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SBOC REVIEW

Darolutamida em câncer de próstata não metastático resistente a castração

Resumo do artigo:
O artigo descreve a terapia com antirreceptor de androgênio de nova geração e seus resultados promissores no manejo da evolução natural do câncer de próstata. Junto a apalutamida e enzalutamida, a darolutamida ganha espaço a partir dos resultados do estudo ARAMIS. Nesse estudo de fase 3 foram recrutados pacientes para receber deprivação androgênica (com agonista ou antagonista de LHRH) associado a placebo versus deprivação androgênica associado a darolutamida. Como critério de inclusão os pacientes com histologia adenocarcinoma deveriam apresentar PSA mínimo de 2 ng/ml, ECOG-PS 0-1 e tempo de duplicação do PSA menor que 10 meses. Além disso os pacientes deveriam apresentar na avaliação inicial a ausência de doença metastática e era permitido que apresentasse linfonodos pélvicos abaixo da bifurcação aórtica com até 2 centímetros de diâmetro no menor eixo. Como desfecho primário teve a sobrevida livre de metástase e como desfechos secundários apresentou a sobrevida global, tempo para progressão de dor, tempo para eventos esqueléticos (necessidade de radioterapia externa para dor óssea, fratura patológica sintomática, compressão medular e intervenção ortopédica) e tempo para primeira terapia citotóxica. Outros desfechos exploratórios avaliados foram sobrevida livre de progressão, tempo para primeira intervenção prostática, tempo para início de outro agente antineoplásico, resposta e progressão de PSA, qualidade de vida e perda de performance. 

Como principal desfecho então citamos a sobrevida livre de metástase que foi de 40.4 meses no grupo da darolutamida versus 18.4 meses no grupo placebo (HR 0.41; IC 95% , 0.34- 0.50; p < 0.001). Dentre os desfechos secundários, todos mostraram-se favoráveis ao grupo da darolutamida e chamam a atenção o tempo para progressão de PSA de 33.2 meses versus 7.3 meses nos grupos da darolutamida e placebo respectivamente (0.13; IC 95% , 0.11 a 0.16; P<0.001); o tempo para primeira terapia citotóxica com a mediana não atingida no grupo da darolutamida versus 38.2 meses no grupo placebo ( HR 0.43, IC 95%, 0.31–0.60); p<0.001) e tempo para progressão da dor com mediana de 40.3 meses no grupo da darolutamida versus 25.4 meses no grupo placebo (HR 0.65; IC 95%, 0.53–0.79, p <0.001). Quando avaliada a sobrevida global ambos os grupos não atingiram a mediana porém já é possível inferir ganho com a darolutamida, o qual poderá ser demonstrado após seguimento mais longo desses pacientes. Importante ressaltar que a avaliação da qualidade de vida e do número de eventos adversos foram bastante semelhantes nos dois grupos. Além disso eventos relacionados a toxicidade de sistema nervoso central foram menores dada sua baixa penetração na barreira hematoencefálica.

 

Darolutamide in Nonmetastatic, Castration-Resistant Prostate Cancer. Fizaki K., Shore N., Tammela T.L., et al. I N Engl J Med 2019;380:1235-46. 
Darolutamida em câncer de próstata não metastático resistente a castração.

 

Comentário do avaliador científico:
- Os esforços para retardar o surgimento de metástases parece conferir o aumento da sobrevida global e melhor qualidade de vida aos pacientes. O seguimento e atualização do estudo nos trará os benefícios em termos de sobrevida global apesar de já ser possível verificar ganho. 
- A darolutamida demonstrou benefício grande para todos os casos avaliados, com exceção dos pacientes afrodescentes que foram pouco representados segundo o próprio autor (52 indivíduos no total).
- Verifica-se que nesse estudo não houve a avaliação com novas ferramentas diagnósticas de maior acurácia para detectar metástases, como por exemplo o PET-TC com Gálio-68 PSMA. Tal exame poderia mudar o raciocínio a partir do momento que excluiria pacientes elegíveis por detectar metástases ocultas, o que direcionaria para outras terapias.

 

Avaliador científico:
Dr Marcos Benini Magario
Oncologista clínico do Instituto de Tratamento do Câncer - MS. Doutorando do programa de pós-graduação da USP-HCRP.

Editor:
Dr. Daniel da Motta Girardi
Oncologista clínico do Hospital Sírio Libanês Brasília. Advanced fellow no programa de tumores geniturinários do National Cancer Institute, Bethesda, EUA.