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SBOC REVIEW

Declínio no risco de recorrência do câncer colorretal localizado: um estudo de corte

Resumo do artigo:

Nesse estudo de coorte nacional dinamarquês relatado no JAMA Oncology verificou-se que o risco de recorrência em 5 anos após a cirurgia para câncer colorretal em estágios I a III diminuiu ao longo do tempo, bem como o tempo até a recorrência se tornou mais curto em estágios mais avançados da doença.

O estudo utilizou o Banco de Dados do Grupo Dinamarquês de Câncer Colorretal para identificar pacientes com câncer colorretal em estágios I a III submetidos a cirurgia primária entre janeiro de 2004 e dezembro de 2019. A recorrência em 5 anos específica para cada estágio, relatada como a função de incidência cumulativa de recorrência, foi avaliada para os períodos de cirurgia de 2004-2008 (1), 2009-2013 (2) e 2014-2019 (3).

Entre 34.166 pacientes com câncer colorretal em estágios I a III, 7.027 (20,6%) desenvolveram recorrência dentro de 5 anos após a cirurgia primária. Entre todos os pacientes, a função de incidência cumulativa de recorrência em 5 anos para o câncer colorretal diminuiu ao longo dos três períodos de tempo, de 26,9% entre 2004 a 2008 para 22,2% entre 2009 a 2013 (HR 0,82; IC 95%, 0,78–0,87) e para 15,8% de 2014 a 2019 (HR 0,59; IC 95%, 0,56–0,62). De 2004 a 2019 houve um aumento na proporção de doença estágio I e uma menor proporção de estágio II, essa mudança foi mais proeminente de 2014 a 2019, compatível com a implementação de um programa nacional de rastreio de câncer colorretal em 2014.

Para o câncer de cólon, a função de incidência cumulativa de recorrência em 5 anos diminuiu ao longo dos três períodos de tempo de 16,3% para 6,8% para doença em estágio I, de 21,9% para 11,6% para doença em estágio II e de 35,3% para 24,6% para doença em estágio III. Para o câncer retal, a função de incidência cumulativa de recorrência em 5 anos diminuiu ao longo dos três períodos de tempo de 19,9% para 9,5% para doença em estágio I, de 25,8% para 18,4% para doença em estágio II e de 38,7% para 28,8% para doença em estágio III.

O tempo médio desde a cirurgia até a recorrência foi de 22,6 meses em pacientes com doença em estágio I, 18,2 meses naqueles com doença em estágio II (0,58; IC 95%, 0,54–0,62; estágio I vs II) e 15,9 meses naqueles com doença em estágio III (0,30; IC 95%, 0,28–0,32; estágio I vs III). As diferenças foram consistentes em todos os períodos de tempo.

O câncer colorretal detectado por rastreamento se apresentou em estágios mais precoces e foi associado a menores riscos de recorrência ajustados por estágio (HR 0,81; IC 95%, 0,73–0,91) em comparação com o câncer colorretal não detectado por rastreamento.

Os pesquisadores concluíram que na coorte de pacientes com câncer colorretal, o risco de recorrência diminuiu de 2004 a 2019 em pacientes com doenças em estágios I a III durante o período do estudo. A detecção do câncer por meio de rastreamento foi associada a um risco ainda menor de recorrência. O tempo até a recorrência diferiu de acordo com o estágio da doença. O risco de recorrência se tornou tão baixo em grupos selecionados de pacientes que pesquisas futuras são necessárias para explorar protocolos de vigilância personalizados e estratificados por risco em pacientes com câncer colorretal.

 

Comentário do avaliador científico:

O estudo apresentado por Nors et al. oferece insights valiosos sobre a evolução do risco de recorrência em pacientes com câncer colorretal submetidos à cirurgia primária. Os resultados indicam uma tendência encorajadora de redução no risco de recorrência ao longo do tempo, independentemente do estágio da doença, sugerindo melhorias na gestão clínica e terapêutica ao longo das últimas décadas.

A análise detalhada por período de tempo e estágio da doença proporciona uma compreensão mais refinada das mudanças nas taxas de recorrência ao longo dos anos. Além disso, a associação entre a detecção do câncer por meio de rastreamento e um menor risco de recorrência destaca a importância dos programas de rastreamento no manejo eficaz da doença.

No entanto, seria interessante explorar ainda mais os fatores subjacentes a essas tendências, como avanços na terapia adjuvante, mudanças nos padrões de tratamento e a implementação de estratégias de vigilância mais eficientes. Este estudo fornece uma base sólida para futuras investigações que possam guiar o desenvolvimento de protocolos de vigilância personalizados e estratégias de intervenção mais eficazes para pacientes com câncer colorretal.

 

Citação: Nors J, Iversen LH, Erichsen R, Gotschalck KA, Andersen CL. Incidence of Recurrence and Time to Recurrence in Stage I to III Colorectal Cancer: A Nationwide Danish Cohort Study. JAMA Oncol. 2024;10(1):54–62. doi:10.1001/jamaoncol.2023.50985

 

Avaliador científico: Felipe Peres

Médico pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)

Oncologista Clínico pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP)

Oncologista Clínico titular do grupo Oncoclínicas – Espírito Santo

Oncologista Clínico titular do Hospital Evangélico de Vila Velha – Espírito Santo.