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SBOC REVIEW

Denosumab em pacientes com tumor de células gigantes ósseo: estudo de fase 2, multicêntrico e aberto

Resumo do artigo:
Atualização dos dados de longo prazo deste estudo de fase 2 realizado com participação de 532 pacientes ≥ 12 anos com tumor de células gigantes ósseo (TCGO), incluídos em 30 centros em 12 países entre 2008 e 2016. Os pacientes foram divididos em 3 coortes: coorte 1 incluiu 267 pacientes não candidatos a tratamento cirúrgico por ausência de benefício; coorte 2 incluiu 253 pacientes nos quais cirurgia seria factível, porém de grande morbidade e coorte 3, com apenas 12 pacientes que haviam sido incluídos em um estudo prévio com denosumab. 

Os pacientes das coortes 1 e 2 receberam denosumab 120mg SC no D8 e D15 (loading dose) e, após a cada 4 semanas. Já os pacientes da coorte 3 receberam apenas denosumab a cada 4 semanas (sem loading dose) até progressão de doença ou recomendação do investigador. O endpoint primário do estudo era segurança e os endpoints secundários eram tempo para progressão de doença (TTP) nos pacientes da coorte 1 e proporção de pacientes livres de resgate cirúrgico na coorte 2.

Após uma mediana de seguimento de 58.1 meses, 28 (5%) pacientes apresentaram osteonecrose de mandíbula, sendo em 3% evento adverso graus ≥ 3. Apenas 1% dos pacientes apresentaram fratura atípica de fêmur e 4 pacientes (1%) apresentaram transformação sarcomatosa. O benefício clínico foi observado em 507 (99%), incluindo resposta completa em 37% dos casos. Na coorte 1, a mediana de TTP não foi atingida e 132 (50%) dos pacientes neste grupo interromperam o uso de denosumab. Desses pacientes, 26% apresentaram progressão de doença após a descontinuação, com mTTP de 39 meses. Já na coorte 2, entre os pacientes que receberam pelo menos uma dose de denosumab, em 6 meses 227 [92% (95% CI 87–95)] não apresentaram progressão de doença.

 

Denosumab in patients with giant-cell tumour of bone: a multicentre, open-label, phase 2 study. Lancet Oncology Published online November 5, 2019   https://doi.org/10.1016/S1470-2045(19)30663-1.
Denosumab em pacientes com tumor de células gigantes ósseo: estudo de fase 2, multicêntrico e aberto.

 

Comentários do editor:
O tumor de células gigantes é um tumor raro do estroma ósseo. Apesar de considerado benigno, apresenta comportamento localmente agressivo e ocasionalmente pode apresentar metástases. O tratamento padrão curativo é cirúrgico, entretanto, muitas vezes cirurgia não é indicada devido à morbidade do procedimento.

Este é o maior estudo com o uso de denosumab para pacientes com tumores irressecáveis ou com alto risco de morbidade cirúrgica. Os dados de segurança de longo prazo são consistentes com estudos prévios com a medicação. Atenção ao risco de osteonecrose de mandíbula, em especial entre os pacientes com doenças dentárias.

Interessante o fato de que aproximadamente 25% dos pacientes que descontinuaram denosumab (coorte 1) apresentaram eventual recorrência. Estudos com esquemas alternativos de manutenção de denosumab estão sendo planejados.

 

Editora:
Dra. Adriana Hepner
Membro da SBOC; Oncologista Clínica pelo Hospital Sírio Libanês; Médica do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP). Atualmente, participa como fellow clínica do Programa de Oncologia Cutânea do Melanoma Institute Australia, em Sydney.