro Avançado em Terapia de Suporte e Medicina Integrativa do HAOC

 

 


 

Nível de vitamina D ao diagnóstico de câncer de mama e resultados de sobrevida em coorte de 3995 pacientes – seguimento de 10 anos

Resumo do artigo:

O estudo VITAL e algumas metanálises demonstraram uma melhor sobrevida ao câncer com a suplementação de vitamina D. Nesse estudo foram avaliadas as relações entre os níveis séricos de vitamina D e os desfechos do câncer de mama em uma grande coorte prospectiva de sobreviventes do câncer de mama. Foram dosados os níveis de 25-hidroxivitamina D em amostras de soro coletadas no momento do diagnóstico de 3.995 mulheres com câncer de mama incidente inscritas no Estudo Pathways, uma grande coorte prospectiva estabelecida em 2006 na Kaiser Permanente Northern California com acompanhamento ativo por 9,6 anos (variação: 0,3-13). Os níveis de vitamina D foram categorizados com base nos pontos de corte clínicos como deficientes (<20 ng/mL), insuficientes (20 a 30 ng/mL) ou suficientes (≥30 ng/mL). Esses níveis foram avaliados em relação à sobrevida global, sobrevida específica ao câncer de mama, sobrevida livre de recorrência e sobrevida livre de doença invasiva.

O uso de suplemento de vitamina D, IMC (índice de massa corpórea) mais baixo e raça branca relatada foram os fatores mais fortes de níveis séricos mais elevados de 25OHD. Em comparação com aqueles com níveis deficientes de vitamina D, os pacientes com níveis suficientes tiveram resultados de sobrevida significativamente melhores. Os pacientes negros tinham os níveis mais baixos de 25OHD, o que contribuiu para sua pior sobrevida em comparação com os pacientes brancos.

Níveis suficientes de vitamina D no momento do diagnóstico foram associados à melhora do prognóstico do câncer de mama. Manter níveis suficientes de vitamina D em pacientes com câncer de mama, incluindo mulheres negras e aquelas com doença em estágio mais avançado.

 

Clinically sufficient vitamin D levels at breast cancer diagnosis and survival outcomes in a prospective cohort of 3,995 patients after a median follow-up of 10 years. ABSTRACT 10510.
Nível de vitamina D ao diagnóstico de câncer de mama e resultados de sobrevida em coorte de 3995 pacientes – seguimento de 10 anos.

 

Comentários Dra. Andrea Pereira:

Nos últimos anos estudos têm demonstrado associação positiva de níveis séricos de vitamina D com sobrevida, além disso, os estudos mais recentes que fazem a suplementação dessa vitamina também têm encontrado dados semelhantes. Portanto, dosar a vitamina D ao diagnóstico do câncer, acompanhar e suplementar parece ser uma prática com um bom custo-benefício para os pacientes oncológicos.

 


 

Avaliação da deficiência de vitamina D e diagnóstico de COVID-19 em pacientes com câncer de mama ou próstata usando prontuário eletrônico

Resumo do artigo:

Os pacientes oncológicos têm um risco particularmente alto de infecção por COVID-19 e piores desfechos. A deficiência de vitamina D pode aumentar o risco de complicações e infecção por COVID-19. Neste estudo, realizamos uma análise de coorte retrospectiva em registros médicos eletrônicos (EMR) representativos nacionalmente para avaliar se a deficiência de vitamina D afeta o risco de COVID-19 entre esses pacientes.

Pacientes com câncer de mama (apenas sexo feminino) ou de próstata foram identificados entre 01/03/2018 e 01/03/2020 a partir de dados EMR fornecidos gratuitamente pelo Banco de Dados de Pesquisa COVID-19 (covid19researchdatabase.org). Pacientes com um código CID-10 para deficiência de vitamina D ou resultado laboratorial <20 ng/mL nos 12 meses anteriores a 01/03/2020 foram classificados como deficientes em vitamina D. O diagnóstico de COVID-19 foi definido usando códigos ICD-10 e resultados laboratoriais para COVID-19 a qualquer momento após 01/03/2020.

Um total de 16.287 pacientes com câncer de mama e 14.919 pacientes com câncer de próstata foram incluídos no estudo. A idade média foi de 68,9 anos na coorte de câncer de mama e 73,6 anos na coorte de câncer de próstata. A coorte de câncer de mama consistia em 85% de brancos, 13% de negros ou afro-americanos e menos de 5% de outras raças. Uma distribuição racial semelhante foi observada na coorte de câncer de próstata. A análise não ajustada mostrou que o risco de COVID-19 era maior entre pacientes com deficiência de vitamina D em comparação com pacientes não deficientes em ambas as coortes.

O estudo sugere que pacientes com câncer de mama e de próstata podem ter um risco elevado de infecção por COVID-19 se a vitamina D for deficiente. Ressaltamos a importância de monitorar os níveis de vitamina D entre e dentro das populações de câncer, particularmente no meio da pandemia global de COVID-19.

 

Assessment of vitamin D deficiency and COVID-19 diagnosis in patients with breast or prostate cancer using electronic medical records. ABSTRACT 6589.
Avaliação da deficiência de vitamina D e diagnóstico de COVID-19 em pacientes com câncer de mama ou próstata usando prontuário eletrônico.

 

Comentários Dra. Andrea Pereira:

Ao longo da pandemia, a deficiência de vitamina D foi associada com mais riscos de complicações na COVID-19. Esse estudo demonstrou que essa deficiência pode deixar os pacientes mais suscetíveis a infecção por essa doença, portanto mais uma vez ressalto a importância de avaliar vitamina D no início do diagnóstico oncológico e suplementar caso seja necessário.

 


 

Composição do microbioma fecal na caquexia do câncer de pâncreas e resposta ao suporte nutricional

Resumo do artigo:

O adenocarcinoma ductal pancreático (PDAC) tem um mau prognóstico com uma taxa de sobrevivência de 5 anos de 10%. Estudos anteriores em microbioma de fezes indicam que a composição do microbioma foi associada à resposta à terapia e à patogênese em vários tipos de câncer, e os pacientes com PDAC e com maior diversidade bacteriana demonstraram maior sobrevida a longo prazo. Esse estudo avaliou a associação entre caquexia e microbioma nos pacientes com PDAC.

Amostras de fezes foram coletadas do ensaio PNCX1 (NCT02400398), onde todos os pacientes receberam uma dieta enteral semi-elementar. Amostras de fezes (n = 29) foram coletadas em pontos de tempo alinhados com alimentação enteral e ciclos de quimioterapia separados por 6 semanas (C1D1, C2D1 e C3D1) e analisadas usando sequenciamento 16S v4 do microbioma. Mudanças no microbioma de C1D1 para C3D1, estabilidade de peso e sobrevivência geral (OS) foram medidos juntamente com a caracterização do microbioma.

As amostras de C3D1 foram significativamente associadas a um aumento da população de Veillonella e Actinomyces e à diminuição de Bacteroides e Butyricicoccus em comparação com C1D1. A composição basal do microbioma das fezes também foi avaliada para prever a estabilidade do peso ao longo do tratamento. Em amostras de fezes de pacientes (n = 8) em C1D1, maior abundância de Veillonella e redução de Bifidobacterium foram associadas a maior estabilidade de peso. A diversidade alfa do microbioma também foi caracterizada usando os índices de Shannon e Chao1, onde o peso estável foi relacionado à riqueza de espécies reduzida. Parasutterella, Tyzzerella, Phascolarctobacterium e Lachnoclostridium foram identificados como mais prevalentes em sobrevida global > 180 dias, apesar de sua abundância relativamente baixa.

Estudo pioneiro a avaliar as mudanças nas bactérias fecais ao longo do curso de tratamento em pontos PDAC. Enquanto Veillonella foi associado à estabilidade de peso em uma coorte de pacientes com PDAC avançado, vários gêneros foram encontrados em abundância em pacientes com sobrevida prolongada, embora isso precise de validação adicional. O impacto potencial do microbioma intestinal e da alimentação enteral na estabilidade do peso é provocativo, uma vez que a caquexia é uma marca registrada do PDAC e pode ser uma estratégia eficaz para mitigar esse processo seria transformadora.

 

Fecal microbiome composition in pancreatic cancer cachexia and response to nutrition support. ABSTRACT 4129.
Composição do microbioma fecal na caquexia do câncer de pâncreas e resposta ao suporte nutricional.

 

Comentários Dra. Andrea Pereira:

O número de estudos avaliando papel do microbioma influindo na resposta ao tratamento do câncer aumentado, embora ainda sejam poucos, porém esse parece ser o primeiro estudo a correlacionar a microbiota com perda de peso/caquexia. Acredito que mais estudos sejam necessários para pensarmos nisso como uma estratégia em pacientes caquéticos, mas abre uma perspectiva interessante.

 


 

Assinatura do microbioma, metilação global e perfil imunológico no câncer colorretal de início precoce

Resumo do artigo:

A incidência de câncer colorretal (CRC) em adultos jovens (<50 anos) tem aumentado. Aproximadamente 20% dos casos de CRC de início precoce (EO) são devido a mutações no gene da linha germinativa. As pesquisas sugerem que fatores ambientais como a dieta ocidental (rica em gordura e pobre em fibras) podem estar associados a esse aumento. O objetivo do estudo foi avaliar a associação do microbiota intratumoral com o padrão de metilação e composição de células imunes em EO CRC.

Um total de 358 casos de CRC, incluindo 54 casos de EO CRC (idade <50 anos) e 304 casos de início tardio (LO, idade ≥ 50 anos), com matriz de metilação correspondente (Infinium HM450), sequenciamento de RNA (Illumina HiSeq), e informações clínico-patológicas de cada paciente foram extraídos do Cancer Genome Atlas (TCGA). Foram caracterizadas a composição da microbiota intratumoral, linfócitos infiltrantes de tumor (TILs) e perfil de metilação em EO e LO CRC.

O estudo mostrou que há uma distribuição microbiana distinta, expressão gênica e padrão de metilação no EO CRC quando em comparação com LO CRC. Foram encontradas sequências não humanas de vários reinos, incluindo bactérias, fungos e vírus e as incidências foram consistentes com os valores relatados por outros métodos, e incidência de Fusobacterium. Os casos de CRC EO mostraram hipometilação global, embora o padrão de hipermetilação seja esperado no grupo de jovens com idade cronológica (conhecido como relógio de Horvath). A análise da super-representação da via de genes diferencialmente expressos mostrou ativação significativa das vias de p53 e pentose fosfato e síntese de novo de nucleotídeos em EO CRC. A integração entre os conjuntos de dados mostrou correlações positivas entre micróbios e a via do inflamassoma, correlação positiva com células T reguladoras (Tregs) e correlações negativas com células T de memória CD4.