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SBOC REVIEW

Darolutamida mais Terapia de Supressão Androgênica e Docetaxel em câncer de próstata metastático hormônio-sensível por volume de doença e subgrupos de risco no Estudo fase III ARASENS.

Citação: Hussain M, Tombal B, Saad F, et al. Darolutamide Plus Androgen-Deprivation Therapy and Docetaxel in Metastatic Hormone-Sensitive Prostate Cancer by Disease Volume and Risk Subgroups in the Phase III ARASENS Trial. J Clin Oncol. 2023 Feb 16: JCO2300041. doi: 10.1200/JCO.23.00041.

Resumo do artigo:

Para pacientes com câncer de próstata metastático hormônio-sensível, a carga de doença metastática é prognóstica. O estudo ARASENS randomizou pacientes com câncer de próstata metastático hormônio-sensível para darolutamida ou placebo mais terapia de supressão androgênica e docetaxel.

Em publicação anterior, foi demonstrado que o grupo darolutamida reduziu o risco de morte em 32,5% (HR 0,68; IC 95% 0,57 a 0,80; p <0,0001) em comparação com o grupo placebo. A presente publicação examinou a eficácia e a segurança do estudo ARASENS nas categorizações por subgrupo de volume de doença e risco. Os subgrupos com base em categorizações de volume e risco não foram pré-especificadas no estudo. Foi conduzido análise pos-hoc para determinar se subgrupos específicos de pacientes por volume de doença ou risco obteria maior benefício da terapia combinada. O desfecho primário analisado foi sobrevida global (SG).

Doença de alto volume foi definida como metástases viscerais e/ou ≥ 4 metástases ósseas com ≥ 1 além da coluna vertebral/pelve. Doença de alto risco foi definida como ≥ 2 fatores de risco: escore de Gleason ≥ 8, ≥ 3 lesões ósseas, e presença de metástases viscerais mensuráveis.

Dos 1.305 pacientes, 1.005 (77%) apresentavam doença de alto volume e 912 (70%) apresentavam doença de alto risco. Darolutamida aumentou sobrevida global (SG) versus placebo em pacientes com alto volume (HR 0,69; IC 95% 0,57 a 0,82), alto risco (HR 0,71; IC 95% 0,58 a 0,86) e doença de baixo risco (HR 0,62; IC 95% 0,42 a 0,90). No subgrupo menor de baixo volume, os resultados também foram sugestivos de benefício na sobrevida (HR 0,68; IC 95% 0,41 a 1,13).

A darolutamida melhorou os desfechos secundários clinicamente relevantes de tempo para a doença castração-resistente comparado com placebo em pacientes com alto volume (HR 0,41; IC 95% 0,34 a 0,49) e baixo volume (HR 0,21; IC 95% 0,14 a 0,33), bem como naqueles de alto risco (HR 0,38; IC 95% 0,32 a 0,46) e baixo risco (HR 0,32; IC 95%, 0,23 a 0,45). Também houve melhora no tempo para terapia antineoplásica subsequente em todos os subgrupos de volume e risco da doença.

Os eventos adversos (EA) foram semelhantes entre os grupos de tratamento. EAs grau 3 ou 4 ocorreram em 64,9% dos pacientes com darolutamida versus 64,2% dos pacientes com placebo no subgrupo de alto volume e 70,1% versus 61,1% no subgrupo de baixo volume. Entre os EAs mais comuns, muitos eram toxicidades conhecidas relacionadas ao docetaxel. Descontinuações de darolutamida e placebo devido a EAs ocorreram respectivamente em 13,3% e 10,7% dos pacientes de alto volume; 14,3% e 10,4% de baixo volume; 12,8% e 9,8% de alto risco; e 15,1% e 12,4% de pacientes de baixo risco.

Os autores concluem que em pacientes com câncer de próstata metastático hormônio-sensível de alto volume e alto/baixo risco, a intensificação do tratamento com darolutamida, terapia de supressão androgênica e docetaxel levou a um aumento da sobrevida global, dado consistente com o encontrado na população geral. Os resultados no subgrupo de baixo volume foram sugestivos de benefício de sobrevida. O perfil de segurança favorável da darolutamida foi confirmado e se mostrou semelhante nos subgrupos, consistente com a população geral.

Comentário do avaliador científico:

Essa análise de subgrupos por categorias de volume e risco de doença, apesar de não pré-especificada no desenho do estudo, era bastante aguardada como forma de selecionar os pacientes que poderiam ter real benefício com a intensificação do tratamento.

O estudo concluiu que há benefício em sobrevida global com a adição de darolutamida nos subgrupos de alto volume e alto/baixo risco e uma sugestão de benefício no grupo de baixo volume. É importante, porém, ponderar alguns fatos. Os subgrupos de alto volume e alto risco tinham duas a três vezes mais pacientes do que os respectivos subgrupos de baixo volume e baixo risco e, portanto, para algumas análises, o número de eventos foi pequeno. Além disso, a maioria dos pacientes do ARASENS tinham doença metastática de novo, portanto, as análises das categorias por volume e risco nos pacientes com doença recorrente têm poder insuficiente para conclusões definitivas.

Em relação ao subgrupo de baixo volume, considerando o pequeno tamanho da amostra (apenas 23% da população) e o intervalo de confiança que ultrapassa a unidade, nesse subgrupo um estudo adicional avaliando o efeito de uma combinação tripla pode fornecer mais informações para a seleção do tratamento ideal.

Avaliador científico:

Dra. Ana Carolina Matos de Queiroz

Residência Médica em Oncologia Clínica pela Fundação Antônio Prudente do A.C. Camargo Cancer Center

Oncologista Clínica do Oncocentro da Rede D´Or e da clínica NOHC em Fortaleza/CE