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SBOC REVIEW

DNA circulante tumoral em pacientes com melanoma avançado tratados com dabrafenibe ou dabrafenibe e trametinibe: um estudo de validação clínica

Resumo do artigo:

Embora o uso de exames de imagem sejam uteis para monitorar a eficácia de um tratamento oncológico, outros métodos não invasivos com maior acurácia são necessários, visando melhorar o desfecho dos pacientes. Atualmente, não existem biomarcadores séricos fidedignos para monitorar a eficácia de um tratamento no melanoma metastática. A presença de DNA tumoral circulante (ctDNA) tem se mostrado promissor como biomarcador em muitos tipos de câncer, como pulmão e mama. Este estudo objetivou avaliar a associação entre número de cópias do ctDNA no momento zero (início do tratamento) e na semana 4 após o início do tratamento, e suas relações com desfechos importantes como sobrevida livre de progressão, sobrevida global e taxa de resposta, em pacientes com melanoma metastático portadores de mutação BRAF V600 e tratados com dabrafenibe e trametinibe. Para tanto, foram utilizados dados de dois estudos em pacientes com melanoma avançado: estudo de fase III COMBI-d (que comparou o uso de dabrafenibe + trametinibe versus dabrafenibe na 1ª linha) e dados da coorte A do estudo de fase II COMBI-MB (que avaliou o uso de dabrafenibe + trametinibe na 1ª linha de pacientes com metástases de SNC assintomáticas). A análise deste biomarcador foi um desfecho exploratório pré-especificado em ambos os estudos.

No estudo COMBI-d foram disponibilizadas amostras de plasma de 345 pacientes (82%) no pré-tratamento e de 224 pacientes (53%) na semana 4 de tratamento. Já na coorte A do estudo COMBI-MB, amostras pré-tratamento e na semana 4 de tratamento eram disponíveis em 38 (50%) dos pacientes. No total, o DNA tumoral circulante era detectável no pré-tratamento em 320 pacientes (93%) no estudo COMBI-d e em 34 pacientes (89%) na coorte A do estudo COMBI-MB.

Quando avaliado como variável contínua, no estudo COMBI-d observou-se que o valor elevado do ctDNA no início do tratamento foi associado à pior SG, independente do grupo de tratamento ou valor de desidrogenase lática (DHL) (HR 1,13, p<0,0001). A partir de um ponto de corte de 64 cópias por mililitros de plasma do ctDNA, foi observado uma estratificação de pacientes entre baixo risco e alto risco em relação a SG (HR 2,23, p<0,0001). Este ponto de corte foi validado na coorte A do estudo COMBI-MB (HR 2,94, p=0,016).

No estudo COMBI-d, a não detecção de ctDNA na semana 4 foi significativamente associada à maior SLP (HR=1,99, p=0,027) e SG (HR=2,38, p=0,0089) entre pacientes que apresentavam DHL acima do valor de normalidade, porém não foi confirmada esta associação entre pacientes com DHL normal.

 

Syeda MM, Wiggins JM, Corless BC, Long GV, Flaherty KT, Schadendorf D, Nathan PD, Robert C, Ribas A, Davies MA, Grob JJ, Gasal E, Squires M, Marker M, Garrett J, Brase JC, Polsky D. Circulating tumour DNA in patients with advanced melanoma treated with dabrafenib or dabrafenib plus trametinib: a clinical validation study. Lancet Oncol. 2021 Mar;22(3):370-380. doi: 10.1016/S1470-2045(20)30726-9. Epub 2021 Feb 12. PMID: 33587894.
DNA circulante tumoral em pacientes com melanoma avançado tratados com dabrafenibe ou dabrafenibe e trametinibe: um estudo de validação clínica.

 

Comentário do avaliador científico:

Não existem biomarcadores confiáveis par monitoramento de resposta em pacientes com melanoma metastático.

O valor de DHL é considerado um importante fator prognóstico, porém não existem dados suficientes em relação a sensibilidade e especificidade de seu uso para monitoramento de tratamento e mudança de conduta terapêutica.

Este estudo de validação clínica mostra que os valores de DNA tumoral circulante coletados antes (momento zero) e após o início do tratamento podem ser considerados como biomarcadores de desfecho clínico em pacientes com melanoma metastático submetidos a tratamento com terapia alvo.

Novos estudos em maior escala são necessários para comprovação da utilidade clínica da mensuração e acompanhamento dos níveis de DNA tumoral circulante nesta população de pacientes.

 

Avaliador científico:

Dr. Rodrigo Antonio Vieira Guedes
Residência em Oncologia Clínica pelo Hospital Sírio-Libanês, São Paulo/SP
Médico oncologista da Oncologia D´Or, em Salvador/Bahia
Membro da diretoria do Grupo Brasileiro de Melanoma e da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica – Regional Bahia